tag:blogger.com,1999:blog-83709997328284726722024-02-20T10:09:03.786-08:00PENSAMENTO E DIALÉTICAPENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.comBlogger161125tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-29743220195160759482013-01-07T05:53:00.005-08:002013-01-07T05:53:53.629-08:00EMIR SADER: 10 ANOS DE GOVERNOS PÓS-NEOLIBERAIS NO BRASIL<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em primeiro de janeiro de 2013, se cumprem 10 anos desde a posse do governo Lula, que teve continuidade na sua reeleição em 2006 e na eleição da Dilma em 2010. Dessa maneira se completa uma década de governos que buscam superar os modelos centrados no mercado, no Estado mínimo nas relações externas prioritariamente voltadas para os Estados Unidos e os países do centro do sistema.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por Emir Sader*</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">São governos que, para superar a pesada herança econômica, social e política recebida, priorizam, ao contrário, um modelo de desenvolvimento intrinsecamente articulado com políticas sociais redistributivas, colocando a ênfase nos direitos sociais e não nos mecanismos de mercado. Buscam o resgate do Estado como indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais de todos. Colocam em prática políticas externas que dirigem seu centro para os processos de integração regional e os intercâmbios Sul-Sul e não para Tratados de Livres Comércio com os EUA.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os resultados são evidentes. O Brasil, marcado por ser o país mais desigual do continente mais desigual do mundo, vive, pela primeira vez com a intensidade e extensão atuais, profundos processos de combate à pobreza, à miséria e à desigualdade, que já lograram transformar de maneira significativa a estrutura social do país, promovendo formas maciças de ascensão econômica e social, com acesso a direitos fundamentais, de dezenas de milhões de brasileiros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dotando o Estado brasileiro de capacidade de ação, estamos podendo reagir aos efeitos recessivos da mais forte crise econômica internacional das ultimas oito décadas, mantendo – mesmo se diminuído – o crescimento da economia e estendendo, mesmo em situações econômicas adversas, as políticas sociais redistributivas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por outro lado, políticas externas soberanas projetaram o Brasil como uma das lideranças emergentes em um mundo em crise de hegemonia, com iniciativas coletivas e solidárias, com propostas que apontam para um mundo multipolar, centrado em resoluções políticas pacíficas dos focos de conflitos e em formas de cooperação solidária para o desenvolvimento das regiões mais atrasadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No entanto, esses governos recebem uma pesada herança de um passado recente de enormes retrocessos de todo tipo. O Brasil – assim como a América Latina – passou pela crise da dívida, que encerrou o mais longo ciclo de crescimento econômico da nossa história, iniciado nos anos 1930 com a reação à crise de 1929. Sofreu os efeitos da ditadura militar, de mais de duas décadas, que quebrou a capacidade de resistência do movimento popular, preparando as condições para o outro fenômeno regressivo. Os governos neoliberais, de mais de uma década – de Collor a FHC – completaram esse processo regressivo do ponto de vista econômico, social e ideológico.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim, Lula não retoma o processo de desenvolvimento econômico e social onde ele havia sido estancado, mas recebe uma herança que inclui não apenas uma profunda e prolongada recessão, mas um Estado desarticulado, uma economia penetrada pelo capital estrangeiro, um mercado interno escancarado para o mercado internacional, uma sociedade fragmentada, com a maior parte dos trabalhadores sem contrato de trabalho. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O segredo do sucesso do governo Lula, seguido pelo de Dilma, está na ruptura em três aspectos essenciais do modelo neoliberal:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- a prioridade das políticas sociais e não do ajuste fiscal, mantido em funções dessas políticas</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- a prioridade dos processos de integração regional e das alianças Sul-Sul e não de Tratado de Livre Comércio com os EUA</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- a retomada do papel do Estado como indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais, deslocando a centralidade do mercado pregada e praticada pelo neoliberalismo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Essas características constituem o eixo do modelo posneoliberal – comum a todos os governos progressistas latino-americanos -, que faz do continente um caso particular de única região do mundo que apresenta um conjunto de governos que pretendem superar o neoliberalismo e que desenvolvem projetos de integração regional autônomos em relação aos EUA.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Foi uma década essencial no Brasil, não apenas pelas transformações essenciais que o país sofreu, mas também porque ela reverteu tendências históricas, especialmente à desigualdade, que tinham feito do Brasil o país mais desigual do continente mais desigual do mundo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A década merece uma reflexão profunda e sistemática, que parta da herança recebida, analise os avanços realizados e projete as perspectivas, os problemas e o futuro do Brasil nesta década. Um livro com textos de 21 dos melhores pensadores da esquerda, que está sendo organizado por mim, deve ser lançado num seminário geral por volta de abril e, a partir desse momento, fazer várias dezenas de lançamentos e debates por todo o ano. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O projeto pretende promover discussões estratégicas sobre o Brasil, elevando a reflexão sobre os problemas que enfrentamos e projetando o futuro da construção de uma alternativa ao neoliberalismo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">* Emir Sader é sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP)</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-16858191191181468062012-08-14T12:26:00.000-07:002012-08-14T12:26:11.028-07:00FALANDO SOBRE MUROS<div style="text-align: justify;">
Quando se escreve sobre economia política, a melhor maneira de organizar o tema é a contextualização histórica, como forma de prescrever a origem de qualquer fenômeno. Já que há pessoas que se preocupam com muros, vou acrescentar alguns dados importantes para enriquecer o assunto. Vamos começar pelo Muro de Berlin, que talvez seja o mais conhecido por causa de um mundo polarizado entre duas potências imperialistas inimigas durante o breve século 20. O muro citado tinha 155 km de extensão e em alguns pontos até 4,20 metros de altura, com torres de vigilância, bunkers e canais. Foram 5.075 pessoas que fugiram entre a construção e a queda do Muro de Berlin através de túneis e balões. Desse total, 223 pessoas morreram ao tentar atravessá-lo entre 1961 e 1989. Resulta conveniente relembrar a existência de outros muros pós-comunistas, com características similares. O muro que divide a Cisjordânia de Israel e aquele que impede a passagem de imigrantes mexicanos para os Estados Unidos são os mais emblemáticos. O primeiro, no oriente médio, tem 721 km, dos quais 20% está situado na antiga linha Verde, definida em 1948, e os 80% restantes encontra-se em terras palestinas, isolando cerca de 450.000 pessoas. O segundo, considerado uma muralha, tem 3m de altura e 1.000 km em terras que no século 19 pertenciam ao México, além dos 2.000 km que abrange os estados de Texas, Califórnia, Arizona e Novo México. Tudo isso pontilhado por postos policiais equipados com TV e sensores remotos, além de holofotes de radiação infravermelha que projetam intensas faixas de luz para espionar, no meio da escuridão, pessoas no território mexicano que transitam próximo à fronteira. Mais de 5,6 mil pessoas morreram tentando atravessar para o lado norte-americano. Circulação de mercadorias tem trânsito livre, seres humanos não. Pode-se observar que muros desse tipo não é apenas criação dos devoradores de criancinhas. Também devemos creditar o mérito ao capitalismo, deixando de lado outros tantos, para não criar mal-estar, que são os muros das Alphavilles da vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Por outro lado, como sou considerado o “Novo Homem de Marx” residente em Jaraguá do Sul, devo esclarecer aos meus leitores que o relato “curioso” sobre as empresas das duas Alemanhas na minha coluna da terça passada, tem como referência o semanário Francês conservador Le Monde Diplomatique, intitulado “Un formidable transfert de proprieté” (Rowell, Jay; abril de 1997). Se alguém estiver interessado em maiores informações sobre o caso, posso ampliar o tema futuramente. </div>
<div style="text-align: justify;">
Para finalizar, gostaria de dizer que Marx nunca teve nada a ver com muros. Ele era apenas um pensador que descobriu o fenômeno da composição orgânica do capital, nunca analisado pelas teorias clássicas de valor e lucro. Seguramente nem sequer sabia com se assenta um bloco para construir um muro. Posso afirmar que nisso há uma diferença notável entre Marx e eu, já que trabalhei como servente de pedreiro na construção da minha casa. Portanto, de muros eu entendo, principalmente na interação dialética entre o trabalho manual e intelectual. Outros, talvez por alguma deficiência, sejam incapazes de observar além dos “muros” da sua própria realidade, que lhes permita ultrapassar suas fronteiras maniqueístas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Victor Alberto Danich</div>
<div style="text-align: justify;">
Sociólogo</div>
<br />
PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-63358403072024995752012-08-14T12:24:00.000-07:002012-08-14T12:24:00.412-07:00A INTEGRAÇÃO GENEROSA DA ALEMANHA<div style="text-align: justify;">
Pressionada pela derrota eleitoral do seu partido, o CDU democrata-cristão em seis eleições estaduais, a primeira ministra Angela Merkel anda falando numa agenda de crescimento. Isso envolveria – contrariando os defensores da austeridade fiscal – investimentos públicos para sair da armadilha do desemprego e reativar os processos produtivos. Quem diria. Depois de perder no maior Estado, a Renânia do Norte-Vestifália, sua terra natal, a ministra vive assustada em ser ultrapassada por uma coligação do Partido Verde com os socialistas e outras forças de esquerda. Por causa da cuidadosa propaganda dos círculos conservadores alemães, de que a unificação com o país oriental prejudicou a Alemanha Federal – em razão do seu esforço para subsidiar a transformação da ex-economia comunista – é bem possível que muitos desconheçam os fatos que tiveram um resultado inesperado após a caída do Muro de Berlin. </div>
<div style="text-align: justify;">
A euforia despertada pela derrocada do comunismo e a sonhada unificação terminou por esconder uma crise muito mais profunda. Na verdade, foi Alemanha Oriental que “subsidiou” à Ocidental através de uma gigantesca transferência líquida de riqueza em benefício de empresas e grupos especulativos, por meio de um sistema de apropriação em larga escala. Um deles foi a “restituição” maciça de propriedades, em geral a cidadãos da parte ocidental. Dessa forma, perto da metade da população oriental perderam suas casas. Essas “restituições” e “privatizações” fizeram com que a maior parte do patrimônio imobiliário da ex-república passasse para mãos do ocidente, o que sustentou seu consumo e seus investimentos. Tudo isso foi acompanhado pelo desmantelamento do tecido produtivo da Alemanha Oriental. A Treuhand, organismo encarregado de administrar as empresas estatais dos territórios anexados, teve a sua disposição 30 mil empresas (quatro milhões e meio de assalariados), cuja liquidação, realizada de forma brutal em meio a negócios turvos, terminou beneficiando a grupos reduzidos do Oeste, deixando sem emprego mais de três milhões de pessoas. O que aparentou ser uma generosa e patriótica integração do Leste, na realidade foi uma imensa depredação em benefício das classes altas do Oeste. A estratégia montada sobre a base das privatizações e desmantelamentos industriais, além das transferências de propriedades, permitiu que empresas da Alemanha Federal se apoderassem dos mercados da Alemanha Oriental e de países abastecidos tradicionalmente por esta última. Por outro lado, a equiparação cambial entre as duas moedas, sob a aparência de generosidade, provocou um aumento brutal dos custos das empresas da parte oriental, empurrando-as para a falência. A derrocada industrial dos irmãos pobres e comunistas era combinada com medidas de sustentação do consumo da parte ocidental, subsidiado com impostos pagos por toda população alemã. O resultado foi uma concentração de renda maior em ambas as Alemanhas. A senhora Merkel conhece muito bem o desenlace, assim como também do seu futuro incerto. Portanto, o afrouxamento cauteloso nos dogmas financeiristas é resultado da pressão dos eleitores dos diversos países chamados a opinar, assim como dos cidadãos indignados que lotam as praças das capitais européias, atentos às armadilhas do capitalismo do desastre.</div>
<div style="text-align: justify;">
Victor Alberto Danich</div>
<div style="text-align: justify;">
Sociólogo</div>
<br />
PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-53499404288089728042012-08-14T12:20:00.000-07:002012-08-14T12:20:29.697-07:00ACONTECIMENTOS RECENTES<div style="text-align: justify;">
Os acontecimentos destas últimas semanas deixaram exasperados os corações daqueles que estão de plantonistas esperando notícias chocantes. E realmente aconteceu mesmo. O episódio que envolveu Lula, Maluf, Erundina e o candidato Fernando Haddad ganhou um amplo destaque na mídia, bem ao gosto do pasquim Veja, que não perdeu um segundo para exaltar com magnificência negativa tal aliança bizarra. A desistência de Luiza Erundina cumpriu um papel pedagógico nessa composição, e pode-se dizer que merece a admiração de todos os eleitores brasileiros por sua coerência ideológica. Desculpe-me Lula, mas apertar a mão de um inimigo histórico é demais para meu elaborado pragmatismo. Mesmo assim, como sociólogo, eu entendo o que deve significar ser finalmente reconhecido como figura emblemática. Pena que isso seja usado pelo eterno “estelionatário político” para se reinventar a custa do prestígio do ex-presidente. Será que valeu a pena perder a dignidade política por um minuto e meio a mais de propaganda eleitoral? Com isto, meus amigos da oposição ao governo vão ficar felizes comigo. Vamos curtir vários chopes abraçados. No entanto, já que a Veja evita destacar com manchetes os fatos correlatos, vou tentar ampliar o panorama dessa corrida pelo poder. Durante as negociações, as hostes malufistas resistiram ao assédio do PSDB, comandados por Serra-Alckmin, que oferecia cargos no governo paulista, e se inclinaram pela aliança com o PT, em troca de assento no governo federal. Por outro lado, devemos lembrar que o Partido Progressista faz parte da base aliada do governo, o que justificaria essa aliança em São Paulo. Pode?</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
A mídia pode. Pode surrupiar algumas coisas importantes com o que segue. A revista Veja, que foi a principal denunciante do ex-ministro dos Esportes Orlando Silva, com a matéria intitulada “Ministro recebia dinheiro na garagem”, da edição de 13 de outubro de 2011, assinada por Rodrigo Rangel, teve a assistência esmerada do editor chefe do semanário em Brasília, Policarpo Junior, na construção do texto citado. Justamente os mesmos jornalistas detectados pelas escutas telefônicas como participantes dos esquemas do bicheiro Carlinhos Cachoeira. É bom recordar a reportagem, caros leitores. Ambos deram seis páginas para o suspeito e acusador da Polícia Militar João Dias e apenas oito linhas para a defesa de Orlando Silva. Estimado assinante, vou dar a notícia que a revista omite descaradamente. No dia 12 de junho de 2012, a Comissão de Ética, por absoluta falta de provas, arquivou o processo contra o ex-ministro. O caso era baseado na denuncia de João Dias, que acusou Orlando de ter recebido dinheiro ilegal de ONGs. Naquela época, no Congresso, o ex-senador Demóstenes Torres era o maior detrator de Orlando Silva. Que ironia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Victor Alberto Danich</div>
<div style="text-align: justify;">
Sociólogo</div>
<br />
PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-20479586986358480512012-08-14T12:18:00.003-07:002012-08-14T12:20:59.438-07:00MUDANÇA DE ÉPOCA<div style="text-align: justify;">
Tudo começou com a caída do Muro de Berlim e a posterior implosão do bloco soviético. Naquele momento, a maioria dos países latinoamericanos davam os primeiros passos no caminho da recuperação democrática, num percurso em que o ciclo neoliberal se acentuava como alternativa econômica. Tal contexto criou a oportunidade para a chegada ao poder, poucos anos depois, de uma nova esquerda. O que parece uma incongruência possui uma explicação muito simples: desaparecido o risco de que os governos sul-americanos caíssem nas redes de Moscou na sua estratégia planetária, fez com que os Estados Unidos deixasse de se preocupar com seu tradicional fundo de quintal, embarcando em guerras longínquas. Desse modo, abriu-se um vácuo de influência em Sul-América – possibilitando um espaço de autonomia inédito – que permitiu um giro à esquerda que, num outro momento, de plena Guerra Fria, Washington teria desarticulado por meio de golpes de Estado, ação contumaz que todos conhecemos.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, ocorreu uma transformação fundamental, num giro histórico profundo que se manifestou num clima de mudança de época, que revela o desmoronamento de regímenes supostamente exitosos, além de uma sensação de angustia e perplexidade que levou às sociedades latino-americanas a explorarem novas alternativas políticas. A evidência é abrumadora.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se em Sul-América vivessem cem pessoas, oitenta estariam sob governos de esquerda. Se Sul-América tivesse cem quilômetros quadrados de superfície, oitenta e um pertenceriam a países governados pela esquerda. Se o produto bruto sul-americano fosse de cem dólares, noventa seriam manejados por ministros de economia de esquerda. Mais ainda, se em Sul-América houvesse cem militares, sessenta e cinco teriam como comandante em chefe presidentes de esquerda. Se se produzissem cem barris de petróleo, noventa estariam controlados por governos de esquerda. O novo tempo político que vive a região, que alguns qualificam de giro á esquerda, e outros como um processo pós-neoliberal, não é resultado de um acidente histórico transitório limitado á alguns países, com é o caso da Revolução Cubana em 1959, o triunfo de Salvador Allende em 1970 ou a vitória Sandinista em 1979. A situação é diferente. Em pouco tempo, quase toda Sul-América deixou para trás a etapa neoliberal e escolheu líderes e partidos políticos que propunham um caminho distinto. Tudo gira, apesar dos problemas titânicos, sobre a construção de um novo modelo de desenvolvimento econômico, no qual a luta contra a pobreza e a desigualdade deveria se o parâmetro com o qual fosse medido o sucesso ou fracasso dos governos da nova esquerda. Mesmo assim, seus rasgos essenciais são assumidos como uma corrente política que prioriza, ante de tudo, a luta pela igualdade social – sobretudo em relação ao Estado e sua intervenção na economia – perante uma direita que concebe as hierarquias sociais como naturais e até positivas, sempre centradas apenas no mérito do esforço individual. De qualquer forma, trata-se de uma esquerda distinta, flexível, pragmática e reformista, que procura avançar lentamente na construção de sociedades mais justas. Nisso reside grande parte do seu paradoxo encantador, que mobiliza multidões carentes rumo a um futuro mais humano. </div>
Victor Alberto Danich<br />
SociólogoPENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-75515734657277294522012-07-09T14:22:00.003-07:002012-07-09T14:22:36.799-07:00LULA, A VOZ DO BRASIL<div style="text-align: justify;">
O título deste artigo são palavras de Frei Betto, ignoradas pela mídia de pasquim, que peca pela incapacidade de usar o recurso da contextualização histórica para explicar os fatos sociais na forma como realmente acontecem. A liberdade de imprensa só funciona quando se livra das amarras do sectarismo conservador que a alimenta economicamente. No entanto, essa mesquinharia é ultrapassada por acontecimentos muito difíceis de serem filtrados, porque circulam em tempo real ao redor do mundo. Apenas os desinformados não sabem disso. E mesmo sabendo, as próprias frustrações ideológicas, politicas ou de classe, não lhes permitem fazer essa leitura. O que se segue é do intelectual britânico Anthony Giddens, diretor da London School of Economics and Political Science (LSE), que recepcionou o então presidente Lula com as seguintes palavras: “O senhor ganhou a chance de mudar o mundo”, na oportunidade em que fez o discurso de abertura dessa instituição. Os mais avisados devem-se lembrar da ocasião em que Lula foi o 16º agraciado com o título de doutor honoris causa pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris em 140 anos de história que, entre outras particularidades, é uma honraria concedida pela primeira vez a uma personalidade latinoamericana. Não apenas isso, a consagração máxima que um presidente do Brasil e do mundo já teve, veio com o prêmio de Estadista Global, nada menos que no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), como primeira edição da homenagem, criada para marcar o aniversário de 40 anos desse evento. Seu fundador, Klaus Schwab, disse na oportunidade que “O presidente do Brasil tem demonstrado verdadeiro compromisso com todas as áreas da sociedade" – e arrematou – “O presidente Lula é um exemplo a ser seguido pelas lideranças globais, pelo seu compromisso em continuar de mãos dadas com o objetivo de integrar crescimento econômico e justiça social”. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, além do compromisso retórico dessas homenagens, o fato real se reflete na sua atuação efetiva como uma liderança que assentou as bases para um Brasil mais solidário, cuidando de não ultrapassar os condicionantes de um modo de produção capitalista, mas optando pelo desenvolvimento em função de políticas públicas de inclusão social. O silêncio por parte de um setor da sociedade em reconhecer o destaque universal de um brasileiro nordestino, esconde de forma disfarçada o pior que existe do preconceito social e de classe. Apesar disso, não há nada melhor do que saber que a grande maioria da população brasileira reconhece nele o líder político que venceu o medo através da esperança. Não apenas pela função que Lula exerceu como presidente do Brasil, senão como aquele ser humano que, numa trajetória de “político orgânico” segundo as palavras de Paulo Freire, ajudou a modelar os rumos da política brasileira por meio das lutas populares pela cidadania plena. Esse homem que nasceu brindado pelo dom da oratória, converteu-se no grande protagonista deste século, do Brasil e do mundo, no qual a luta contra a desigualdade e a pobreza tornou-se a prioridade máxima de sua agenda política, apesar dos inimigos da civilização pintados de democratas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Prof. Victor Alberto Danich</div>
<br />PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-61312614194621128712012-07-09T14:20:00.001-07:002012-07-09T14:20:11.441-07:00O SOCIALISMO COMO EXPERIÊNCIA COGNITIVA<div style="text-align: justify;">
Falar de socialismo na atualidade não é apenas uma mera retórica academicista e sim a revelação pública de uma prática realizada por meio de ferramentas sociais aplicadas e incorporada pelo próprio capitalismo de pós-guerra. A social-democracia é o exemplo mais claro dessa conceituação. O paroxismo da Guerra Fria dos anos 50 escondeu para o público menos atento as mudanças da economia política que aconteceram no ocidente durante o breve século vinte. Desde as lutas contra o colonialismo até as ideias reformadoras que mudaram a cara do liberalismo econômico do Laissez-faire, que defendia como versão mais pura de capitalismo, aquela no qual o mercado devia funcionar livremente, sem qualquer interferência, principalmente do Estado. Tal conceituação mostrou-se errônea na deflagração da crise de 1929, que se repete de forma similar na atualidade, porém com intensidade muito maior. Basta relembrar que na década de 30, o economista inglês John Maynard Keynes, demonstrou que o mito do mercado auto-ajustado tinha perdido seu sentido ideológico perante a crise, e provou que a interferência do governo na economia através da tributação, dos empréstimos e gastos, poderia salvar o capitalismo das crises cíclicas e do ataque das doutrinas comunistas. A publicação da “Teoria Geral do Emprego, dos juros e da Moeda” mostrou sua eficácia, tanto que foi o modelo adotado no ocidente pela social-democracia através do Estado do Bem-Estar. Curiosamente, Keynes, o salvador do capitalismo, era acusado de comunista. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, a prosperidade mundial de pós-guerra terminou por esconder a verdadeira origem desse processo. A Escola de Chicago, revigorada pelo Consenso de Washington, voltou a impor nos anos 80 o modelo econômico liberal fantasiado de cara nova. Os gestores desse processo, chamado de “destruição criadora”, Margaret Thatcher e Ronald Reagan, conseguiram transformar os Estados em espectadores falidos, em soberanias apenas nominais, incapazes de sustentar o consumo social, facilitando a desregulamentação, liberalização, flexibilidade, alivio de cargas tributárias e facilitação das transações no mercado financeiro imobiliário e trabalhista, abandonando grande parcela dos trabalhadores à sua própria sorte, condenados sem qualquer sensibilidade a um perverso processo de exclusão social. </div>
<div style="text-align: justify;">
Nessa mágica financeira, a única tarefa permitida ao Estado era a realização de um “orçamento equilibrado” deixando ao “ímpeto explorador das corporações” a tarefa da inexorável disseminação das regras do livre mercado. O resultado dessa aventura pode ser observado claramente na atualidade, no seu fracasso retumbante em grande parte do planeta. Por que então os detentores do poder são incapazes de mudar essa situação? Simplesmente porque são os beneficiários diretos desse modelo. As grandes fortunas acumuladas durante estes últimos 30 anos de vigência de uma economia neoliberal, centradas na especulação financeira, muito distante do trabalho produtivo, apenas funcionaram como concentradoras de renda para uma aristocracia globalizada composta de no mais de 360 indivíduos, possuidores de 42% do PIB mundial em suas mãos. Tal acúmulo corresponde a 2,3 bilhões de seres humanos que vivem abaixo de uma linha infernal de pobreza. Imagino que não é esse o capitalismo que queremos. Ou sim? </div>
<div style="text-align: justify;">
Um empresário da nossa cidade, pelo qual curto um grande apreço, disse-me no final de uma palestra se o que eu pretendia era que os ricos entregassem seu patrimônio para os pobres. No entanto, eu nunca cogitei coisas dessa natureza. A única maneira de diminuir a desigualdade social é através de políticas públicas de distribuição de renda. Quem é capaz de realizar essa tarefa é o Estado, soberano e democrático. Foi o que tentou fazer o melhor presidente que os Estados Unidos de Norte-América já tiveram – Franklin Delano Roosevelt – durante a crise de 1929. É bom recordar que as elites conservadoras daquele país acusavam-no de ter ligações com os socialistas. A Europa e a Ásia se saíram melhor na aplicação dessas políticas durante o período de crescimento dos anos seguintes à guerra, bem antes de serem atacadas pelo cassino globalizado da década de 90. São justamente essas políticas públicas vigorosas de inserção social que fazem com que o Brasil possa se blindar contra a crise. Não existe nada de sobrenatural nessa afirmação, apenas a reconversão de um modelo monetarista para um novo paradigma desenvolvimentista com distribuição de renda, defendido na atualidade pelo economista Delfim Neto, que, por sinal, para quem não sabe, um grande estimulador da política econômica do nosso país, nos moldes do pensamento de Raúl Prebisch e Celso Furtado. </div>
<div style="text-align: justify;">
O desconhecimento dos processos econômicos ao longo da história é causado pela divulgação de dados fragmentados, que impossibilitam questionar a natureza dos próprios modelos vigentes. O obscurantismo ideológico termina confundindo as pessoas que não tem acesso a pesquisas sérias, aquelas que circulam nos meios acadêmicos ou especializados, encarregados de monitorar a circulação do capital financeiro no mundo e suas aplicações, que não são necessariamente no setor produtivo. Desse modo, os indivíduos que apenas acessam a dados dimensionados de forma confusa e burlesca, não percebem que estes mascaram a verdadeira natureza do capitalismo financeiro. A divulgação de “clichês” contextualizados numa parafernália economicista acaba reforçando o próprio sistema, que se apresenta como o único modelo a ser seguido. Por não atacar a fundo o problema principal, que é a concentração da riqueza de maneira monstruosa por uma elite transnacional invisível, longe de qualquer suspeita daqueles que constroem a riqueza deste mundo, as informações se esvaziam do seu conteúdo crítico. Essa é a razão porque alguns indivíduos sentem-se atingidos no cerne de sua própria trajetória empresarial, imaginando que com a construção deste discurso tenta-se criminalizar-los. Nada mais distante. Só basta ler com maior atenção os economistas premiados com o Nobel em 2001 e 2008 respectivamente, Joseph Stiglitz e Paul Krugman, para perceber o eixo de suas críticas ao modelo neoliberal, que os configura como defensores de um capitalismo produtivo, aquele que investe seus recursos no atendimento do consumo social. Qualquer modo de produção que crie bens e serviços direcionados a atender as necessidades da sociedade, fomentando o virtuosismo do trabalho na consolidação da renda e do emprego, de modo a contribuir com a inserção daqueles que ajudam a construir o patrimônio de uma empresa e de uma nação, sempre será bem-vindo.</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, a ação política, além da gestão burocrática e econômica deve, antes de tudo, cumprir um papel conscientizador, já que não existe para os homens e mulheres atuais, outra determinação mais importante do que aquela que surge desta premissa, porque a historicidade do ser humano sempre foi a reprodução de etapas superiores de sua própria humanidade. Tal melhoria como máxima exteriorização de “um comportamento ético”, deve ser, por outro lado, uma atividade direcionada para o exterior. A superação do “ethos” só existe no marco do desenvolvimento das relações externas entre os indivíduos. A atividade transformadora direcionada para o “exterior” é o campo da política, porque o problema do poder totaliza a questão vital da realização humana de cada sociedade. Quando isso não acontece, castra-se essa realização, porque não existe nela a criatividade que transcenda o interesse individual; a criação se direciona a competição com os outros, se expressa na individuação em detrimento do coletivo, no lugar da individuação como enriquecimento do social. A resolução entre as duas formas da consciência: a implícita na prática, que é coletiva e, a outra, superficialmente explícita, expressa uma conjunção de esforços a partir de uma atitude não crítica, que entra em contradição com a primeira porque toda prática significa a ruptura da situação, enquanto a segunda é a legitimação daquilo que não se discute. A resolução dessa contradição resulta numa consciência crítica, uma compreensão da realidade de classe, do indivíduo e das condições dele como sujeito. Surge daí uma prática diferente, porque a atividade transformadora é direcionada a mudar o sistema de poder que legitima essa realidade opressiva. A compreensão crítica viabiliza uma consciência de identificação e ideologia, já que a imaginação precisa da “hegemonia popular” como única forma de universalizar a liberdade humana. Esta é uma concepção do mundo superior e coerente, consolidada na comprovação de que as lutas pela hegemonia, em diversos momentos históricos, sempre teve como resultado um processo de libertação do ser humano. Por isso, apesar de ser identificado como folclórico, continuo acreditando no socialismo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Prof. Victor Alberto Danich</div>
<div style="text-align: justify;">
Sociólogo</div>
<br />PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-51659839734455016582012-04-17T15:59:00.004-07:002012-04-17T15:59:45.292-07:00A FUNÇÃO SOCIAL DOS BANCOS ESTATAIS<div style="text-align: justify;">
Enquanto os governos europeus se debatem no meio de uma catástrofe monetarista, principalmente aqueles expostos ao choque neoliberal, que, entre outras coisas afirmava “que a sociedade civil não existe”, e que o Estado do Bem-Estar Social tinha acabado para dar lugar a uma “sociedade de risco” como panaceia da riqueza ilimitada, terminou por desmascarar os aprendizes de feiticeiros. Numa sociedade de riscos, onde estes mágicos pegavam o dinheiro que os governos investiam em bancos falidos para ressarcir-se com bonificações particulares, só poderia terminar num desastre anunciado.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto isso, o presidente norteamericano Obama elogia a política econômica brasileira. Diga-se Dilma e sua equipe. Parece retórica diplomática, mas não é. A presidenta foi enfática com os bancos públicos para forçar a redução das taxas de juros e dos pacotes de serviços. O próprio Banco do Brasil tomou a iniciativa de melhorar a tarifa do rotativo do cartão de crédito de 12% para 3%. A mesma estratégia foi anunciada pela Caixa Econômica Federal, cortando a taxa de juros para pessoas físicas e jurídicas. Tais medidas estão destinadas a favorecer as famílias brasileiras no acesso ao crédito, além de melhores condições e financiamento para micro e pequenas empresas, o que se configura como um conjunto de ações que permitirão ampliar os limites e oferta de crédito no contexto da livre opção bancária. De que maneira estas medidas funcionam na prática?</div>
<div style="text-align: justify;">
Para os assalariados, maioria quase absoluta da população brasileira, e que são, estatisticamente, os que precisam de um Estado forte e participativo, a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito será de 3% ao mês, ante uma taxa média atual de 12,25%. Para as linhas voltadas à aquisição de bens e serviços de consumo, os juros médios serão reduzidos em 45%. No financiamento de veículos, com crédito pré-aprovado e sem tarifas embutidas, a queda será de pelo menos 19%. Assim, o cliente poderá financiar a aquisição de veículos com taxa de juros a partir de 0,99% ao mês. Nesse contexto, as instituições financeiras privadas deverão repensar em novas alternativas de gestão econômica, principalmente quando as prioridades começam a ser centradas na inclusão, na produção e consumo de bens e serviços, e não apenas na maximização de lucros parasitários. </div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse novo pacote de configuração keynesiana e desenvolvimentista, dimensionado pela presidenta Dilma, os bancos públicos estimularão a economia por meio do consumo e forçarão aos bancos privados a reduzirem suas taxas de juros, sob o risco de perderem mercado. Nesse contexto, o Banco do Brasil sinaliza a cobrança de 3% ao mês no rotativo do cartão de crédito, e a Caixa com 3,97%. No caso do crédito pessoal, um financiamento de R$ 15 mil em 36 meses, as taxas serão entre 2,33% a 2,53% ao mês. Além disso, a Caixa disponibiliza uma linha de crédito de R$ 8 bilhões para capital de giro de modo a atender as micro e pequenas empresas. Para os assustados, vale lembrar que na crise de 2008, quando foram tomadas medidas similares, os dois bancos estatais ganharam dinheiro com a expansão de suas carteiras de crédito, que confirma a presença vigilante, nem sempre visível, do Estado nacional num modelo de produção capitalista. </div>
<div style="text-align: justify;">
Victor Alberto Danich </div>
<div style="text-align: justify;">
Sociólogo</div>
<br />PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-8735893504322783152012-04-17T15:56:00.003-07:002012-04-17T15:56:54.850-07:00A DAMA DE FERRO E AS ILHAS MALVINAS<div style="text-align: justify;">
Quem não gosta de economia politica tem mesmo que assistir o filme de Margareth Thatcher, disse-me um professor amigo. Pergunto-me se perante a crise atual haveria espaço para assistir os flashes de uma senhora senil, ativa precursora do modelo neoliberal, que atualmente se afunda no seu próprio fracasso. No entanto, vale a pena recordar alguns de seus feitos, principalmente a posta em marcha da versão inglesa da Escola de Chicago que terminou conhecendo-se como a “sociedade dos proprietários”. A liberalização da economia inglesa através de privatizações, a restrição do poder dos sindicatos e o ataque ao sistema público britânico de vivendas (council estates), propiciou uma onda de energia econômica tão avassaladora, que o argumento ideológico conservador seduziu grande parte dos inimigos políticos laboristas. Tal projeto de uma economia de extrema direita em democracia quebrou-se em 2008, cujas consequências catastróficas atuais mostram o paradoxo das políticas econômicas iniciadas pelo governo conservador comandado por esta senhora. A história real – omitida no filme – mostra-nos de forma direta o mal-estar de grande parte da população inglesa. Em 1979, a Thatcher concorreu às eleições com o lema “O laborismo não funciona”. Mas em 1982, depois de três anos como primeira ministra, o número de pessoas desempregadas e a taxa de inflação tinham se duplicado. Seus índices de aprovação assim como seu comportamento pessoal tinham caído ao patamar de 25%. Nessa situação, o conjunto do seu gabinete tinha descido ao perigoso limite de 18% de aceitação. A somente um ano das próximas eleições gerais, o thatcherismo estava a ponto de perder fragorosamente nas urnas. Nos primeiros anos da década de oitenta, o neoliberalismo enfrentava a possibilidade sombria de que sua revolução monetarista não sobreviveria a uma nova onda populista no mundo. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, aconteceu um milagre que ninguém sequer sonhava, nem a Thatcher nem seus “tories” do parlamento. Esse acontecimento mudou o destino da cruzada corporativista da primeira ministra inglesa. O dia 2 de abril de 1982, os militares argentinos invadiram as ilhas Malvinas. Para quem não sabe do que se trata, estas ilhas representam uma ferida profunda no nacionalismo do país vizinho, mas que não passava, aos olhos da época, numa disputa que, segundo o escritor argentino Jorge Luis Borges era apenas “uma briga entre dois carecas por um pente”. No entanto, a guerra das Malvinas proporcionou a Thatcher à oportunidade de recuperar sua popularidade e implantar, por primeira vez na história, um programa de transformação capitalista radical numa democracia liberal ocidental. </div>
<div style="text-align: justify;">
Durante o conflito, Margareth Thatcher também lutava pelo seu futuro político. E ganhou de forma espetacular com a rendição dos argentinos, seus inimigos úteis. Esta senhora, desprezada até então, passou a ser tratada como “herói de guerra”. Seus índices de aprovação voltaram a crescer na ordem de 59%. A guerra das Malvinas deu a uma primeira ministra impopular a oportunidade de empreender uma massiva iniciativa privatizadora. O retorno momentâneo a um conflito colonial do passado fez de um personagem sinistro uma figura firme e contundente, para tristeza dos povos e seus pobres.</div>
<div style="text-align: justify;">
Victor alberto Danich</div>
<div style="text-align: justify;">
Sociólogo </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-15214908403667502772012-01-27T10:15:00.000-08:002012-01-27T10:15:36.828-08:00O DISCURSO DOS COLONIZADOS<div style="text-align: justify;">
O livro “Guia politicamente Incorreto da América Latina”, dos jornalistas Leandro Narloch e Duda Teixeira, que cativou muitos leitores por sua linguagem irônica e depreciativa, não passa de uma visão estereotipada e fragmentada da história dos povos latinoamericanos e suas lutas pela descolonização. Nesse amontoado de informações, os autores assumem sem pudor sua repulsa pela cultura do continente desde México a Terra do Fogo, desmerecendo ao longo do texto a construção da identidade social dos nossos povos, não somente desvalorizando-a, senão tentando aniquilá-la por meio da alienação dos discursos típicos das elites colonizadas. O flagrante dessa distorção, manufaturada a duas mãos por meio de juízos de valor, torna-se clara no conteúdo ideológico das citações nas páginas destacadas em preto, que reforça o maniqueísmo que os próprios autores pretendem combater. Para isso destacam uma extensa bibliografia com publicações de pesquisadores progressistas, de modo a criar uma ideia de neutralidade e academicismo. A parcialidade textual desmente tal arranjo bizarro.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Na verdade, o livro não passa de uma crônica feita para vender. Como todo texto moldado nesses padrões literários, seu conteúdo subliminar está direcionado a criminalizar o chamado “falso herói latino-americano”. Torna-se claro que toda a parafernália historiográfica está destinada a atingir indistintamente o Che Guevara, os povos pré-colombianos, Bolívar, os Haitianos, Perón e Evita, Pancho Villa e Salvador Allende, através da exaltação da problemática dos países e os erros humanos dos seus condutores como autoflagelo e atraso do nosso continente rumo ao desenvolvimento. </div>
<div style="text-align: justify;">
A soberba do desconhecimento depara-se com o simplismo que o livro retrata ao dizer que América Latina “tornou-se uma ideia vazia quanto abrangente”, surrupiando dos leitores o legado atual dos ícones culturais criados ao longo do tempo, resultado das próprias “veias abertas” da exploração e a desonra. Perante a crise atual do capitalismo, o livro citado tornou-se velho. As novas políticas públicas de inserção social dos nossos governos resgatam as melhores virtudes do populismo clássico, para desconforto e horror destes senhores.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na verdade, tanto o cronista Leandro Narloch quanto Duda Teixeira (além de seu parceiro Diogo Schelp) são filhos pródigos da revista Veja, que se notabiliza por ser um veículo de desinformação. Ostentar tal currículo para criminalizar tudo aquilo que faz parte da nossa história latinoamericana, é no mínimo suspeito. Usa-se sem restrições o modelo referencial do “pensamento único” tão próprio das novas classes gerenciais que comandam o mundo depois da implosão soviética e o fracasso do socialismo real. Eu lamento que estes senhores se reflitam nesses grupos de poder. Pior ainda, essa proximidade é resultado do intento de aceitação e aproximação com uma classe social categorizada como as dos “incluídos” globalizados. Ganhar prestígio desvendado as fraquezas humanas e descontextualizá-las do momento histórico, só pode confundir aqueles que carecem de amplitude para a leitura, recorrendo a uma única fonte de informação. Basta lembrar que o livro reedita os antigos padrões da “guerra fria” bipolar. A sua intenção mais eloquente é descaracterizar o pensamento popular, tanto quanto desprezado, mas impossível de ser eliminado do imaginário coletivo dos nossos povos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Victor Alberto Danich</div>
<div style="text-align: justify;">
Sociólogo</div>
<br />
<br />
<div align="justify">
</div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-51356223071046080062012-01-16T20:59:00.000-08:002012-01-16T21:09:42.040-08:00O BRASIL NORDESTINO<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nestes últimos seis anos está acontecendo um
fenômeno migratório interno que merece ser analisado. Durante muito tempo,
principalmente na metade do século vinte, a imigração nordestina para os
centros urbanos do sul desenvolvido transformou-se num fluxo constante. No
entanto, os chamados “paus-de-arara” que transitavam o sertão nordestino rumo a
São Paulo, estão começando a mudar essa paisagem exatamente ao inverso. É o que
revela a recente pesquisa do Departamento de Economia da Universidade de
Paraíba – UFPB. Entre 2002 e 2007, houve um fluxo de mais de 400 mil pessoas
nessa direção, que mostra que das 862 mil pessoas que foram morar no nordeste,
47,5% eram indivíduos que estavam voltando a seus locais de nascimento. Por
outro lado, apesar de que o retorno acontece, frequentemente, por falta de
oportunidades em função da saturação das fronteiras agrícolas ou construção
civil, pode-se dizer que existem outros fatores regionais que são determinantes
nesse processo de migração interna em direção ao nordeste brasileiro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A razão fundamental encontra-se no crescimento
acentuado dessa região em relação às demais, provocando uma vigorosa
urbanização com 70% da população nas cidades. Desse modo, a migração rural
passa pelas pequenas localidades e vai diretamente para as grandes. Tal
fenômeno se expressa na opção da escolha de uma capital nordestina no lugar de
São Paulo. Ainda assim, existem outros condicionantes importantes que merecem
ser destacados, que são as melhorias substanciais das condições sociais no
nordeste experimentado nestes últimos anos. Mais da metade das famílias pobres
recebem algum tipo de benefício federal, tanto da Previdência Social como do
Bolsa Família, o que funciona como um mecanismo de contenção da miséria.
Segundo a pesquisa, das 14,5 milhões de famílias nordestinas, sete milhões
recebem da Previdência e 5,6 milhões do Bolsa Família. Além disso, o salário
mínimo que contempla dois terços dos assalariados da região, tem um forte
impacto nas atividades econômicas, que redundam num processo vigoroso de
inclusão social.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Todos esses componentes, aliados ao surgimento de
novos pólos de desenvolvimento, fazem com que as pessoas terminem fortalecendo
seus vínculos com a região, no qual o campo da ciência e a tecnologia se
encontram em pleno processo de crescimento, com destaque para cidades
nordestinas que recebem reconhecimento nacional e internacional pelos seus
institutos tecnológicos avançados. Temos o caso de Recife, que possui um pólo de
desenvolvimento de softwares, transformado numa referência mundial e
reconhecido como o maior parque tecnológico do Brasil, tanto em faturamento
como números de empresas abrigadas nesse complexo. Vale destacar Campina
Grande, no interior da Paraíba, como uma das cidades que incorporaram um modelo
de centro de inovação tecnológica, resultado do fortalecimento da formação
acadêmica por meio da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, com
destaque nas áreas de engenharia elétrica e computação. Por outro lado, cabe citar
o </span><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Centro de Biotecnologia e
Terapia Celular do Hospital São Rafael, em Salvador, que é o mais moderno e
avançado centro de estudos de </span><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">células-tronco</span><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> da </span><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">América Latina</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">,
junto com o centro de pesquisa e desenvolvimento da neurociência em Macaíba no
Estado de Rio Grande do Norte. Alguém poderia duvidar da capacidade dos nossos
irmãos nordestinos?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Victor Alberto Danich</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Sociólogo</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span></div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-59982667855098151202012-01-02T15:34:00.000-08:002012-01-02T15:34:22.701-08:00A DURA VIDA DOS ATEUS EM UM BRASIL CADA VEZ MAIS EVANGÉLICO<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; mso-outline-level: 2; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A
parábola do taxista e a intolerância. Reflexão a partir de uma conversa no
trânsito de São Paulo. A expansão da fé evangélica está mudando “o homem
cordial”?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um
taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa
Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o
jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela
nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela
sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos,
estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para
pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro
“com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado.
Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero
muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era
jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela
sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem
não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela
estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo
conquistou o direito a seguir com travessões.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> - Você é evangélico? – ela perguntou. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Sou! – ele respondeu, animado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> - De que igreja? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola
de Neve.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar,
mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem
legal. De vez em quando eu vou lá.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Legal.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- De que religião você é?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Eu não tenho religião. Sou ateia</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">.- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Deus me livre!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas
você não respeita a minha.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- (riso nervoso).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as
pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo
ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Por que as boas ações não salvam.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Não?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não
será salva.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Mas eu não quero ser salva.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Deus me livre!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver
cada dia da melhor forma possível.- Acho que você é espírita.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Não, já disse a você. Sou ateia</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">.- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai
pegar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me
pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas
você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por
ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é
evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O taxista estava confuso. A passageira era ateia,
mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado
para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse
impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que
o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas,
como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia
viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que
agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do
mal.)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Chegaram ao destino depois de mais algumas
conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele
um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu
conter-se:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando
ela abria a porta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada,
antes de fechá-la.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ainda deu tempo de ouvir uma risada
nervosa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A parábola do taxista me faz pensar em como a vida
dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez
mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que
mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém
uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de
que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a
igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem
condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está
disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia
inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a
convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Já com os evangélicos neopentecostais, caso das
inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada vez mais imaginativos pelas
esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta
amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé
católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que
quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa
porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o
modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por que os ateus são uma ameaça às novas
denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma
novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis
de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não
praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para
outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na
loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao
gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma
disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda
inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão
sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou
para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um
shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É também por essa razão que a Igreja Católica, que
em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes
para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações
capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira
bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder
e influência há dois mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de
mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que
contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade
do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e
movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de
fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva
e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tudo indica que a parábola do taxista se tornará
cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões.
Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do
mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível
convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é
bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não
acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material,
como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida
eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm
evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por
enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o
cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um
punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no
sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se
“agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é
alguma igreja nova.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve
Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da
“Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de
abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O
texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis
a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que
“criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se
destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e
em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem
esse conforto lhe resta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha
sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a
profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As
transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa
parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no
sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido
atribuído pelo senso comum.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e,
portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo
solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI,
ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva,
uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres
virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na
“Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a
acreditar nele. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Eliane Brum</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Escritora e jornalista</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-46641168826394332652011-12-28T07:22:00.001-08:002011-12-28T07:22:27.078-08:00IMPRENSA ALTERNATIVA “PASSA O CHAPÉU” PARA SOBREVIVER<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:DontVertAlignCellWithSp/>
<w:DontBreakConstrainedForcedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
<w:Word11KerningPairs/>
<w:CachedColBalance/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 2; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O
sucesso do livro “Privataria Tucana” é um bom exemplo de como a imprensa
encobre os assuntos que não dizem respeito a seus interesses políticos e econômicos.
O livro não entrou nem nos editoriais nem na lista dos mais vendidos da Veja ou
O Globo, só para dar dois exemplos.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 18.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 2; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por
Christiane Marcondes*</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 18.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Redação do Democracy Now</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na verdade, ele foi varrido do mapa da imprensa
hegemônica. Até o limite do possível, claro, até o ponto em que essa “pedra no
sapato” incomodou tanto que teve de ser retirada e exposta à demanda e
curiosidade pública. O ano de 2011 foi significativo na quantidade de episódios
omitidos pela imprensa. Talvez por ter sido um ano de manifestações
espontâneas, de massa, pelas mais diversas causas e em variados e distantes
locais do mundo. A mobilização não cabia no enquadramento tradicional da mídia
conservadora, por isso ficou fora das lentes do seu noticiário. Mas não
distante do conhecimento do leitor, graças à atuação energizada da chamada
mídia livre, fosse digital, eletrônica ou impressa. “Ocupar Wall Street” foi um
ato que dividiu épocas nesses 12 meses que terminam no próximo dia 31.
Amplamente coberto por emissoras de televisão alternativas, as imagens correram
o mundo e mostraram a dimensão do movimento, que foi exportado para outras
regiões dos Estados Unidos e para outros países. Fez mais: deu luz a outras expressões
populares, como a marcha dos indignados na Europa. “Ocupar” virou um comando de
guerrilha, usado para dar visibilidade à causa, para congregar mais
manifestantes, para tomar conta de um lugar que, legitimamente, é do cidadão,
“o espaço público”. Wall Street foi abalada pelas reivindicações e atos
populares, simbolicamente, o coração econômico do mundo precisou, no mínimo, de
uma ponte de safena para recuperar parte da saúde. Até hoje combalida e sem
previsão de alta “médica”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O acesso às informações livres e críticas, no
entanto, também entrou em crise, porque toda produção de conteúdo exige
recursos financeiros que a banquem. E esses recursos, seguramente, estão nas
mãos daqueles que são alvo das críticas da imprensa alternativa.<br />
Se você navegar na rede em busca de portais de notícias que contemplam a
verdade ou, pelo menos, se pautam por correntes da esquerda, vai ser recebido
logo à entrada de alguns deles com uma mensagem como a abaixo, no Democracy
Now:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Você pode ter certeza de que a nossa cobertura não
é paga pelos fabricantes de armas, pelas grandes indústrias farmacêuticas ou as
companhias de petróleo, gás e carvão. Precisamos da sua ajuda hoje. Nós só
podemos fazer isso (cobrir eventos no mundo inteiro) com a sua ajuda. A sua
contribuição de impostos para Democracy Now! hoje é um investimento em jornalismo
investigativo verdadeiro” Na página inicial do WikiLeaks, há mais do que um
pedido, há denúncia: “Fomos forçados a temporariamente parar de publicar
documentos enquanto garantimos nossa sobrevivência financeira. Não podemos
permitir que corporações financeiras americanas decidam como todo o mundo deve
usar seu dinheiro para votar através de doações. Nossas batalhas são caras. E
nós precisamos do seu apoio para vencer essa guerra. Doe agora para o
WikiLeaks.” A boa notícia é que o Brasil está atento a essa necessidade e acaba
de chegar à pauta do Congresso a proposta de financiamento de mídias
alternativas.<br />
Na véspera das férias parlamentares, comissão cria grupo de deputados para
discutir formas de sustentação financeira de rádios comunitárias, blogs e
portais na internet. Iniciativa é de deputada do PCdoB, Luciana Santos (PE),
partido que sofreu com denúncias de desvio ético disparadas pela imprensa
tradicional. Denúncias indevidas que já foram desmentidas, importante informar.</span></div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-53579087596683900682011-12-09T04:39:00.001-08:002011-12-09T04:40:48.461-08:00O EMBLEMA DO CHE<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Perante certas manifestações com
relação às medidas adotadas pelo governo para estimular a economia, de modo a
salvaguardar o país da crise global, principalmente aquelas que tratam tais
iniciativas como inescrupulosas, argumentando que o incentivo ao crédito pode
ser caracterizado como um “banditismo contra os que não pensam”, parece-me uma
crítica carregada de preconceitos na direção dos setores mais pobres da
sociedade. Omite-se, nesse caso, que desde 2007, por causa do crescimento da economia
nos moldes citados, a multiplicação dos milionários no Brasil se expande à
razão de 19 por dia. Tal fato é resultado do crescimento do Produto Bruto
Interno (PIB) e das taxas de consumo, que se estende a toda população. A
pergunta seria: Por que os ricos podem ter acesso ao consumo e os pobres não? É
errado diminuir os impostos para desonerar os produtos? Não era isso que a
população reivindicava? Vou esgrimir uma resposta: a economia política não é
uma ciência neutra, seus postulados teóricos, prognósticos e receitas são
fortemente influenciados pelos interesses de classe. O que orienta certos
comentários não é a ciência econômica, e sim juízos de valor que criminalizam
ações distributivas. Esses dias, um grande amigo meu, mas dialeticamente
opositor, me perguntou em tom de gozação por que colei o emblema do Che Guevara
na caçamba da minha camionete. Na verdade, o que deveria questionar seria minha
origem burguesa igualzinha ao Che. Nesse caso, farei a justificativa sem conotação
acadêmica. Será feita através de uma pequena história, sem recorrer aos
“clichês” de autoajuda, bem longe da minha praia, e que todo bom entendedor poderá
interpretar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma senhora de classe média alta,
professora universitária com pós-doutorado em História, estava aguardando o
próximo vôo para Curitiba no aeroporto de São Paulo. Nesse intervalo comprou um
pacote de bolachas para saborear na espera. Próximo dela sentou-se um rapaz de
mochila e bem vestido, com uma camiseta que tinha o emblema do Che Guevara. Num
momento determinado, o garoto abriu o pacote e pegou uma bolacha para comer. A
professora indignada observou-o atônita – Olha que desfaçatez – pensou – como é
possível uma coisa dessas. Como pessoa acostumada à discrição condizente à sua
classe social, usou a alternativa de também pegar do pacote uma bolacha para comer,
sem questionar a atitude de seu ocasional acompanhante. Uma situação engraçada,
por sinal. Sentados lado a lado, sem olhar-se e compartilhando as guloseimas. É
claro que o desconforto maior era da professora. Mas, nessa altura, fazer o
que? E assim foi até o final.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Pela regra matemática a última
bolacha corresponderia ao rapaz descontraído. Foi assim que ele pegou a bolacha,
a dividiu ao meio, deixou exatamente a metade no pacote e foi embora
alegremente. Claro que a professora ignorou a gentileza. Mas teria uma história
bastante extravagante para contar a seus colegas da universidade. Quando chegou
a hora de embarcar, a professora encarou a fila rumo ao avião. Caminhou pelo
corredor até localizar seu assento. Abriu o bagageiro e, quando tentou colocar
a bolsa no mesmo, caíram seus pertences, entre eles o pacote de bolacha intacto
que tinha comprado no Café do aeroporto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Victor Alberto Danich</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Sociólogo<o:p></o:p></span></div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-79219795787946772402011-11-09T05:35:00.000-08:002011-11-09T05:36:38.909-08:00O PODER PERMANENTE DE DERRUBAR GOVERNOS<div align="justify">A corrupção do sistema político merece uma reflexão para além das manchetes dos jornais tradicionais. Em especial neste momento que o país vive, quando a nova democracia completou 26 anos e a política, que é a sua base de representação, se desgasta perante a opinião pública.<br /><br />Este é o exato momento em que os valores democráticos devem prevalecer sobre todas as discordâncias partidárias, pois chegou no limite de uma escolha: ou diagnostica e aperfeiçoa o sistema político, ou verá sucumbi-lo perante o descrédito dos cidadãos.<br />Por Maria Inês Nassif (*)<br /><br />O país pós-redemocratização passou por um governo que foi um fracasso no combate à inflação, um primeiro presidente eleito pelo voto direto pós-ditadura apeado do poder por denúncias de corrupção, dois governos tucanos que, com uma política antiinflacionária exitosa, conseguiram colocar o país no trilho do neoliberalismo que já havia grassado o mundo, e por fim dois governos do PT, um partido de difícil assimilação por parcela da população. Nesse período, a mídia incorporou como poder próprio o julgamento e o sentenciamento moral, numa magnitude tal que vai contra qualquer bom senso.Este é um assunto difícil porque pode ser facilmente interpretado como uma defesa da corrupção, e não é. Ou como questionamento à liberdade de imprensa, e está longe disso. O que se deve colocar na mesa, para discussão, é até onde vai à legitimidade da mídia tradicional brasileira para exercer uma função fiscalizadora que invade áreas que não lhes são próprias. Existe um limite tênue entre o exercício da liberdade de imprensa na fiscalização da política e a usurpação do poder de outras instituições da República.<br />Outra questão que preocupa muito é que a discussão emocional, fulanizada, mantida pelos jornais e revistas também como um recurso de marketing, têm como maior saldo manter o sistema político tal como é. É impossível uma discussão mais profunda nesses termos: a escandalização da política e a demonização de políticos trata-os como intrinsecamente corruptos, como pessoas de baixa moral que procuram na atividade política uma forma de enriquecimento privado. Ninguém se pergunta como os partidos sobrevivem mantidos por dinheiro privado e que tipo de concessão tem que fazer ao sistema.<br />Desde Antonio Gramsci, o pensador comunista italiano que morreu na masmorra de Mussolini, a expressão “nenhuma informação é inocente” tem pontuado os estudos sobre o papel da imprensa na formulação de sensos comuns que ganham a hegemonia na sociedade. Gramsci já usava o termo “jornalismo marrom” para designar os surtos de pânico promovidos pela mídia, de forma a ganhar a guerra da opinião pública pelo medo. No Brasil atual, duas grandes crises de pânico foram alimentadas pela mídia tradicional brasileira no passado recente. Em 2002, nas eleições em que o PT seria vitorioso contra o candidato do governo FHC, a mídia claramente mediou a pressão dos mercados financeiros contra o candidato favorito, Luiz Inácio Lula da Silva. Tratava-se, no início, de fixar como senso comum a referência “ou José Serra [o candidato tucano] ou o caos”. Depois, a meta era obrigar Lula e o PT ao recuo programático, garantindo assim a abertura do mercado financeiro, recém-completada, para os capitais internacionais. Em 2005, na época do chamado “mensalão”, o discurso do caos foi redirecionado para a corrupção. Politicamente, era uma chance fantástica para a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a única alternativa para se contrapor a um líder carismático em popularidade crescente era tirar de seu partido, o PT, a bandeira da moralidade. A ofensiva da imprensa, nesse caso, não foi apenas mediadora de interesses. A mídia não apenas mediava, mas pautava a oposição e era pautada por ela, num processo de retroalimentação em que ela própria [a mídia] passou a suprir a fragilidade dos partidos oposicionistas. Ao longo desse período, tornou-se uma referência de poder político, paralelo ao instituído pelo voto.<br />Eleita Dilma Rousseff, a oposição institucional declinou mais ainda, num país que historicamente voto e poder caminham juntos, e ao que tudo indica a mídia assumiu com mais vigor não apenas o papel de poder político, mas de bancada paralela. Dilma está se tornando uma máquina de demitir ministros. Nas primeiras demissões, a ofensiva da mídia deu a ela um pretexto para se livrar de aliados incômodos, nas complicadas negociações a que o Poder Executivo se vê obrigado em governos de coalizão num sistema partidário como o brasileiro. Caiu, todavia, numa armadilha: ao ceder ministros, está reforçando o poder paralelo da mídia; em vez de virar refém de partidos políticos que, de fato, têm deficiências orgânicas sérias, tornou-se refém da própria mídia.<br />As ondas de pânico criadas em torno de casos de corrupção, desde Collor, têm servido mais a desqualificar a política do que propriamente moralizar a nossa democracia. Mais uma vez, volto à frase de Gramsci: não existe notícia inocente. O Brasil saído da ditadura já trazia, como herança, um sistema político com problemas que remontam à Colônia. O compadrio, o mandonismo e o coronelismo são a expressão clássica do que hoje se conhece por nepotismo, privatização da máquina pública e falha separação entre o público e o privado. A política tem sido constituída sobre essas bases e, depois de cada momento autoritário e a cada período de redemocratização no país, seus problemas se desnudam, soluções paliativas são dadas e a cultura fica. Por que fica? Porque é a fonte de poderes – poderes privados que podem se sobrepor ao poder público legitimamente constituído.<br />O sistema político é mantido por interesses privados, e é de interesse de gregos e troianos que assim permaneça. Segundo levantamento feito pela Comissão Especial da Câmara que analisa a reforma política, cerca de 360 deputados, em 513, foram eleitos porque fizeram as mais caras campanhas eleitorais de seus estados. Com dinheiro privado. Em sã consciência, com quem eles têm compromissos? Eles apenas tiveram acesso aos instrumentos midiáticos e de marketing políticos cada vez mais sofisticados porque foram financiados pelo poder econômico. É o interesse privado quem define se o dinheiro doado aos candidatos e partidos é lícito ou ilícito. O dinheiro do caixa dois passou a fazer parte desse sistema. Não existe nenhum partido, hoje, que consiga se financiar privadamente – como define a legislação brasileira – sem se envolver com o dinheiro das empresas; e são remotíssimas as chances de um político financiado pelo poder privado escapar de um caixa dois, porque normalmente é o caixa dois das empresas que está disponível. Num sistema eleitoral onde o dinheiro privado, lícito e ilícito, é o principal financiador das eleições, ocorre a primeira captura do sistema político pelo poder privado. E isso não acaba mais. Esse é o âmago de nosso sistema político. A democratização trouxe coisas fantásticas para a política brasileira, como o voto do analfabeto, a ampla liberdade de organização partidária e a garantia do voto. Mas falhou no aperfeiçoamento de um sistema que obrigatoriamente teria de ser revisto, no momento em que o poder do voto foi restabelecido pela Constituição de 1988.<br />Num sistema como esse, por qualquer lado que se mexa é possível desenrolar histórias da promiscuidade entre o poder público e o dinheiro privado. Por que isso não entra, pelo menos, em discussão? Acredito que a situação permaneça porque, ao fim e ao cabo, ela mantém o poder político sob o permanente poder de chantagem privado. De um lado, os financiadores de campanhas se apoderam de parcela de poder. De outro, um sistema imperfeito torna facilmente capturável o poder do voto também por aparelhos privados de ideologia, como a mídia. Como nenhuma notícia é inocente, a própria pauta leva a relações particulares entre políticos e o poder econômico, ou entre a máquina pública e o partido político. A guerra permanente entre um governo eleito que tem a oposição de uma mídia dominante é alimentada pelo sistema.<br />O apoderamento da imprensa é ainda maior. Se, de um lado, a pauta expressa seu imenso poder sobre a política brasileira, ela não cumpre o papel de apontar soluções para o problema. Não existe intenção de melhorá-lo, de atacar as verdadeiras causas da corrupção. Apesar da imensa caça às bruxas movida pela mídia contra os governos, em nenhum momento essa sucessão de escândalos, reais ou não, incluíram seriamente a opinião pública num debate sobre a razão pela qual um sistema inteiro é apropriado pelo poder privado, inclusive e principalmente porque não se questiona o direito de apropriação do poder público pelo poder privado. A mídia tradicional não fez um debate sério sobre financiamento de campanha; não dá a importância devida à lei do colarinho branco; colocou a CPMF, que poderia ser um importante instrumento contra o dinheiro ilícito que inclusive financia campanhas eleitorais, no rol da campanha contra uma pretensa carga insuportável de impostos que o brasileiro paga. Pode fazer isso por superficialidade no trato das informações, por falta de entendimento das causas da corrupção – mas qualquer boa intenção que porventura exista é anulada pelo fato de que é este o sistema que permite à imprensa capturar, para ela, parte do poder de instituições democráticas devidamente constituídas para isso.<br /><br />(*) Texto apresentado no Seminário Internacional sobre a Corrupção, dia 7 de novembro de 2011, em Porto Alegre.<br />Fonte: Carta Maior</div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-46747503306768361682011-10-27T13:51:00.000-07:002011-10-27T13:52:38.352-07:00O BEIJO DE JUDAS DO ANJO DA MORTE<div align="justify">A Justiça Argentina condenou no dia 26 de outubro à noite 18 militares por crimes contra a humanidade cometida durante a ditadura militar na década de 70. A decisão ocorreu após oito anos do fim das leis de anistia. O julgamento torna-se um marco histórico na luta pelos direitos humanos em América Latina, que revive os anelos das “Mães da Praça de Maio” na procura por justiça, reunindo o maior número de militares como réus desde que as leis que anistiavam os oficiais da última ditadura argentina foram revogadas, em 2003.<br />As investigações sobre os crimes cometidos na Escola de Mecânica da Armada (Esma) iniciaram-se nos anos 80, após o país ser redemocratizado. O inquérito foi arquivado com as leis do Ponto Final (1986) e da Obediência Devida (1987). As leis que anistiaram os militares acusados de torturas e homicídios foram promulgadas durante o governo do presidente Raul Alfonsín (1983-1989). No entanto, em 2003, o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei do então presidente Nestor Kirchner (2003-2007) que permitiu o retorno dos julgamentos, fazendo com que a Justiça declarasse inconstitucionais os indultos dados pelo ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) beneficiando repressores e ex-guerrilheiros.<br />Durante o julgamento, os oficiais foram responsabilizados por torturas e mortes nas dependências da Esma, situada na região central de Buenos Aires, que se plasmou numa condena por crimes contra 86 pessoas, das quais 28 continuam desaparecidas e cinco assassinadas com contornos de crueldade extrema. Tal decisão por parte da Justiça foi resultado de 22 meses de investigação, com mais de 160 testemunhas. No veredito final, a Escola de Mecânica da Armada foi declarada por entidades de direitos humanos como “um dos maiores centros de detenção clandestina e de extermínio” criados pela ditadura militar em solo argentino. Na leitura da sentença, o juiz deixou muito claro que os réus foram “condenados por perseguições, homicídio qualificado e roubo de bens das vítimas”.<br />Entre estes, encontra-se ex-capitão Alfredo Astiz, conhecido como “Anjo da Morte”. Em dezembro de 1977, Dona Nélida, uma “Mãe da Praça de Maio”, depois de presenciar um seqüestro de vários militantes por um grupo de tarefas da marinha, se lembrou de um rapaz loiro, Gustavo Niño, sempre próximo às mães e suposto irmão de uma desaparecida, que se despediu dela com um beijo no rosto, e que poderia ter sido seqüestrado nesse dia. Quando algum tempo depois soube através do noticiário France Press que Gustavo, além de outros vários nomes e apelidos, entre eles “O Corvo” e o “Angel Loiro”, se chamava Alfredo Astiz, membro dos Serviços de Inteligência da Marinha, infiltrado nos grupos de mães de desaparecidos, sentiu em todo seu corpo o espanto e a violência daquele beijo de Judas. Alfredo Astiz, o “Anjo da Morte”, personifica aquilo que existe de pior num ser humano. Essa figura pavorosa é apenas uma peça na máquina infernal do mundo dos torturadores. A justiça Argentina não está fazendo mais nada do que atualizar e reparar a incapacidade e conivência com os regimes da época, para que isso nunca mais aconteça no futuro.<br />Victor Alberto Danich<br />Sociólogo </div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-2988438050418635132011-10-27T10:16:00.000-07:002011-10-27T10:24:15.385-07:00EMIR SADER: O SIGNIFICADO DA VITÓRIA DE CRISTINA<div align="justify">Todos os que seguem a situação argentina sabiam, desde pelo menos um ano e meio, que o governo de Cristina Kirchner havia recuperado grande apoio popular e teria continuidade. Só poderia ser “surpresa” para os que foram vítimas dos seus próprios clichês, denegrindo a imagem da Argentina e do seu governo. Agora não sabem como explicar uma vitória tão contundente, no primeiro turno, com uma diferença de mais de 8 milhões de votos para o segundo colocado.<br />A vitória de Cristina tem o mesmo sentido da vitória de Dilma. Pela primeira vez, nos dois países, uma mesma corrente obtém, pelo voto popular, um terceiro mandato. Vitórias fundadas em políticas econômicas que permitiram a retomada do crescimento da economia – depois das recessões provocadas por governos neoliberais, Menem lá, FHC por aqui – articuladas estruturalmente com políticas sociais de distribuição de renda.<br />No caso argentino, a crise de 2005 aqui, foi a de 2008 lá, com a reação violenta dos produtores rurais ao projeto de lei de elevação do imposto de exportação. Em aliança com a conservadora classe média de Buenos Aires, fizeram com o que o governo perdesse parte substancial do seu apoio e terminasse derrotado na votação do Congresso. Essa derrota se desdobrou numa derrota eleitoral, quando já se sentiam os efeitos da crise internacional.Tal como aqui, a oposição acreditou que havia desferido um golpe mortal nos Kirchner e se preparava já para voltar ao governo, em meio a disputas enormes entre todas as suas tendências, unidas na oposição e na ambição de sucedê-los no governo.<br />Para surpresa da oposição, o governo reagiu positivamente – como aqui – diante dos efeitos da crise, com políticas anticíclicas e renovando suas políticas sociais. Os reflexos não tardaram a surgir e o governo passou a reconquistar apoio popular, até que, a partir do ano passado, tendo recuperado iniciativa, voltou a aparecer como o grande agente nacional contra a crise. Dois fatores vieram consolidar essa reação. O primeiro, as comemorações do bicentenário da independência argentina, que despertou grande fervor popular, especialmente em amplos setores da juventude, capitalizados evidentemente pelo peronismo, com sua tradicional marca nacionalista.<br />O outro, foi a súbita morte de Néstor Kirchner, que alguns previram – lá e cá – que seria um golpe definitivo no kirchnerismo. Nesse momento, Cristina se assumiu como estadista à altura daquele momento crucial da historia argentina, dado que Néstor era o candidato à sua sucessão e o maior dirigente político do processo que ele mesmo havia iniciado. Cristina fez daquela perda um momento de afirmação do processo político protagonizado por Néstor e por ela, no bojo da recuperação do apoio popular, que tinha seu fundamento no sucesso das novas iniciativas de políticas sociais – bolsas para a infância, para a terceira idade, para os desempregados, entre outras iniciativas. Enquanto isso, a oposição se digladiava, conforme via a recuperação do prestígio do governo, na disputa pela sucessão presidencial, em um processo suicida, que veio complementar o cenário político que foi tornando Cristina cada vez mais favorita para triunfar, até mesmo no primeiro turno. As prévias eleitorais de agosto, finalmente, cristalizaram todas essas tendências, permitindo prever as melhores perspectivas para Cristina, que se confirmaram plenamente nas eleições de domingo (23). Cristina teve um triunfo esmagador, além de recuperar a maioria na Câmara e aumentar no Senado, e eleger oito dos nove governos estaduais em jogo.<br />Ela triunfa e a oposição, dividida entre vários candidatos, sofre sua maior derrota, deixando o campo aberto para novos e grandes avanços do governo. Lá, como aqui, a segunda década do século 21 estende a vigência de um governo que busca alternativas de superação do neoliberalismo, nas condições da herança pesada que ambos receberam, avançando na direção do pós-neoliberalismo. Consolida-se o campo progressista latino-americano, confirmando que essa é a vida das forças populares para a superação das desigualdades e injustiças, para o fortalecimento da integração regional e para a afirmação de uma América Latina soberana.<br />Por Emir Sader</div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-20070763033960683562011-08-09T13:28:00.000-07:002011-08-09T13:29:54.895-07:00PLANO BRASIL MAIOR<div align="justify">O novo plano de política industrial apresentado na semana passada pelo governo federal foi, segundo o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Fernando Pimentel “uma resposta contemporânea de política de desenvolvimento produtivo”´. Estas palavras encerram um conteúdo simbólico extraordinário, porque representam o epitáfio definitivo do modelo econômico neoliberal nas nossas terras nativas. O lema do Plano Brasil Maior: ”Inovar para competir, competir para crescer”, condensa o ressurgimento de um projeto nacional tantas vezes criminalizado pelos ideólogos do monetarismo e do livre mercado. A retomada do crescimento e do investimento nestes últimos anos não é consequência apenas de um processo linear e a-histórico, e sim resultado de uma constante batalha contra a competição desonesta e a desvalorização artificial do dólar, arma usada recentemente pelos Estados Unidos de forma desleal.
<br />O ministro foi enfático ao dizer que o sucesso da industrialização, distante do que alguns teóricos liberais pensam, não foi por causa da “mão invisível do mercado”, e sim produto do esforço dos povos na construção de “modernos estados nacionais, com poder de comando sobre seu território”. Tal capacidade permitirá ao Brasil desenvolver uma série de estímulos à competitividade da indústria nacional, tais como a desoneração de tributos e redução de impostos sobre produtos industrializados, sem necessidade de se sujeitar ao monitoramento externo ou restrições econômicas, que tradicionalmente pesaram sobre a arrecadação necessária para investimentos e geração de emprego.
<br />Neste contexto, o Brasil começa a desbravar o caminho para um novo salto da produtividade do trabalho por meio da inovação tecnológica. Por um lado, nosso país possui a garantia de um mercado interno em expansão, com vastos recursos energéticos e grande capacidade de compras públicas, além de um formidável vigor empresarial e força potencial de trabalho em franco desenvolvimento.
<br />E por outro, a proteção mais importante que Brasil e os demais países de América Latina conseguiram nestes últimos anos, foi a emergente independência das instituições financeiras tuteladas por Washington, emblematicamente caracterizada na oposição à implantação da Área de Livre Comércio das Américas, sonho corporativista dos Estados Unidos para impor um mercado assimétrico em seu próprio benefício. A profunda crise que aquele país está vivendo, em parte é resultado de haver perdido a hegemonia sobre os países pobres, usando o FMI e o Banco Mundial como forma de ganhar dinheiro fácil, à custa de dívidas eternas e impagáveis. Quando a fonte seca a crise chega de forma incontrolável. O FMI, cujo poder foi supremo nas décadas de 80 e 90, em que América Latina representava 80% da totalidade dos empréstimos dessa instituição, hoje não passa de 1%. Pior ainda, em apenas três anos, os empréstimos do FMI em todo o mundo foram reduzidos de 81 bilhões de dólares para apenas 11,8 bilhões. Ambas instituições transformaram-se em párias globais. O sacrifício descomunal de América Latina contra a extorsão dessa burocracia transnacional, finalmente rende seus frutos.
<br />Victor Alberto Danich
<br />Sociólogo </div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-63448521861185576712011-07-27T12:01:00.000-07:002011-07-27T12:02:30.347-07:00CORRUPÇÃO & DESENVOLVIMENTO<div align="justify">O tema da corrupção tomou conta dos principais manchetes e artigos publicados na mídia nacional – fato de grave importância, por sinal – mas que não deve deixar de lado outros acontecimentos que também afetam o cotidiano da população brasileira. Não existe qualquer justificativa para atenuar o comportamento corrupto na política nacional, porém é necessário vincular tal atitude a todo um processo histórico que compromete sucessivos governos anteriores. Só basta lembrar o processo de privatizações escandalosas que permitiram canibalizar grande parte do nosso patrimônio nacional, se for usado o tema como critério de discussão. O articulista Marco Aurélio Weissheimer, de Carta Maior, foi muito claro ao dizer que na falta de alternativas, opta-se por abraçar a bandeira da corrupção, esquecendo-se do compromisso de divulgar outras, de modo que a população possua opções de avaliação para entender a realidade social e econômica do país. Vamos citar alguns fatos recentes que estão mudando a cara do Brasil, em contraste com um mundo derrotado por um modelo inspirado em “picaretas de carteirinha”, artífices do “dreno de bilhões de dólares da economia real”, que penalizaram aqueles que vivem apenas da renda de seu trabalho.<br />No entanto, apesar da crise do capitalismo globalizado, o Brasil teve em junho a menor taxa de desemprego desde o início da série histórica da pesquisa, em 2002, que corresponde a um índice de 6,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. De acordo com o relatório, o número de pessoas com carteira assinada no setor privado foi 10,8 milhões nesse mês. Comparado com o período do ano passado, tal aumento redunda na criação de 634 mil postos de trabalho formal. A menor curva de desemprego está relacionada ao aumento de consumo e da evolução do rendimento, que mostra um ganho real no poder de compra de pessoas com carteira assinada. Não existe mágica nisso, apenas uma melhor organização da economia, poucas vezes observada na história recente do nosso país.<br />Por outro lado, tal situação se reflete na queda da desigualdade social de forma consecutiva, em relação à metade da população de miseráveis que existiam há oito anos, ou seja, 28 milhões de pessoas – que correspondem em índices a 15,32% dos brasileiros – sendo que tal resultado é consequência de investimentos diretos em educação e em programas sociais.<br />Falando dos programas sociais, o Bolsa Família, uns dos pilares da luta contra a desigualdade, está sendo estudado pelo governo Chinês com o objetivo de melhorar as condições da população daquele país, tornando-se desse modo, um dos nossos melhores produtos de exportação social. Deve-se também citar o microcrédito, que é um segmento de negócios no qual o Brasil lidera na América Latina. O Banco do Nordeste do Brasil – BNB, mediante o programa Crediamigo, fomenta a inclusão da população carente no processo produtivo da economia, incluindo-os no consumo social. Esta iniciativa, é bom ressaltar, é considerada pela revista “Microfinanzas Américas”, publicada pelo BID, o melhor programa de micro-finanças da América Latina. Orgulho para o Brasil no seu esforço rumo ao desenvolvimento.<br />Victor Alberto Danich<br />Sociólogo</div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-83477357201957047182011-07-27T12:00:00.000-07:002011-07-27T12:01:01.078-07:00O PODER DA MÍDIA PARTIDÁRIA<div align="justify">Na medida em que a política perde seu conteúdo ideológico, os políticos vão se apropriando desta como plataforma para seus interesses particulares. Tanto é assim, que resulta natural que a prática política se transforme e dependa da exposição mediática para a construção do prestigio eleitoral. Os meios de comunicação de massa, sobretudo a televisão, ocupam um lugar privilegiado para denunciar e produzir uma suposta agenda para o debate na sociedade, escondendo no ritual mediático a comercialização da política, na qual a promessa partidária torna-se a matéria prima da democracia formal.<br />A política, esvaziada de conteúdo, resume-se a uma luta por cargos e benefícios particulares, onde a disputa dos interesses sociais concretos se dilui num marco institucional corrompido, que sempre coloca fora da discussão os interesses hegemônicos disfarçados pelo discurso progressista. É assim como as posições políticas expressadas pelos respectivos partidos que se submetem ao jogo proposto pela democracia formal, evitam basear-se no confronto de ideias em relação a uma leitura da realidade, muito menos com argumentos que defendam os interesses sociais que representam. Uma das consequências fundamentais do esvaziamento da política é o distanciamento do homem comum desta prática. Sua apatia e indiferença com os processos eleitorais, em que tais democracias condicionadas pelo poder mediático se expressam, terminam provocando o pior que pode acontecer no corpo da sociedade, a separação perigosa entre o sistema político e o coletivo social.<br />Quando o interesse da população diminui em relação ao mundo da política – aprofundando a desconfiança nos representantes e limitando a filiação aos próprios partidos – os políticos precisam mais do que nunca da influência das forças mediáticas para ganhar e reter o apoio do eleitorado. Uma matéria favorável ou uma aparição na televisão, por exemplo, equivale a uma comunicação gratuita com milhares de indivíduos impactados através da mídia, que tem como resultado um efeito de convencimento maior do que a propaganda paga. Produze-se assim um ciclo realimentado entre a exclusão política e o poder crescente dos grupos mais poderosos da sociedade, que tem na classe política seus principais cúmplices.<br />A questão democrática sempre foi historicamente um fato central em relação à expressão dos interesses populares. Em outras palavras, as liberdades eleitorais sempre foram, durante décadas, um risco ao continuísmo dos interesses dominantes. Nessa configuração é que devemos encontrar a resposta ao fenômeno das sucessivas ditaduras militares no continente latinoamericano. A contradição entre a democracia formal – que é a outra cara complementar do mercado – e a democracia real, de conteúdo, na qual a política não é alheia ao que sucede ao conjunto do povo, torna-se imprescindível ser entendida politicamente. Estas duas formas distintas de conceber a democracia existem, mas não são idênticas. A formal tem como condicionante o enraizamento da exclusão política. A real, por outro lado, é a que viabiliza a liberdade das maiorias de escolher um governo verdadeiramente popular e democrático.<br />Victor Alberto Danich<br />Sociólogo </div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-67016972933146426142011-07-27T11:58:00.000-07:002011-07-27T11:59:50.513-07:00A VOLTA DO ESTADO BENFEITOR<div align="justify">Durante muito tempo o povo brasileiro se alimentou de frases feitas para sentenciar qualquer tipo de evento vinculado ao comportamento humano. Os mais intelectualizados citam filósofos gregos para discutir os caminhos da ética e seus limites. Outros, sem esconder o fascínio que lhes produz o império americano, recorrem aos provérbios e citações carregados de clichês de seus sucessivos presidentes, desde Abraham Lincoln até aqueles que permearam durante décadas o imaginário coletivo latinoamericano, sedimentados em grupos com profundo complexo de “vira latas”, incapazes de sentir orgulho de seus heróis nativos.<br />Não vou negar minha antipatia pelo imperialismo cultural, porém, vou aproveitar este enlace para relembrar parte do discurso de posse do falecido presidente norteamericano Ronald Reagan em 1981: “Na atual crise, o Estado não é a solução para nosso problema; o Estado é o problema”. A partir dessa conceituação, tal senhor assentou as bases de um modelo econômico mundial que, perante seu fracasso incontestável, encaminhou-se na direção de seu próprio suicídio. O capitalismo revisitado tal vez seja a única opção de sobrevivência. A falsidade da frase presidencial encontra-se exatamente no seu contrário: “O Estado não é o problema, o Estado é a solução”.<br />Como iniciativa de socialização política, o liberalismo volta a colapsar historicamente, no sentido de ser oficializado como modelo organizador da sociedade, principalmente por sua incapacidade de gerenciar o mercado. Nisso consiste a atual crise do capitalismo, marcado pelo fracasso de sua proposta civilizatória, pela fraqueza de seus princípios e pela contradição de suas instituições. O caso norteamericano é um exemplo do esgotamento dos incentivos financeiros injetados nos países ricos de forma a atenuar a crise, da qual o próprio mercado desregulado é o culpável. Em 2009, o governo federal dos Estados Unidos teve um déficit fiscal de 1,5 trilhões de dólares, sendo que a Reserva Federal teve que gastar 1,5 trilhões de dólares para comprar dívidas de hipotecas, de modo a evitar o colapso do mercado. Tais políticas de estímulo para salvar o mundo capitalista de bancarrota estão cercadas por sua própria ineficiência. A explosão da dívida pública grega, não só afeta os países devedores mais vulneráveis, mas também os seus principais credores, principalmente na acumulação de ativos de crédito-lixo. Desse modo, o Estado termina comprometendo sua generosidade através das únicas opções possíveis, cortes de gastos, reduções salariais, aumentos nas taxas de juros, contração produtiva e estagnação econômica, atendendo assim as exigências dos credores globais. O pretenso modelo autorregulatorio neoliberal se desmorona na sua própria construção ideológica. Não estamos falando da volta ao século passado, quando as crises eram resolvidas de forma autoritária através da intervenção e regulação por parte do Estado todo-poderoso. No entanto, como alternativa, pode-se recorrer a medidas políticas adotadas por alguns governos latinoamericanos, que conseguiram ultrapassar a crise e criar novos horizontes econômicos para um futuro sustentável. <br />Victor Alberto Danich<br />Sociólogo </div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-68042815779982763902011-07-27T11:57:00.000-07:002011-07-27T11:58:25.739-07:00O VIGOR CRIATIVO DE AMÉRICA LATINA<div align="justify">Em 09/05/2007 a revista Veja, com sua soberba característica, publicou um artigo intitulado “O retorno do idiota”, escrito por Álvaro Vargas Llosa, diretor do “Centro para a Prosperidade Global”, no qual fazia uma análise das políticas adotadas por alguns países da região, que explicitamente se confrontavam com as ideias da onda neoliberal vigente na época. Tal artigo tinha como objetivo ridicularizar as iniciativas econômicas dos governantes locais, dedicados, segundo o texto, a criar empecilhos com “métodos ineficazes adotados pelas novas gerações de revolucionários”, que surgiram com promessas populistas para sabotar um projeto assentado na prosperidade e oportunidade para todos. Vargas Llosa finaliza sua análise fajuta criminalizando tais iniciativas, explicando que tal comportamento era resultado do “ego fraco dos nossos povos” “profundamente ressentidos” por não ter acesso à mobilidade social. A realidade recente desmente categoricamente tal argumento, para sorte desta América Latina sofrida e humilhada durante tanto tempo.<br />O articulista citado reside nos Estados Unidos, e seguramente deve-se sentir incomodado com os cerca de 14 milhões de norte-americanos desempregados, cifra que eleva para 9,1% o total de trabalhadores naquela situação no país, resultado da fraca criação de postos de trabalho por parte do setor privado. No setor público, ao mesmo tempo, foram despedidos desde 2008 cerca de 446 mil funcionários, sobretudo na Educação, além de outros 28 mil trabalhadores estatais e municipais exonerados nestes últimos meses. Junta-se ao desemprego generalizado, o flagelo das pobreza extrema, que atingiu seu auge na cidade de Nova York, que já conta com 1,4 milhões de famintos – dos quais 40% são crianças – conforme revela a Coligação Contra a Fome daquela cidade. Vale ressaltar que o índice de pobreza entre os nova-iorquinos cresceu 14,2 e 15,8% em 2008 e 2009 respectivamente. Imagino em que situação psicológica encontra-se o ego destes indivíduos, sempre confiantes na retórica neoliberal.<br />Por outro lado, no momento em que escrevo, as frentes de trabalho se espalham por todos os países latinoamericanos. A Organização Internacional do Trabalho – OIT, e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - CEPAL, indicam uma forte recuperação econômica da nossa região. Tal constatação pode ser verificada na significativa queda na taxa de desemprego urbano, situada nos 7,3%, o que a transformou no índice mais baixo dos últimos 20 anos. A “nova geração de revolucionários” – epíteto burlesco usado por Vargas Llosa – delinearam vigorosas políticas anticíclicas que permitiram enfrentar a crise financeira internacional de 2008/2009, e que foram decisivas para a redução da vulnerabilidade e a posterior recuperação econômica. Tal iniciativa teve reflexos positivos na oferta de empregos e aumento da renda, concretizando-se num aumento médio de 6% no Brasil, Uruguai, Chile e Nicarágua, e a um nível entre 3% e 5% na Costa Rica, no México, Panamá e Peru. O presidente Obama deveria enviar seus economistas a fazerem um curso intensivo nas melhores universidades de América Latina. Quem sabe assim aprendem.<br />Victor Alberto Danich<br />Sociólogo</div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-46092947508081658682011-07-27T11:55:00.000-07:002011-07-27T11:57:11.656-07:00O LADO ESCURO DA ECONOMIA LIBERAL<div align="justify">Lembro-me do famoso guru da empresa de consultoria McKinsey, Kenichi Ohmae, quando afirmou, nos finais dos anos 90 que “Os estados-nações converteram-se em unidades de operações artificiais, inviáveis mesmo em uma economia mundial”, ao tempo em que num ufanismo quase religioso sentenciava e enviava para a lixeira da história as identidades nacionais, sepultadas por uma nova era utilitarista e sem ideologias. Nessa oportunidade, o próprio Peter Drucker diria no seu livro “A Sociedade Pós-Capitalista”, que a obsolescência do estado significava um novo mundo sem crenças coletivas e baseado na economia global de mercado.<br />No entanto, a civilização entrou no terceiro milênio descobrindo que o processo neoliberal tanto alardeado, não passara de um despotismo estrutural que reproduz a tradição ideológica do liberalismo econômico do século 19, que sempre tentou impor as forças irresistíveis do mercado sobre a soberania política das nações. A prova reside na onda de corrupção que atingiram os estados a partir da década de 90, que coincide com a aplicação de uma estratégia neoliberal - estreito noivado entre os delinqüentes públicos e a globalização - que causaram uma violenta concentração de renda por parte de grandes grupos privados não muito longe das organizações criminosas.<br />A criminalidade que se aprofundou no tecido social constituiu-se numa teia de vínculos complexos entre as elites financeiras, políticos corruptos, traficantes de drogas e quadrilhas de delinqüentes internacionais. A ampla rede de parasitismo mundial numa escala jamais vista na história da humanidade é a hospedeira de seres monstruosos incapazes de qualquer ato civilizado. No leste europeu e na antiga União Soviética, a entrada desenfreada na economia de mercado provocou uma intensa decomposição cultural que propiciou a expansão da criminalidade. Por outro lado, em menos de uma década, o complexo urbano dos países latinoamericanos passou a ser um território ocupado por criminosos tão devastadores como as antigas ditaduras militares, onde grandes contingentes da população mais carente transformaram o crime num modo de sobrevivência, enquanto os grupos mais poderosos usavam as artimanhas do roubo institucionalizado na mais gritante impunidade.<br />Segundo um relatório da ONU de 2009, as atividades criminosas das redes mafiosas mundiais produziram uma renda anual de um trilhão de dólares, produto de narcotráfico, tráfico de armas, prostituição, jogo clandestino e contrabando em escala infinita. No entanto, se somarmos a esta assustadora estatística os próprios negócios legais que servem para realizar lavagem de dinheiro ilícito, chega-se a valores em torno de quatro trilhões de dólares, o que significa aproximadamente 13% do Produto Mundial Bruto.<br />Enquanto milhões de seres humanos continuam esperando pelas promessas da “emancipação social” de Peter Drucker ou de Francis Fukuyama, um novo panorama começa a se esboçar na sombra autoritária do sistema financeiro global, que é a descoberta de seu viés criminoso, e que precisa ser combatido de forma honesta pelas novas gerações de políticos comprometidos com a justiça social. <br />Victor Alberto Danich<br />Sociólogo</div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-9337467512940240272011-06-17T14:40:00.000-07:002011-06-17T14:41:30.995-07:00EXISTE A IMPRENSA LIVRE?<div align="justify">Quando soube que a psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo jornal conservador O Estado de São Paulo por causa do artigo intitulado “Dois pesos...”, que falava sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres, e considerado por aquele meio como um “delito de opinião”, tal fato me conduziu a fazer o seguinte questionamento: a liberdade de imprensa dos grandes meios de comunicação existe verdadeiramente, ou beneficia aos grupos de poder em detrimento daqueles que questionam sua parcialidade?<br />Minha pergunta não está atrelada a uma “teoria da conspiração”, e sim a eventos vinculados aos subsistemas da sociedade, invisíveis aos usuários e úteis ao poder mediático. Este poder, por exemplo, exalta um discurso sobre a necessidade de melhores dirigentes políticos, ao mesmo tempo em que simplifica e banaliza todos os temas, procura culpáveis e inocentes, fomentando a frivolidade e estereótipos a seguir. Raramente os meios massivos resgatam o positivo dos governantes que atuam com honestidade, utilizando uma visão maniqueísta destinada a provocar uma participação induzida, geralmente centrada em meras opiniões. Nesse sentido, na medida em que a política é esvaziada ideologicamente e os políticos se apropriam dos partidos para atender seus interesses particulares, resulta lógico que essa prática dependa cada dia mais da alternativa mediática, principalmente daquela mais poderosa. Esta, por sua vez, no lugar de ser um meio de equilíbrio na discussão multipartidária, transforma-se no verdadeiro poder, descaracterizando-se como imprensa livre de atavismos, e o que é pior ainda, erigindo-se na detentora de uma visão unilateral.<br />Como se logra tal condicionante? A fórmula está centrada no impacto do mediático na política através da construção do discurso. Não apenas pelo temor do discurso inconveniente, apesar de realista, senão também porque se coloca a moderação como regra, a neutralidade ideológica como pauta, e, sobretudo, pelas concessões que devem ser feitas ao modo de dizer as coisas. Na suposta imprensa livre, livre para decidir o que é certo ou errado, o discurso dos dirigentes partidários se disfarça e torna-se refém do politicamente correto. Nunca o discurso é o mais importante, porque sempre aparece como suspeito, viciado pelo pecado emblemático da corrupção intrínseca daqueles que disputam o poder. Tal suspeita jamais atinge aos verdadeiros poderosos grupos econômicos, que, na sua onipotência jornalística, usam a mídia para radicalizar posturas polarizadas, criminalizando ou descaracterizando inimigos, simplificando ao máximo os problemas, prestigiando desse modo aqueles da sua preferência.<br />Entretanto, o poder mediático vai além do condicionamento do discurso. Reserva para si a confecção da agenda, ou seja, a temática a ser tratada, eliminando aqueles que a contradizem, enquanto veiculam seus posicionamentos como se fossem próprios da “opinião pública”. Raramente optam por causas difíceis de defender, determinando ordem de prioridades que em sua maioria não respondem às necessidades reais da sociedade, e que em seu conjunto jamais coincidem com os interesses dos excluídos.<br />Victor Alberto Danich<br />Sociólogo </div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8370999732828472672.post-43356286021067982562011-06-17T14:35:00.000-07:002011-06-17T14:36:28.950-07:00BRASIL SEM MISÉRIA<div align="justify">O programa “Brasil sem Miséria”, lançado pela presidenta Dilma Rousseff, e que foi uma das principais promessas enquanto era candidata, tem como objetivo tirar da pobreza extrema 16,2 milhões de pessoas, incluindo-as desse modo, por meio do consumo, às atividades econômicas da sociedade. Tal iniciativa, que excede a formatação do Bolsa Família, centrado em vastos programas de transferência de renda durante o governo anterior – ação imediata para tirar 20 milhões de pessoas da miséria – estabelece uma mudança qualitativa no sentido de incorporar e ampliar o acesso aos serviços públicos, qualificação profissional e oportunidades de emprego formal. A operacionalização do programa não surge apenas de uma conceituação partidária ou voluntarista, e sim da inclusão de todos os agentes públicos, aliados ou não, de modo a criar parcerias nos diferentes Estados da União, que permitam a ampliação do programa através de ações complementares de distribuição de renda e inclusão produtiva.<br />O quadro atual de pobreza no Brasil está fixado na região Nordeste, que concentra 10 milhões de brasileiros extremadamente pobres, medido através do critério de renda ou de condições de sobrevivência. Os indicadores para avaliar a situação desses indivíduos – cujos recursos não excedem os R$70 por mês – que não possuem renda e vivem em locais sem banheiro próprio ou acesso a rede de água e esgoto, e que comportam uma família com até três crianças com menos de 14 anos, são suficientes para justificar a inclusão de 800 mil famílias no programa de transferência de renda do governo até 2013. Tal iniciativa, conforme o programa destaca, está centrada no objetivo principal de permitir que os extremadamente pobres tenham oportunidade de acesso aos milhões de vagas disponíveis de trabalho no país.<br />De que forma o governo pretende aplicar na prática tais medidas? Existe um mapeamento preliminar realizado pela pasta da ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, que além da qualificação da mão-de-obra dos beneficiários do programa, tem como meta incentivar na área rural o aumento da produção da agricultura familiar, atendendo os agricultores por meio de assistência técnica em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, e pagamento de uma bolsa verde de $R 2.400,00. Tal mapa de oportunidades foi elaborado a partir da constatação de que dos 8,6 milhões de indivíduos extremadamente pobres das áreas urbanas, 52% deste total vive no Nordeste e 24% na região Sudeste. De uma população de 30 milhões de brasileiros residentes no campo, 7,59 milhões encontram-se na extrema pobreza, que corresponde a 25,5% desse total. Por outro lado, a extensão do programa “Brasil sem Miséria” para os centros urbanos está vinculada ao financiamento do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, que envolve os projetos habitacionais “Minha Casa, Minha Vida” e vagas do Programa de Desenvolvimento Produtivo – PDP do governo Federal. Tal é o papel de um Estado soberano: cumprir com a tarefa de resguardar sua capacidade de resposta social, principalmente para aqueles mais desprotegidos e invisíveis aos olhos dos mais privilegiados.</div><br /><div align="justify">Victor Alberto Danich</div><br /><div align="justify">Sociólogo </div>PENSAMENTO E DIALÉTICAhttp://www.blogger.com/profile/17285815487291739273noreply@blogger.com0