quarta-feira, 17 de outubro de 2007

CARTA À REVISTA VEJA

Prezado Senhores da revista Veja,

Gostaria de encaminhar minha crítica diretamente ao senhor, de modo a explicitar meu desconforto com referência ao desastroso especial sobre o Comandante Ernesto Che Guevara. Comentários de tal natureza, por parte dos autores, de extrema parcialidade e fragmentação histórica, só conseguem reforçar a imagem de um mito universal como é a figura do Che, ícone cultural que representa a síntese dramática de uma época em que a alternativa revolucionária era imaginada como o caminho para uma sociedade diferente, livre do imperialismo colonial que grande parte da humanidade estava padecendo. Talvez porque os símbolos atuais são tão diferentes daqueles que o Che viveu e pelos quais morreu, que hoje parecem sem conteúdo, e são reproduzidos num especial copiado, sem qualquer esforço de pesquisa ampla e imparcial, a partir de um vídeo anticastrista editado nos Estados Unidos, mas que ressuscita, através da desqualificação de um mito, os apavorantes fantasmas internos daqueles que passam a vida atormentados na defesa de seus interesses pecuniários. Tanto é verdade, que existe uma diferença brutal de conteúdo no especial de Dorrit Harazim, publicado na revista Veja da edição 1503 do dia 09/07/1997 com o título “O triunfo final de Che” e a publicação atual, assustada com o surgimento de novas revoltas populares. Nesse caso, o que tal matéria explicitava naquela época? Não era um especial simpático ao Che, já que a direção da revista, conhecida pelo seu conservadorismo, nunca permitiria publicar, e sim como aviso de que com a “busca de seus ossos, ressurgem as idéias e as aventuras do guerrilheiro mitológico”. O destino social da figura do Che no inconsciente coletivo de grande parte da humanidade não pode ser desautorizado por um “especial de pasquim”, destinado a obscurecer os triunfos intelectuais acentuando as falhas do homem de carne e osso. Qual o motivo para publicar um suposto “pedido de misericórdia” e não imaginar que qualquer ser humano, numa situação dessas, está sujeito a negociar a rendição? Porque não ressaltar que, perante a morte evidente, o comandante Guevara se levantou desafiando seu assassino, conforme o relatório secreto do exército norte-americano do dia 28 de novembro de 1967, que diz: “Ouvindo os tiros, pela primeira vez Che pareceu apavorado. Ao ver Teran entrar de novo o prisioneiro se levantou mais uma vez para enfrentá-lo, Teran mandou que ficasse sentado, mas Guevara respondeu – Agora quero ficar de pé. Enfurecido, o sargento o intimou para que se sentasse. Mas Che perdeu a calma – Saiba que está matando um homem”.

Resulta muito interessante que os senhores Diogo Schelp e Duda Teixeira tenham dado tanto ênfase ao tema da freqüência do banho e do cheiro do Che. Tal comentário possui uma conotação freudiana, própria de uma sublimação de gênero muito estranha, dir-se-ia duvidosa, que tem a capacidade de imaginar a existência de um guerrilheiro perfumado. O ato falho dos autores ficou claramente explícito na irrelevância do tema. Também é sumamente tendenciosa a afirmativa de que Guevara tinha uma maníaca necessidade de matar pessoas. Pode-se concordar que os fuzilamentos comandados pelo Che eram desprovidos de um processo respeitoso, mas que devem ser vistos num contexto especial, de ânimos exacerbados perante os excessos dos homens de Batista. Quando a revista cita Huber Matos, esconde que Guevara sugeriu a interposição de uma apelação, depois do julgamento, para que o mesmo não fosse fuzilado. As execuções nunca foram um banho de sangue e, segundo o biógrafo Jorge Castañeda “nem se exterminaram pessoas inocentes em número mesmo minimamente significativo”. A luz das torturas e mortes realizadas pelas ditaduras militares de Pinochet, Videla e outros tantos na América latina, assim como os massacres na África e na Ásia praticados pelas hordas mercenárias e assassinas das potências coloniais, tais acontecimentos significaram pouca coisa. É claro que nada justifica a morte de seres humanos. No entanto, forçar a destruição da imagem de um mito, esgrimindo a desinformação histórica e separando os fatos de maneira fragmentada através da desqualificação dos seus personagens, só serve para levantar a suspeita de interesses espúrios, destinados a desmerecer qualquer iniciativa atual que tenha conotações populares. Nesse caso, vale a pena perguntar, já que a revista cita “o sucesso da máquina de propaganda marxista na elaboração de seu maior e até então intocado mito”, a quem tal publicação serve? Aos interesses do imperialismo cultural, oligárquico e conservador? Ou terá outras motivações desconhecidas do grande público?

Entretanto, perante a linha editorial de extrema-direita capenga da revista, me sugere que não existe nada de mais profundo do que apenas escandalizar os incautos leitores leigos. Tal publicação carece de capacidade conspiratória organizada, já que não sabe muito bem o que publica, apenas está direcionada para atender e configurar o discurso de alguns setores de classes sociais seduzidas pela promessa de mobilidade ascendente, que precisam reforçar suas concepções de desigualdade social como coisas do destino, e não como resultado de ações puramente humanas. Nada melhor do que isso para acalmar o desconforto que significa reconhecer a existência da miséria e da exclusão social, que tal revista, isso sim, esconde com suprema maestria.

Desmerecer o trabalho de Guevara à frente da economia da ilha é uma visão mesquinha de quem só visualiza o sucesso monetário como única saída para o progresso humano. É verdade que o Che, no seu empenho de concretizar desafios inalcançáveis numa economia sitiada e sustentada apenas numa monocultura que era a cana de açúcar, o discurso de desenvolvimento ficou grande parte na retórica. Porém, a revolução alcançou grandes conquistas no campo da educação e da saúde. Os autores não citam nada disso, como também nada dizem dos fatos complicadores do cerco americano, que inviabilizava qualquer sonho de desenvolvimento autônomo. No entanto, na sua grandeza, o Che sempre fez sua autocrítica com referência aos transtornos da economia. É por isso que seus erros não superam a competência administrativa, disciplinada e de esforço particular inestimáveis para um país que vivia o isolamento criminoso de uma potência que se sentia a dona do continente. Também é verdade que a tarefa encomendada ao Che era muito difícil de ser realizada. Sua esperança estava na ajuda da União Soviética e no seu voluntarismo particular. Mas isso não era suficiente, e o Che soube fazer as críticas necessárias aos fracassos econômicos da revolução, assumindo suas responsabilidades. Essa parte de sua vida é suficiente para acabar com o mito? Enganam-se os autores de tal matéria que com isso destruirão a imagem de Ernesto Che Guevara. Ele não foi apenas um dos combatentes que levou a cabo ações militares na Sierra Maestra – em que sua coragem lhe valeu a rápida ascensão a Comandante – senão também um protagonista fundamental de uma década marcada por lutas de descolonização e pela crise da Guerra Fria, que a revista Veja esconde sorrateiramente do público desavisado. Tal época configurou sua conversão em símbolo, uma instância que termina consolidando-se com sua morte na Bolívia. Gostem ou não seus algozes panfletários, sua figura se perpetua através da história dimensionada pela ética revolucionária, pela costumeira rejeição de qualquer tipo de privilégios, por seus escritos e por seus sonhos de um mundo com justiça social.

Tal personificação serve como esperança renovadora perante o fracasso evidente da economia de mercado, configurada como o triunfo do capitalismo, de um mundo globalizado apenas na circulação de dinheiro fácil, concentrador de riqueza, sustentado pelo financeirização da economia, do tráfico de drogas, das armas e da prostituição. É esse o mundo que estamos construindo além dos mitos? Quem são seus autores? Em que paraísos se escondem?

Se os senhores da revista Veja ainda não conseguiram entender porque o rosto do Che foi parar no biquíni de Gisele Bündchen, em pôsteres e camisetas de todo o mundo, então devem começar por reinventar suas identidades, de modo a saber que os anos sessenta, tão novamente atuais neste início de século, marcaram grandes lutas populares e de insurreição cultural. Porque é no campo da cultura que o povo se confronta com a expressão da vontade subjugada, da inteligência alienada, cuja função é reproduzir o despojo mental da dependência cultural, de modo a instrumentalizar a desculturação compulsiva. O mito do Che nasceu nesse tempo, e se perpetua porque a cultura popular não é boba e sempre se revitaliza, renovando-o como um ícone cultural, até para mostrá-lo numa roupa feminina, que tanto afeta a auto-estima quanto a inveja repugnante dos feios deste mundo.

Atenciosamente,

Victor Alberto Danich
Sociólogo

19 comentários:

  1. Fiquei muito interessado em saber o que o Senhor entende por extrema-direita. O partido SOCIAL DEMOCRATA é a extrema-direita? Ou seriam os DEMOCRATAS que, em Jaraguá do Sul, coligaram com o Partido TRABALHISTA Brasileiro para ganhar as eleições?

    Atrelar a extrema-direita aos capitalista-liberais chega a ser ofensivo. Já dizia Roberto Campos: “vivemos em um país Mercantilista, o Capitalismo liberal nunca vingou aqui”. Nosso Federação é uma piada, só existe no papel, então, cadê o livre mercado? Cadê o capitalismo liberal? Brasília tem o maior renda percapita do país, sendo que nada gera de riqueza, diga-me, cadê o capitalismo liberal? Nossa alta carga tributária é severamente concentrada em escala federal, cade o capitalismo liberal? o nordeste manda no senado e na camara federal, mas quem gera mais de 50% da riqueza são os Estados do Sul e Sudestes, então, onde estão essas pessoas que o Senhor trata como capitalistas liberais? Conte-me, estou curioso, porque em Brasília ou nas casas legislativas estaduais elas não estão. Lá só vejo estelionatários que usam do Moralismo social para esconder sua vasta ganância por poder, com excessiva intenção de controlar tudo e a todos, assim como faz Fidel em sua “ilha feudal”.

    Outra questão, que o Senhor anda bem desinformado, há muito que os Capitalistas Liberais trocaram a teoria clássica de valor de Adam Smith pela teoria objetiva de valor abordada por Mises. Ao lançar conservadores-liberais e liberais-liberais no mesmo saco, o Senhor cometeu um ato profudamente desonesto. Aconselho alguns sites para curar essa sua desonestidade:
    Mises Brasil www.mises.org.br
    Federalistas http://www.if.org.br/
    Mises dos EUA www.mises.gov
    Libertarians www.lp.org .

    Se não bastasse, defender com romantismo cretinos como Che Guevara ofende todo apreço que tenho pela liberdade individual e pelo pluralismo. O Capitalismo foi a primeira instituição da sociedade humana que tolerou a discordância e a crítica. Um Estado socialista não oferece nenhuma promessa de que tolerará discordâncias. Nunca considerará a questão das reformas. Ele possui os mesmos fundamentos dos Estados antigos. Ele sabe que está certo e completamente certo. Quero ver o Senhor defender Che Guevara na comunidade Cubana em Miami.

    E, se tratando de “inteligência alienada”, essa é dádiva socialista mais hipócrita que conheço. Defende-se a todo custo o senso critico nas escolas, apesar da mais descarada doutrinação gramsciana que nelas existem. O sistema educacional brasileiro, de hegemonia cultural esquerdista, é centralizado na mão do Estado e se vale e depende das teorias de autores como Freire, Gramsci (usado como biblia), Piaget e cia. Então, outra vez, cadê o capitalismo Liberal? Como alguém pode criticar o Capitalismo liberal sem ler autores como Edmund Burke, Hayek, Mises? Se não os leu, então não há como pensar em um "senso crítico" a respeito da Capitalismo Liberal. Afinal, para criticar alguma coisa é antes necessário saber o que se critica. Logo, nota-se a quantidade de absurdos relatadas em sua critica.

    Para finalizar, não é possível existir liberdade politica sem liberdade economica, desconhece a história aquele que afirma o contrário. Por isso, um revolucionário de verdade não confia na centralização dos poderes econômicos e políticos, isso o torna um ditador, colocando-o no mesmo barco de canalhas como Hitler e Fulgencio Batista. Vendo dessa maneira, Che Guevara de revolucionário não tinha nada.

    Adeus
    Estudante de Eng.

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  2. Senhor Cata
    Estimo que esteja usando um pseudônimo de modo a esconder seu nome verdadeiro. O uso do anonimato é uma ferramenta mito usada por indivíduos que não gostam de serem expostos em suas argumentações. Tenho a impressão que o senhor se encaixa nesse perfil.
    Vamos ao que interessa. Pode-se perceber que o senhor carece de uma visão ampla do que significa a construção ideológica dos rótulos políticos. Tenho a impressão que o senhor está muito desatualizado dos processos históricos que ocorreram durante o século passado. Falar de liberalismo econômico é traçar um roteiro trágico da bestialidade imposta aos povos latino-americanos a partir da década de oitenta. A extrema direita está intimamente associada a tal modelo liberal. Vamos fazer um pouco de história de acordo com um artigo que faz parte deste blog: “O continente latino-americano foi testemunha da primeira experiência neoliberal na década de 80, no Chile, sob a ditadura de Pinochet. Aquele regime teve o mérito de ter sido o verdadeiro pioneiro do ciclo neoliberal na história contemporânea. O Chile do Pinochet iniciou seu programa de forma decidida: desregulamentação, desemprego massivo, repressão sindical, redistribuição da renda entre os mais ricos e privatização dos bens públicos. O neoliberalismo chileno, bem entendido, teve como proposta central a abolição da democracia e a instalação de uma das mais selvagens ditaduras de pós-guerra. Nesse sentido, os pais do neoliberalismo, Friedrich Hayek e Milton Friedman, viam com admiração a experiência chilena. A liberdade e a democracia, diziam, podiam tornar-se facilmente incompatíveis, se a maioria democrática decidisse interferir nos direitos incondicionais dos agentes econômicos para dispor das rendas e propriedades conforme seus interesses”.
    Isso contesta plenamente seu “clichê” imediatista de dizer que “não é possível existir liberdade política sem liberdade econômica”. As ditaduras latino-americanas praticaram a fórmula dos feiticeiros neoliberais, que não são exatamente do cunho democrático que o senhor tanto admira. Em contraste com seus juízos de valor, pode ter certeza que tenho lido profundamente o pensamento econômico de “Edmund Burke, Hayek e Mises” que foram os patrocinadores da escola dos “Boys de Chicago” (leia meu artigo “dando nome aos bois” do dia 18/03/2009, no O Correio do Povo), e que são os responsáveis da hecatombe econômica com epicentro nos Estados Unidos.
    Por outro lado, seu discurso de conotações agressivas é próprio daquelas pessoas que se escudam por trás de um suposto conhecimento, mas que não passam de reprodutores de “réplicas empacotadas”, sem qualquer configuração metodologicamente organizada.
    A prova disso é que seu comentário está totalmente fora do foco da argumentação do texto questionado. Também sugeriria ao senhor que aprofundasse a pesquisa sobre a vida do Comandante Ernesto Guevara de La Serna, de modo a deixar de lado sua falta de flexibilidade no entendimento dos contextos históricos, que, no caso do Che estavam situados numa época de luta pela descolonização no mundo. Por último, suas afirmações parecem ser as de um indivíduo de mal com a vida, que ainda não sabe distinguir os caminhos que possam levar ao ser humano à construção de uma sociedade fraterna e solidária.
    Sinto que, perante um comentário da natureza de seu discurso, não perderia tempo em responder-lhe, mas como este blog está direcionado a discussão dialética, talvez a missão esteja cumprida, se é que entendeu o conteúdo da mensagem.
    Prof. Victor Alberto Danich

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  3. 1º Sou eu que estou de mal com a vida?

    Impressionante como os Senhores da esquerda adoram distorcer os fatos. Você está trilhando neste blog um caminho baseado em agressão depravada contra o Capitalismo Liberal, sem ter o menor conhecimento sobre o assunto. Tenho um artigo da Época (Mídia imperialista e doutrinária haha) que retrata muito bem sua desonestidade.

    “Os detratores do liberalismo conseguiram a proeza de responsabilizá-lo por todos os males, como se alguma vez ele tivesse sido real. em nosso país, a idéia de socialismo guarda uma aura quase religiosa. Ela veio a ser identificada a uma sociedade perfeita, em relação à qual todas as demais seriam imperfeitas, em particular o capitalismo. Sob a batuta de tais idéias, o estado ganha em tamanho, gastos e onipotência”
    http://epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDG79836-8381-9-1,00.html

    Outra coisa, não fui eu quem criou um blog para guspir no capitalismo liberal de forma tão distorcida e alienada, sem mesmo saber realmente do que se trata. Porem, para o Sr, sou eu quem está de mal com a vida? É notável que seu “conhecimento” sobre “Capitalismo Liberal” não passa de um monte de clichês apresentados cotidianamente pelos socialistas em todos os cantos. Vide seus próprios comentários, imperialismo, extrema direita, liberalismo nefasto.


    Eu não nego ter influências ideologias, assim como o Senhor possui as suas préprias. Acontece que o Senhor está entrando em campo que desconhece, mas não reconhece isso. Para ter senso crítico é necessário conhecer o que se critica, então pq não vá ler um livro de economia austríaca para verificar quanta m$%¨!!! o senhor guspiu aqui e quantas pessoas ofendeu com sua desonestidade?

    2º Como poderiam as ditaduras Latinas Americanas, exceto Chile, serem baseada no Capitalismo Liberal se, no entanto, elas nunca respeitaram princípios básicos de uma economia liberal como a efetiva descentralização do poder econômico e de decisões? O Senhor não sabe diferenciar Capitalismo Liberal de MERCANTILISMO, e sou eu quem desconhece a história? Atrelar esses Mercantilistas escrupulosos, que governaram o Brasil durante a ditadura, a ideologia libertária me ofende profundamente, isso prova somente sua ignorância sobre o assunto. Convido o Senhor para participar do Fórum da Liberdade para discutir com pessoas as quais o Senhor taxa cretinamente de malvadas, imperialistas e “sem amor ao próximo”.

    3º Sobre o Chile

    Já q sou, p o Sr, mero defundo vivo que desconhece a historia. Então, encaminho a opinião de um palestrante do Fórum da liberdade a respeito do Chile.

    Longa Noite
    http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2006/12/longa-noite.html

    A crise vista por um prisma liberal
    http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2009/03/crise-vista-por-um-prisma-liberal.html

    O Senhor retrata a questão das ditaduras como se houvesse, naquela época, duas maravilhosas escolhas entre uma democracia liberal e uma democracia social. Acontece que historicamente verificamos outras rotas, bem diferentes desse suposto imaginário infantil, onde podemos considerar Cuba e Chile os modelos mais divergentes. Acontece que o modelo cubano persiste até hoje, 20 anos após a queda do muro de Berlin, uma ditadura nefasta que mant¨em seu povo acorrentado sem a possibilidade de desfrutar dos direitos mais básicos, como de ir e vir, sem apreço qualquer por pluralidade. Mas, é o Chile que o Senhor ataca e, ainda por cima, fazendo postura de democrata.

    Outra questão, é o rumo que a Venezuela está tomando em sua economia hoje, distanciando cada vez mais da democracia, colocando um BEM MAIOR, que nada mais é que um suposto "bem" social para justificar as atrocidades políticas cometidas pelo governo central contra as liberdades dos indivíduos e a pouca autonomia que as regiões desfrutam. Assim como Hitler, Chaves está enterrando de vez o liberalismo econômico, tornando a economia refém do Governo Central, concentrando poder em poucas mãos. Parafraseando Mises:
    “Deve ser sempre enfatizado que o nacionalismo econômico é um corolário do estatismo, seja o intervencionismo ou o socialismo.”

    A Vezenuela está denegrindo a democracia e a pluralidade em ações que produzem maior centralização, não só de renda, mas de poder sobre tudo e todos. Mas é o Chile que o Senhor vem criticar, e pior, fazendo postura de democrata.
    Desonesto alegar que o Liberalismo é excludente, quando a grande exclusão que foi capaz de por em fuga uma massa para o Ocidente é justamente a exclusão dos regimes intervencionistas. Cuba migrou pra Miami, agora é a vez da Venezuela.

    4º Sobre esse seu comentário:
    “(leia meu artigo “dando nome aos bois” do dia 18/03/2009, no O Correio do Povo), e que são os responsáveis da hecatombe econômica com epicentro nos Estados Unidos”

    Eu não tive acesso a essa coluna, mas eu imagino que seja o enaltecimento do clichê atual: “A morte do Neoliberalismo”. Ou estou errado?

    Também tenho uma coluna para o Senhor a respeito da crise:
    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=240


    5º Estou no anonimato sim, isso já estava claro, isso te incomoda? Eu não respondi especificamente este tópico, mas todas as bobagens e ofensas depressivas comentadas em outras postagens acerca da ideologia Libertária, a qual o Senhor nada conhece.

    Eu não tenho mais nada a discutir com o Senhor. O Senhor é uma vergonha para minha cidade... acredita que Jaragua do Sul desfruta de qualidade de vida por causa de atitudes “humanas”, benevolente e gentis do "bonzinho" governo federal brasileiro ou por que as pessoas, tendo certa liberdade de ação e baseadas em seus interesses individuais, trabalharam duro para construir essa realidade?

    “Mais incoerente que um empresário usando a camisa de Che em sua motocicleta de última geração, é presenciar um Gerente Executivo da Incubadora de Projetos Tecnológicos trilhando contra o capitalismo e defendendo sistemas feudais que não tem nenhum apreço pelos direitos humanos.E pior, fazendo postura de democrata.” Cata

    Definitivamente, adeus!

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  4. Ao senhor Luiz M., Cata ou estudante de engenharia
    Como estou acostumado aos embates ideológicos, sejam eles de qualquer natureza, minha resposta a sua primeira crítica esteve configurada dentro do vocabulário usado pelo senhor. Essa é uma maneira de marcar território, de modo a saber onde a gente está pisando. Na verdade, minha inclinação natural está focada na dialética do pensamento, e não na ideia de transformar este blog num depósito de agressões particulares. Portanto, tentarei utilizar uma linguagem gentil, de modo à contra-argumentar suas considerações.
    Resulta interessante que o senhor tenha utilizado como motivo desta discussão, meu texto “Carta a revista Veja” do dia 17 de outubro de 2007, que antes de ser publicada no meu blog, foi encaminhada com meu nome completo para o Diretor de Redação Sr. Eurípedes Alcântara, que retribuiu com outra correspondência, na qual discutimos de maneira civilizada nossos pontos de vista divergentes. Torna-se evidente que o problema do senhor não é questionar pensamentos econômicos, e sim criminalizar na sua totalidade o pensamento de esquerda, não importando as contribuições que tais movimentos trouxeram em benefícios dos mais pobres.
    Se o senhor acompanhasse meu blog na íntegra, poderia ter usado outros textos como referência para suas críticas, e não a utilização de um texto que estava destinado a questionar uma reportagem da revista sobre a atuação do comandante Ernesto Guevara de La Serna em Cuba. Nada nesta vida pode ser estudado sem antes tirar o caráter a - histórico das discussões sociopolíticas. Todo fenômeno de qualquer natureza sempre é resultado de um viés histórico.
    Dizer que eu não tenho o menor conhecimento sobre temas econômicos, além de exercitar a desonestidade, é um juízo de valor temerário. Primeiro, porque o senhor nem conhece minha trajetória acadêmica, política e pública. Segundo, porque suas argumentações estão impregnadas de teorias acadêmicas elegantes, que sempre funcionaram no nível de “parábolas para entender os processos econômicos” que a realidade contundente se encarregou de desmentir contemporaneamente. Ainda bem.
    Como percebi que o senhor gosta tanto de Ludwig Von Mises, vamos fazer um pouco de história. Primeiramente, vamos relembrar Jean-Baptiste Say, pensador econômico que se considerava o precursor das ideias de Adam Smith, e afirmava, diferentemente de seu tutor, que a fonte do valor era a utilidade e não o trabalho. Tal conceito terminou orientando uma filosofia social na qual se tentava demonstrar, em última instância, que o capitalismo de livre mercado era um sistema de harmonia social. Tais ideias foram as precursoras da tradição neoclássica (Senior e Bastiat) de fins do século XIX e XX, que advogava o extremo laissez-faire, e que serviram de base para arcabouço intelectual (apesar de não ser reconhecido) da Escola Austríaca, também sustentada pelas das ideias de Carl Menger, criador do individualismo metodológico. Este senhor defendia suas teorias econômicas a partir da ideia de que a Ciência pura é isenta de valores. Tais elementos valorativos, como a ética e a moral, dizia, nada tem a ver com a Ciência, e, portanto a economia como ciência, era isenta de valores. Não há nada de mais desonesto do que afirmar tal sofisma, que, goste ou não, é a característica fundamental da Escola Austríaca, propulsada pelos seus discípulos ultraconservadores: Ludwig Von Mises e Friedrich A. Hayek, que influenciaram e arquitetaram a formatação da Escola de Chicago, cujo representante mais influente, durante muito tempo confinado na reserva intelectual, foi o Prêmio Nobel de Economia de 1976, Milton Friedman.
    Como premissa seguinte, já que conhecemos os ideólogos de tais fundamentos econômicos, vamos analisar a economia neoclássica liberal conservadora. Tal pensamento econômico, como já foi citado anteriormente, e que sua teoria é pura, isenta de valores, que carece de qualquer “julgamento normativo”. Sua pretensão metodológica não está baseada apenas nisso, senão que pretende ser um modelo econômico que possui o mesmo valor para todas as sociedades, para todos os sistemas sociais e para todas as épocas. Frank Knight, um dos fundadores da Escola de Chicago, dizia que os professores deviam “inculcar” aos seus acadêmicos de que a teoria do livre mercado é “uma característica sagrada do sistema”. O desafio para estes pensadores, entre eles Friedman, o capitalismo é “um maravilhoso conjunto de elementos”, ou melhor, “uma maquinaria celestial, uma obra de arte perfeita”. O interessante desta visão estava assentado no horror da interferência do Estado em todos os lugares. Os políticos fixavam os preços para tornar alguns produtos mais acessíveis às pessoas, estipulavam salários mínimos para evitar a exploração dos trabalhadores e ajudavam os mesmos a acessar a educação e proteção social mantida nas mãos do Estado. O livre mercado deveria acabar com tais aberrações. A escola de Chicago, como diz a autora do livro “A doutrina do choque” Naomi Klein, não considerava o marxismo como principal inimigo. O principal problema a ser resolvido era eliminar as ideias Keynesianas nos Estados Unidos, os socialdemocratas na Europa e os desenvolvimentistas nos países latino-americanos. Contrariamente ao que o senhor imagina, eu não sou um comunista mimetizado. Sou uma pessoa que viveu em épocas do Estado do Bem-estar social, assentado num capitalismo produtivo direcionado a fabricação de produtos de consumo massivo, de educação e saúde socializada, de um Estado preocupado com sua capacidade de resposta social, de modo a atenuar os extremos do capitalismo, que permitisse a todos os segmentos da sociedade ao sonho de uma vida digna.
    Não sei qual é sua idade, mas se por acaso, não teve a experiência de haver vivido essa fase de transição de um modelo para outro, vou fazer algumas considerações, que talvez sejam esclarecedoras para o senhor.
    Na época de pós-guerra (eu nasci em 1948), as potências ocidentais optaram por introduzir o princípio de que as economias de mercado, estrategicamente, deviam dar garantias de um nível de dignidade básica, suficientemente elevado para que as pessoas flageladas e desiludidas, não se tornaram alvo fácil do fascismo ou comunismo. Foram justamente esses condicionantes que permitiram aquilo que hoje associamos com um capitalismo decente. O Estado do bem-estar social permitiu que nos Estados Unidos fosse construído um sistema de seguridade social – que hoje não existe mais – políticas públicas de saúde e educação na Inglaterra e Canadá, leis de proteção ao trabalhador na Alemanha e França, e, principalmente nos países latino-americanos, políticas desenvolvimentistas para ajudar a tirar da pobreza milhões de seres humanos. Nos anos 50, tanto os keynesianos e os socialdemocratas dos países ricos, assim como dos desenvolvimentistas, em especial Argentina, Chile, Uruguai e o próprio Brasil, experimentaram avanços impressionantes em matéria de infra-instrutoras produtivas.
    Esse era o real problema dos “Boys de Chicago”. O sucesso das economias keynesianas e desenvolvimentistas de cunho estatal, obscureciam as ideias liberais ultraconservadoras do Departamento de Economia da Universidade de Chicago. No fundo, estes pretendiam que todas as conquistas sociais logradas através de um capitalismo produtivo, fossem devolvidas para mãos privadas, além, é claro, que o Estado abandonasse de vez os serviços oferecidos em termos de resposta social. Acompanhando sua sugestão, li o artigo “A crise vista por um prisma liberal” de Rodrigo Constantino. Não farei nenhum comentário porque não há necessidade de perder tempo nisso. O ex-assessor econômico do governo de Bill Clinton, Joseph E. Stiglitz, Premio Nobel de economia de 2001, se encarrega de desconstruir tal texto no seu livro “Os felizes anos 90: A semente da destruição” (Taurus, 2003).
    Resulta interessante que as crises americanas acontecem com governos conservadores que aplicaram a lógica neoliberal. Nixon e a guerra de Vietnam, a voraz desregulamentação na era Reagan e Margareth Teacher, e, recentemente, no Governo George Bush. Sintomaticamente, foi o governo do democrata Bill Clinton que conseguiu sanear as contas a fim de entregar um país viável economicamente (sua mulher Hillary, foi acusada de comunista porque queria implantar um sistema universal e gratuito de saúde).
    Entretanto, a participação do governo americano na economia sempre esteve ao serviço das grandes corporações. A escola de Chicago, manejada intelectualmente pelo autor do popular livro “Capitalismo e liberdade”, Milton Friedman, declarou definitivamente a guerra ao Estado do Bem-estar social. Seus agentes operacionais foram John Foster Dulles e seu irmão Allen Dulles, diretor da CIA, antigos empregados do escritório de advocacia Sullivan&Cromwell de Nova Iorque, defensores dos interesses comerciais de grandes corporações, entre elas a United Fruit Company. A história do golpe de estado contra o presidente Jacobo Arbenz Gusmán, presidente de Guatemala, patrocinado pela CIA por petição direta da United Fruit é demasiado conhecida para determos nesse assunto. O importante é saber que tais ações iniciadas pelo governo americano (nessa época se usava o nome de imperialismo) estavam destinadas a erradicar o modelo desenvolvimentista que os países latino-americanos tinham adotado. Estamos chegando a um ponto que interessa, que é sua colocação de que apenas Chile baseou sua política no capitalismo liberal, está cometendo um ato falho inconcebível. Com isso está reconhecendo que a brutal ditadura de Augusto Pinochet baseou-se nas premissas econômicas dos Boys de Chicago. Naturalmente, vamos falar sobre o Chile, país que admiro e que ainda choro pelos seus mártires. Acrescento um texto publicado por mim no O Correio do Povo em 18/09/2008.
    “O continente latino-americano foi testemunha da primeira experiência neoliberal na década de 80, no Chile, sob a ditadura de Pinochet. Aquele regime teve o mérito de ter sido o verdadeiro pioneiro do ciclo neoliberal na história contemporânea. O Chile do Pinochet iniciou seu programa de forma decidida: desregulamentação, desemprego massivo, repressão sindical, redistribuição da renda entre os mais ricos e privatização dos bens públicos. O neoliberalismo chileno, bem entendido, teve como proposta central a abolição da democracia e a instalação de uma das mais selvagens ditaduras de pós-guerra. Nesse sentido, os pais do neoliberalismo, Friedrich Hayek e Milton Friedman, viam com admiração a experiência chilena. A liberdade e a democracia, diziam, podiam tornar-se facilmente incompatíveis, se a maioria democrática decidisse interferir nos direitos incondicionais dos agentes econômicos para dispor das rendas e propriedades conforme seus interesses. Tal modelo, tão aplaudido como uma experiência de sucesso e reproduzido na atualidade sob o comando de uma socialista, a Presidente Michelle Bachelet, mostra sua capacidade de mimetizar seu poder atrás de figuras outrora inimigas. Conforme um estudo da Universidade do Chile, por conta de tal modelo econômico, o pagamento de utilidades e juros a capitais estrangeiros radicados no país (mineradoras privadas) foi recorde em 2006, num total de 25 bilhões de dólares. Isso representa uma caída do Produto Nacional Bruto (PNB) de 3,3%. Este indicador mede quantos bens e serviços produziram as pessoas ou empresas nacionais durante um ano. O esgotamento relativo do modelo é mostrado pelo próprio Banco Central do Chile. Nesse período entraram no país 5,6 bilhões de dólares e saíram 25 bilhões, que configura um saldo negativo monstruoso. A grande maioria do dinheiro exportado corresponde aos ganhos das mineradoras transnacionais, resultado da desnacionalização do cobre. A estatal Codelco possui 30% dos negócios e as estrangeiras 70%. Entretanto, o pagamento de impostos e contribuições acontecem no sentido contrário: a Codelco aporta 70% e as mineradoras estrangeiras 30%. Segundo a CEPAL, a saída de capitais para o exterior em 2006, equivale a 17% do Produto Interno Bruto (PIB), que representa 84% do orçamento do Estado.”
    Não vamos entrar em detalhes sobre o terrorismo de estado implantado no cone sul, patrocinado pelo governo americano, seus executores militares e seus autores intelectuais, entre eles a Escola de Chicago ( leia os documentos desclassificados pelo governo americano sobre o plano econômico da ditadura pinochetista). A história da Argentina é muito conhecida com seus trinta mil desaparecidos políticos, resultado de um extermínio em massa. Tal tema faria parte de outra interminável conversa.
    Presenciar a tragédia que está acontecendo no mundo por culpa de bandidos de colarinho branco, e ainda assim insistir que a culpa é do gigantismo do Estado, me parece uma sublimação ideológica que supera de longe o bom senso.
    Com referência aos comentários no final do seu texto, o senhor novamente está fazendo uso de ataques carregados de juízos de valor, que curiosamente são contrários a suposta democracia que o senhor tanto exalta. Dizer que eu sou uma vergonha para sua cidade porque não concordo com seu posicionamento ideológico? Parece-me uma atitude infantilizada. Afirmar que acredito que o sucesso das pessoas de Jaraguá do Sul deve-se as benesses do governo federal, é também uma analise superficial das colocações que faço nos meus comentários. Nesse caso, está colocando sua ideologia acima da realidade social, amplamente divulgada por institutos de pesquisas, que sustentam minhas argumentações. Na sua raiva incontrolável, o senhor fica fantasiando coisas que nunca pensei.
    Por outro lado, toda teoria social se baseia em algumas premissas quanto ao comportamento humano, principalmente quando estão destinadas a contemplar situações possíveis e desejáveis do ponto de vista ético. Dizer que as teorias utilitaristas liberais são isentas de valores, isso sim, é uma desonestidade acadêmica. Por que faço tal afirmação? Porque o modelo neoliberal auspiciado por Mises, Hayek e Friedman se ocupam de proporcionar uma ideologia conservadora ao capitalismo. Se por um lado o capitalismo aumentou o domínio do homem sobre a natureza, criando condições para que todos vivam com conforto, por outro lado isso não acontece porque somos incapazes de usar esta capacidade para distribuí-la socialmente.
    Para finalizar, gostaria de dizer que sinto orgulho de ter ajudado a construir um projeto como o Centro de Inovação e Pesquisas Tecnológicas – JaraguaTec, que é resultado de um enorme sacrifício e dedicação para materializar a tarefa de um desenvolvimento tecnológico autônomo, livre da dependência externa. Trabalho este que é reconhecido não apenas em Jaraguá do Sul, senão em todo o estado, principalmente pela fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de santa Catarina – FAPESC, na figura de seu Presidente, Dr. Antônio Diomário de Queiroz. A configuração exitosa de tal projeto está assentada na parceria entre o público e o privado, de modo a consolidar ações por parte do governo para desenvolver o empreendedorismo da micro e pequena empresa, que representam o embrião natural da geração de renda e emprego, focado no trabalho produtivo, que é o único meio com o qual se constrói a riqueza de um país. Como pode observar, não estou contra o modelo produtivo capitalista, e sim contra o parasitismo que suas contradições podem provocar, que estão centradas nas gritantes desigualdades sociais. Isso mostra que o senhor não tem a absoluta ideia do que significam os direitos humanos.
    Direitos humanos não são apenas a expressão das ideias sem estar sujeito a punições econômicas ou de opróbrio, direitos humanos envolvem genericamente aspectos que tratam sobre a dignidade da vida, tantas vezes pisoteada pelo modelo que o senhor tanto defende.
    Grato,
    Prof. Victor Alberto Danich

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  5. Penso que a blogosfera seja o ambiente adequado para a discussão de temas a partir de pontos de vista antagônicos, porém fico triste com o encaminhamento desta salutar (?!) discussão, primeiramente pela falta de clareza de alguém que se esconde, ocultando sua identidade por absoluta falta de "peito" (ou seria maturidade?) para discutir um assunto desta relevância e interesse e, em segundo lugar, por lançar o triste expediente de ofensas de cunho pessoal, transcendendo o "bom debate", sempre dissensual, mas nunca ofensivo! Talvez ainda seja um padrão de conduta de alguém que conviveu com o "Estado policial", na qual era preciso ocultar ao máximo a expressão de opiniões pessoais, por medo de sanções de ordem.
    No particular, e por falta de embasamento nas ofensas proferidas pela identidade contrária, lanço mão de minha opinião (amplamente consolidada) pelo brilhantismo intelectual do Prof. Victor, que luta o bom combate (intelectual) num campo de batalha (minado), com um “exército de um homem só”, porém, nunca acovardando-se ou esquivando-se frente a “muralhas” contrárias, estas, sempre numerosas e pró status quo.
    Alessandro Vargas / a-vargas@netuno.com.br

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  6. Não quero me identificar, justamente para não sofrer represálias, eu ainda não me formei, quem garante que eu não vá depender do Sr para alguma coisa? Não conheço seu caráter, quem garante que não vai avacalhar comigo? Prefiro ficar oculto, me desculpe. Não existe estado policial, sou mero defunto vivo em meio a um país afogado pela doutrinação Gramsciana.

    Porém, reconheço que fui mal educado, mas foi o Sr que lançou os liberais junto ao diabo. o Sr não consegue enxergar que existem pessoas que tem uma noção de mundo bem diferente da sua visão altamente doutrinada e apegada a ditadores, que trata o Estado como um Deus bem-feitor. Acontece que nós, os capitalistas (liberais), alegamos justamente o contrário, a centralização estatal é a maior responsável pela miséria de um povo. A quantidade de excluídos em um país é proporcional ao grau de socialismo de um país, já que nenhum país é inteiramente socialista ou capitalismo. Até mesmo os norte-americanos, que construíram a nação mais prospera do mundo com base em ampla liberdade individual, estão atualmente longe de ser o ideal liberal que todos dizem, acontece que a União lá é um monstro que consome cerca de 30% da riqueza da nação e aumenta cada dia mais.

    O Sr enrolou um monte com sua dialética doutrinária, mas ainda não me explicou pq as pessoas migram das nações menos intervencionistas para as mais livres em busca de uma vida melhor e oportunidades de empregos. Eu mesmo já estive no Texas, e apesar de lá você poder possuir legalmente um escopeta ou uma 357, é muito mais seguro e tranqüilo fazer uma caminha sozinho durante a noite do que qualquer capital brasileira, onde o porte de arma é ilegal e cabe ao bom “estado do bem estar social” garantir nossa segurança. Muitos pobres de lá vivem melhor que nossa classe média. E se você não estiver contente com as leis do Texas, pode muito bem ir para outro Estado, ao menos você tem essa escolha. Aqui nós temos? Já disse, nossa federação não existe, o que existe é um grande Estado que deseja uniformizar cada vez mais o país, transformar todos em súditos-robotizados, com as mesmas idéias e “valores”, servindo a um suposto “BEM” maior, que nada mais é q uma escravidão coletiva em prol de grupos econômicos/politicos.

    Sobre a Escola Austríaca, eu não faço questão de replicar suas criticas. Oras, o Sr lançou a Escola Austríaca e a de Chicago no mesmo saco e ainda garante saber alguma coisa de ambas. Como poderei aturar essa generalização, sobretudo querendo colocar a culpa da crise nos liberais e políticos conservadores como Reagan e Thacther.

    Em minha última postagem, inseri um link sobre a crise do ponto de vista da escola austríaca, a qual o Sr não deu o trabalho de refutar nenhum dos 6 tópicos que argumentam que o sistema financeiro vigente não é capitalista-liberal, logo se a crise foi originada em um sistema financeiro que não vigora o ideal liberal, como o Sr coloca a culpa sobre os ombros dos capitalistas-liberais? Dentre duas, uma: desonestidade ou falta de informação.

    Tenho meus motivos para não gostar do bush, mas incoerentemente levou grande parte da culpa pela crise. Mas, não faz diferença ele ter abandonado as tradições liberais do Partido Republicano e, pongando numa proposta do Partido Democrata (uma lei de 1977 de Jimmy Carter que proibia Bancos de “discriminar” correntistas pobres e outra de 1995, de Bill Clinton, que obrigava os bancos a emprestar dinheiro para pobres comprarem suas casas), feito o Estado intervir na economia para baixar juros artificialmente e garantido que pessoas “excluídas” do mercado-opressor-capitalista pudessem ter acesso a crédito sem ter garantias de pagar. O caldo entornou, Bush ficou pra boi de piranha e Obama – logo ele, que apoiou essa política – se elegeu. Emprestar dinheiro a juros baixo para pessoas sem renda é uma medida totalmente anti-capitalista. Falando em anti-capitalismo, não precisamos comentar a questão do dollar ter perdido o lastro em ouro há quase meio século, deixando o governo livre pra emitir moeda para financiar suas armas estrelares ou seus programas populistas.

    Enfim, nem preciso falar que tenho apreço por Ronald Reagan, certamente teve suas falhas, já que é muito mais fácil falar do que fazer. Mas, ele mantinha os valores básicos dos fundadores daquele país, como a crença nos direitos individuais e na desconfiança da autoridade estabelecida. Assumiu a presidência após os catastróficos anos de Jimmy Carter, numa era de estagflação por conta dos excessivos gastos do governo, prejudicada ainda mais pela crise do petróleo. Os americanos, em geral, tem grande apreço por ele, mas o Sr, dissimulador do “capitalismo”, o odeia mortalmente. Bem, o Sr está no seu direito, mas não venha me dizer que age em prol do Capitalismo, ao mesmo tempo que, vangloria figuras que ajudaram a fundar aquela ditadura em Cuba, essa sim que não preza por liberdade, muito menos por Direitos Humanos.

    Outra questão, não insista em atrelar os liberais a políticos que, mesmo com descaradas medidas intervencionistas, alegam prezar pelo livre mercado. Acontece que, livre mercado nada mais é do que a interação livre entre os seres humanos, os quais não são seres "perfeitos". Com base nisso, apesar da atual crise não ter tido sua origem no livre mercado, é obvio que no livre mercado poderá ocorrer excessos ou até mesmo crises, nenhum liberal nega isso. Cômico é ver os intervencionistas acharem que, por causa dessas imperfeições, qualquer intervenção do governo será uma solução desejável que supostamente nos salvará de qualquer crise. Oras, mas o Governo nada mais é que uma entidade formada por seres humanos, igualmente imperfeitos, os mais imperfeitos inclusive, devido a natureza do próprio processo democrático, que não selecionará os mais preparados e, muito menos, os mais honestos. Logo, o melhor governo não é aquele que impõe medidas, pois para isso ele precisa controlar as pessoas, mas é aquele que não se intromete na vida econômica das pessoas. A partir do momento que o Sr disse que o governo americano ajuda as grandes corporações, ele não está seguindo a lógica liberal.

    O Brasil, faz isso de forma mais acentuada, pois, como já enfatizei, somos um país mercantilista que concentra as decisões econômicas e políticas. A melhor forma de ficar rico por aqui, é sendo amigo do Rei e, nada melhor que sua doutrina social-democrata, para perpetuar esse sistema nefasto e, diferente do que Sr alega, excludente.

    Contrario sua afirmação de que o liberalismo é incapaz de distribuir socialmente a riqueza, o liberalismo organiza a produção e distribuição dos bens e servido na sociedade de forma eficaz, é uma ferramenta eficaz para difundir oportunidades e combater a pobreza, como nenhum outro sistema foi capaz de fazer. E o que o sustenta é o dinamismo da economia, porém seus alicerces são frágeis, pois o liberalismo não convém aos já estabelecidos economicamente, estes não tem interesse de perder seu Status-Quo para novos concorrente, dessa forma, se unem ao governo para obter proteção do sistema político, e as desculpas são sempre as mesmas: “imperalismo”, “proteção da industria nacional”, “nacionalismo”. Essas medidas aumentam as resistências ao desenvolvimento do livre mercado, sem contar o monopólios estatais que, em detrimento dos consumidores e do dinamismo da economia, degrada a oferta de empregos e concentra a riqueza de um setor numa minoria política que, convenhamos, não tem nenhum apreço pelo social. Pois, como já disse Smith: “o homem se nega a trabalhar pelo bem comum”, os políticos provam isso todos os dias, mas tem gente que não enxerga, ou não quer enxergar e fica a espera de supostos “Anjos” que ocultam sua ganância pelo bem publico com excessivo moralismo e populismo.

    Continuando, foi justamente o liberalismo econêmico que levou o Chile a diminuir a pobreza de 50% (1987) para 18,3% (2003) em 16 anos. O país foi o primeiro na América Latina em cumprir as metas do milênio de redução de pobreza, assim como ter um dos poderes aquisitivos mais elevados da região (quaase US$14.000). Hoje em dia conta com altos indicadores sociais com nível de países desenvolvidos, sendo o melhor idh da américa latina.
    Como o Sr negligenciou o link sobre o Chile, tbm não vou perder meu tempo com sua visão doutrinada que mascara a história. Oras, há 20 anos os chilenos não estão mais sob julgo de ditador, possuem melhor idh da américa latina e estão entre as 20 economias mais livres do mundo. Agora, Cubanos não desfrutam nada disso e, ainda colocam a culpa no embarco americano? Oras, no fundo eles sabem que a fonte de riqueza está no livre comercio.

    Engraçado que O Sr citou a como citou a Alemanha, Inglaterra e Canadá para atacar o livre mercado? Ora, são países representam justamente o êxito do livre mercado, acompanhe o índice do Heritage Fundation:
    http://www.heritage.org/Index/Ranking.aspx

    Com exceção da França que há uma década está com a taxa desemprego nos 2 digitos devido essa mentalidade coletivista abordada pelo Sr.

    A Venezuela, ocupando a centésima trigésima oitava (174°) posição no que diz respeito à corrupção e o centésimo quadragésimo quarto (144°) lugar quanto à liberdade econômica representa um grande, porém triste, exemplo da ligação entre a falta de liberdade econômica e a proliferação da corrupção. Mesmo que a esquerda, mas também uma boa parte do centro e da direita não queiram reconhecer: Quem quer menos corrupção, precisa oferecer mais liberdade econômica. Não é a pobreza a causa da corrupção como muitos pensam; mas a falta de liberdade econômica resulta tanto em pobreza quanto em corrupção,

    Certos políticos sempre falam sobre a necessidade de combater à corrupção.
    Eles referem-se porém, à corrupção de seus adversários políticos.

    A maioria deles não quer saber sobre a redução das atividades do Estado.
    Ao contrário, eles freqüentemente querem mais poder do Estado, para ter mais o que distribuir. Eles querem ser os privilegiados que podem se utilizar da máquina estatal. Não são contra a corrupção, e sim contra o fato de que outros, que não eles mesmos, obtenham vantagens com ela. Aqueles na política, economia e sociedade que se aproveitam da corrupção há séculos, sabem muito bem que o mercado livre e a concorrência são ruins para eles. Mercado livre e concorrência lhes tiram os recursos com os quais eles compram apoio.

    Enfim, acusar os liberais de terrorismo de estado, como o Sr fez no seu texto, é um paradoxo, já que os liberais são justamente aquelas pessoas, como eu, que se opõem a intervenção do Estado na vida econômica e social. Estado coercitivo é uma atitude socialista ou social-democrata, como queira. Como eu já venho dizendo, o Sr é muito desonesto para com o liberais. E ainda alega conhecer os princípios básicos da Escola Austríaca, isso sem falar do fato de nos considerar amorais, hahaha. Por favor, se quiser ser respeitado, dê exemplo, ainda mais na sua idade.

    Caro Ale, não tenho nada a comentar sobre seu moralismo hipócrita, só veio puxar o saco do professor. Pensar por si, nada né?

    Um abraço,
    Cata

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  7. Senhor Luiz M.
    Fico contente que tenha retornado, apesar de sua última expressão “definitivamente adeus”. Tal fato revela a intenção do meu blog, que é fazer com que as pessoas pensem e discutam seus pontos de vista, abordando-os sem temor. Sinto-me, por outro lado, a vontade de desconsiderar algumas de suas colocações, já que a mistura de ataques no meio de uma discussão ideológica, é próprio das pessoas que ainda carecem do exercício do pragmatismo. Pensar, por outro lado, que poderia usar as prerrogativas de professor para qualquer tipo de represália por se tratar de um suposto acadêmico, é uma verdadeira tolice infantil. Pode ter certeza, não precisa usar o recurso do anonimato, já que a doutrina Gramsciana nada tem a ver neste contexto, menos ainda na realidade contemporânea.
    Vamos fazer uma recapitulação do significado da palavra liberalismo. A preocupação não está assentada na ideia do liberalismo político, já que tal conceito faz parte da superestrutura ideológica que sustenta tal modelo (muito elegante, por sinal, assim como outras doutrinas semelhantes, inclusive a comunista). O problema deve estar centrado no liberalismo econômico, abordado pela Escola de Chicago e seus gestores contemporâneos, que dá ênfase a liberdade da iniciativa privada, na “livre circulação da riqueza” e na economia de mercado, opondo-se a qualquer intervencionismo do Estado, ou de qualquer outra coisa que impeça a acumulação de riquezas ilimitadas.
    Por outro lado, parece que o senhor ainda não entendeu minhas colocações com referência à intervenção reguladora do governo na economia. Seu extremo dogmatismo em re-afirmar a validade de teorias suspeitas não lhe permite enxergar a dialética do meu discurso. Primeiro, em nenhum momento estou afirmando que a centralização estatal é a melhor forma de manejar a economia. Tal pensamento é resultado de sua conclusão particular. Segundo, não é bom distorcer os sinais que a realidade nos mostra, dizendo que a exclusão social está diretamente relacionada á políticas de cunho social. O senhor continua preso ao maniqueísmo político.
    O estado do bem-estar social, ou social-democracia (tanto faz), criminalizado arduamente pelo modelo neo-liberal atual, foi o que permitiu as grandes conquistas sociais dos trabalhadores do mundo todo. Tanto Inglaterra, Alemanha, Canadá, França, Itália, assim como os países nórdicos foram pioneiros, no mundo capitalista, da implantação de medidas socializantes para garantir um mínimo de proteção social para seus cidadãos (que os políticos liberais, descaradamente se adjudicam como próprias). Nesse caso, surge a dúvida se existe relação entre progresso e livre mercado. Em primeiro lugar, porque a própria ideia de progresso foi vinculada ao frenesi produtivo, centrado no aumento de mercadorias. Tal mitologia produtivista se distancia de tal conceito, identificável com a capacidade social de definir objetivos e avaliar custos. Tais objetivos, pelo contrário, possuem uma ampla conotação, que abrange a difusão do bem-estar social ao maior número de pessoas, contemplando ao mesmo tempo o resguardo dos valores fundamentais do ser humano. Os custos dessa premissa são visíveis no deterioro do patrimônio ambiental.
    A lógica liberal, nesse caso, resulta numa metáfora disfarçada de democracia burguesa (aquela que privilegia os interesses do individualismo econômico). Quando digo que o governo americano sustenta o avanço avassalador das grandes grupos multinacionais, refiro-me a que o centro de decisões das empresas transnacionais encontra-se nos seus locais de origem. Os Estados Unidos foram campeões nisso, com práticas terroristas além de suas fronteiras, por meio do incentivo e institucionalização de ditaduras militares. Pode ver que não é apenas a Venezuela, Cuba e outros “socialistas” que utilizam tais práticas, contrariando o que o senhor afirma. Talvez por ser muito jovem, ou muito inexperiente, pode-se perceber, que apesar da longa história de tragédias na América Latina, ainda não conseguiu entender o verdadeiro significado da palavra “terrorismo de estado”, que nada tem a ver com a intervenção do estado na economia.
    A imoralidade do modelo neoliberal encontra-se ancorado nos seguintes dados publicados pelo próprio Banco Mundial, instituição insuspeita: Existem 200 milhões de crianças no mundo que dormem na rua. Outras 250 milhões com menos de 13 anos são obrigadas a trabalhar para viver. Mais de um milhão de crianças são forçados à prostituição infantil e dezenas de milhares são vítimas do comércio de órgãos. 25 mil crianças morrem a cada dia no mundo por sarampo, caxumba, difteria, pneumonia e desnutrição.
    Por outro lado, 600 milhões de crianças crescem em situação de extrema pobreza. 250 milhões de menores entre 5 e 14 anos trabalham em condições desumanas, assim como 130 milhões não vão à escola em todo o planeta terra. As crianças de rua são estimadas em 200 milhões, sendo que a metade delas entra a cada ano na prostituição. Por outro lado, os menores que trabalham, ou circulam como pequenos fantasmas nas ruas da vida, ficam expostos aos maus tratos de seus patrões, do público e das autoridades, ou pior ainda, dos pedófilos e dos traficantes de todo tipo.
    Tirando Cuba do páreo, somente em Latino América, 2 milhões de crianças não ingressam na escola e, ao mesmo tempo 800 mil devem abandoná-la para trabalhar pela sobrevivência. Outros 60 mil, com muita menos sorte, perdem a vida diariamente antes de chegar aos 5 anos de idade. Nesse contexto, 100 milhões de latino-americanos de 10 a 14 anos são presa fácil do banditismo, do comércio de escravas brancas, do narcotráfico e da exploração sexual, entre outros tipos de violência à dignidade humana. O modelo neoliberal é culpável direto dessa tragédia humana? Vamos dizer que é o principal coadjuvante desse incidente histórico.
    Conhecer profundamente o pensamento teórico da Escola Austríaca (trabalho defendido por mim na conclusão do curso de Antropologia Social na Universidade Federal de Salta – Argentina) foi que me permitiu chegar a conclusão que tal modelo não constitui efetivamente um corpo teórico próprio, original e coerente, devido a que suas proposições (mimetizadas intelectualmente) são de natureza predominantemente práticas, assim como seus argumentos são de caráter heterogêneo, que introduzem formulações mais próximas do conservadorismo político ligadas ao darwinismo social, muito longe das propostas do liberalismo clássico de Locke.
    Por outro lado, a imoralidade real do neoliberalismo pode ser sintetizada na entrevista que Friedrich Hayek fez ao Jornal conservador “El Mercúrio”, em Chile, declarando que “se tivesse que escolher entre uma economia de livre mercado com um governo ditatorial ou uma economia com controles e regulações, mas com um estado democrático, escolheria sem dúvida o primeiro”.
    Tal comentário prognosticou uma série de medidas que terminaram descarregando a crise atual de acumulação ampliada do capital em nível mundial, apenas nas costas dos trabalhadores. Se por acaso, de acordo com sua citação, achar que a capacidade intelectual e a respeitabilidade, devem-se apenas a critérios de idade, está muito equivocado. Tenho a certeza absoluta que ganho do senhor em todos os campos do conhecimento, e outras coisas mais, apesar da idade.
    Grato,
    Prof. Victor Alberto Danich

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  8. Primeiramente, não disse ser mais inteligente que o Sr, só disse que o Sr está sendo desonesto, é bem diferente. Se for questão de idade ou de Status, sei de pessoas da sua idade que fizeram doutorado e defendem o livre mercado, garanto que idade não tem nada a ver com isso. Possivelmente eu possa ser burro e infantil em muitos aspectos, mas o Sr enfatiza isso só pq eu não concordo com suas idéias.

    O Sr alegou o seguinte:

    “Existem 200 milhões de crianças no mundo que dormem na rua. Outras 250 milhões com menos de 13 anos são obrigadas a trabalhar para viver. Mais de um milhão de crianças são forçados à prostituição infantil e dezenas de milhares são vítimas do comércio de órgãos. 25 mil crianças morrem a cada dia no mundo por sarampo, caxumba, difteria, pneumonia e desnutrição.”

    Também falou que:

    “O modelo neoliberal é culpável direto dessa tragédia humana? Vamos dizer que é o principal coadjuvante desse incidente histórico.”

    Ai reside sua desonestidade. Isso é um absurdo que já refutei e o Sr se quer respondeu, afinal nenhuma nação da América Latina, com exceção do Chile, adotou um modelo essencialmente de livre mercado e governo descentralizado em sua história. È muito fácil colocar a culpa nos outros por nossas responsabilidades. Então, como pode o “mal” principal ser neoliberalismo? As nações com maior descentralização política são justamente as que sofrem menos com essas mazelas que o Sr citou. mas sou que não quer abrir os olhos para realidade? Os socialistas vivem culpando o embargo econômico dos EUA pelas mazelas em Cuba, não interessa se Cuba é um feudo socialista auto-declarado, impressionante a falta de honestidade dessa gente. O Sr usa esse blog para manipular a opinião pública contra o “Neoliberalismo”, mas sou eu quem o Sr julga estar preso ao maniqueísmo político? Acho que o Sr faz do blog o que bem entender, mas não sou obrigado a concordar com suas idéias.

    Outra coisa, eu sou conservador em várias aspectos sim, principalmente no que diz respeito a família e casamento. Mas, se tratando de economia e política do nosso país, eu estou longe de ser conservador. O Brasil jamais foi liberal e muito menos honrou pela federação que diz existir, o poder é concentrado, favorecendo somente grupos políticos e “empresários” oportunistas, os quais odeiam o livre mercado e a concorrência. O Brasil sempre foi intervencionista, logo, o conservador nesta conversa não sou eu.

    E digo mais, sou contra o intervencionismo econômico, pois este têm por objetivo restringir a supremacia dos consumidores, privilegiando a classe de produtores locais (amigos do Rei principalmente). Oras, mas todos nós somos consumidores, pq as políticas tem que privilegiar uma minoria, os produtores? Esse tipo de política acaba deixando o país dominado por grupos de interesses, disputando pela via política mais e mais privilégios, em detrimento do restante, ou seja, a maioria. Poucos são os que se dedicam realmente na defesa de um modelo benéfico no âmbito geral, como o Sr, talvez. O governo tenta arrogar a si mesmo um poder que pertence aos consumidores, privilegiando uma classe de produtores e dificultando importações. Geralmente sustenta tais políticas com discursos nacionalistas contrários ao livre mercado, que colocam um “Bem Maior”, ou uma idéia Nação como queira, sobre os interesses individuais das pessoas, mas no final das contas tudo não passa de uma falácia em prol da ineficiência, que não somente torna caro os produtos para os consumidores, mas reduz a oferta de empregos, o que é um grande agravante social, ou seja, um grande empecilho ao bem estar das pessoas. E pior que, com o tempo, o governo vai ampliando mais e mais seus tentáculos intervencionistas, um processo que gera mais excluídos, as vítimas do “neoliberalismo”?!?! Já defendia Hayek, a intervenção na economia costuma ser o caminho da servidão.

    Enfim, não tenho aversão mortal pela esquerda como o Sr diz, trabalhistas ingleses, a esquerda da Finlândia (liberalismo Social) ou até mesmo uma minoria de sindicatos brasileiros respeitam e prezam pelo livre mercado como modelo de desenvolvimento. Porém, a grande maioria da esquerda da AL supera a burrice, totalmente cegada por um doutrinação altamente tendenciosa e atrasada, ai sim entra Gramsci, já que é através da educação, de hegemonia esquerdista, que essas idéias são difundidas. E com base nessa doutrinação segue a dádiva: “ a culpa de tudo é do livre mercado”. Pouco interessa se sempre fomos altamente intervencionistas.

    um abraço

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  9. Sr. Luiz M.
    Antes de tudo, preciso esclarecer que a minha colocação final foi uma brincadeira. Apenas uma réplica de suas mensagens subliminares. Entretanto, lhe confesso que tenho, apesar de não se identificar, uma simpatia intelectual por suas argumentações. Se isso serve como parâmetro para discutir nossos pontos de vista, espero que a discussão esteja centrada apenas na análise histórica da dramática transformação do mundo depois da caída do Muro de Berlin em 1989.
    A gente pode eternizar e transformar este blog numa discussão bizantina, porque sua preocupação principal encontra-se em justificar o modelo econômico em função de “uma economia livre”, sem qualquer tipo de travas, que permita algumas pessoas (muito poucas) acumularem riquezas fabulosas. O objeto de minha argumentação reside exatamente no contrário, que essas riquezas sejam distribuídas equitativamente (através do trabalho produtivo).
    Por outro lado, a desonestidade de um indivíduo ou grupo reside em esconder fatos amplamente difundidos nos meios acadêmicos, ou por economistas reconhecidos (Stiglitz e Krugman), que revistas de grande circulação deformam e furtam de maneira intolerável (Veja e outros veículos conservadores).
    Milton Friedman dizia no seu livro “Capitalismo e liberdade”, que a única responsabilidade empresarial é “pagar impostos, pagar salários e maximizar o lucros a seus acionistas”. Tal ditado transformou-se na clave imperial da desregulamentação do mercado global nos anos 90. Vamos analisar a razão de tudo isso.
    O processo desenvolvimentista dos anos 50 teve como exemplo exitoso de economia planejada, o extremo sul de América Latina (Cone Sul). O epicentro desse modelo econômico (Argentina, Uruguai, Chile e, em menor medida Brasil) foi a Comissão Econômica das Nações Unidas para América Latina, sediada em Santiago de Chile e dirigida pelo economista Raul Prebisch de 1950 a 1963. Durante esse magnífico processo de expansão, o Cone Sul começou a aproximar-se aos padrões europeus de desenvolvimento. Argentina tinha a classe média mais numerosa de todo o continente e seu vizinho Uruguai possuía um índice de alfabetização de 95% e um sistema de saúde pública gratuita para todos seus habitantes. América Latina converteu-se num símbolo para os países pobres do resto do mundo (os Estados Unidos, ainda hoje, no século 21, é o único país no mundo que não possui um sistema universal e gratuito de saúde).
    Ninguém, durante esse período tinha qualquer interesse pelas obscuras ideias do Departamento de Economia da Universidade de Chicago. Entretanto, havia alguns setores esperando pacientemente a oportunidade de por em prática tais ideias.
    Para as grandes multinacionais estadunidenses, que tinham que se confrontar com um mundo em desenvolvimento cada vez mais hostil, os anos de prosperidade de pós-guerra resultaram um empecilho para suas vastas pretensões de criar um “planeta manufaturado”, livre de qualquer interferência reguladora, para exercitar a “destruição criadora” de Keniche Omae. A economia crescia num ritmo constante, com criação de grande riqueza. Entretanto, os proprietários e acionistas viam-se obrigados a redistribuir grande parte dessa riqueza através de impostos, coisa que incomodava aos grandes grupos (acostumado a usufruir de lucros constantes e ilimitados na época do Laissez-Faire). A revolução keynesiana estava custando muito caro ao setor privado.
    Fico dando risada quando leio que, conforme relata Paul Krugman, se o gerente do Citibank daquela época, Walter Wriston, amigo íntimo de Friedman, se atreve-se a dizer que o salário mínimo e os impostos das empresas deveriam ser abolidos, de modo a implantar as premissas da Escola de Chicago, seria queimado em praza pública. No entanto, tal escola continuava esperando sua oportunidade.
    O neoliberalismo econômico, depois da derrota do socialismo real, aprofundou a rede global de “think-tanks” de direita e implantou a contra-revolução liberal no mundo todo. Um triunfo tão estrondoso, a partir dos anos noventa, que os movimentos de esquerda ficaram apavorados como coelhos ofuscados por refletores de caçadores na floresta. Devo reconhecer que a desregulamentação do mercado, principalmente o financeiro, teve um êxito espetacular. Até agora, quando a crise atual mostrou sua falência. Felizmente.
    Como o senhor faz tanta referência ao Chile, dizendo que foi o único país que adotou um modelo essencialmente de livre mercado, quero lembrar-lhe que Argentina, sob o governo de Carlos Menem também levou ao extremo os conselhos econômicos dos “Boys de Chicago”, implantando uma feroz privatização que terminou levando o país a bancarrota. Nesse caso, acha que é maniqueísmo político argumentar com dados estatísticos?
    Vamos analisar a trajetória econômica do Chile a partir do golpe de estado auspiciado pelo Pinochet, com o apoio do governo dos Estados Unidos (consulte os arquivos desclassificados pelo Congresso americano das ações da CIA no Chile naquele período).
    A Publicação de Prensa Latina de 22/01/2006 exibe os seguintes dados: A liberalização da economia chilena foi responsável, em quase trinta anos de implementação (1973-2000), por duas das três maiores crises econômicas vividas pelo país no século XX (1929-1932, 1973-1975 e 1981-1983). O modelo, em sua prática pura (1973-1981), caracterizou-se por (a) altas taxas de desemprego; (b) crescimento exponencial da dívida pública; (c) desindustrialização; (d) aumento da dependência externa no que condiz à especialização em exportações de bens primários e aos ingressos de capitais alienígenas, sobretudo financeiros; (e) e elevação sem precedentes no nível de distribuição de renda.
    Posteriormente, em sua fase menos radical (1985-1999), percebeu-se que o número de trabalhadores sem emprego decresceu. No entanto, todas as demais características do primeiro momento assinalado foram aprofundadas. O Chile, hoje, é um país centrado na produção de bens naturais, com parque industrial notadamente diminuído e/ou internacionalizado e dependente dos fluxos de capitais externos de caráter especulativo para rolar suas dívidas e fechar suas contas correntes todos os anos. A concentração de renda local, levada aos extremos pelo modelo, permitiu o desenvolvimento de setores produtivos internos voltados para a fabricação de bens de luxo e o crescimento das importações suntuosas. Ao mesmo tempo, o processo de desindustrialização trouxe alterações profundas na estrutura social do país. O dito proletariado clássico (operários, mineiros, trabalhadores do setor de construção civil, etc.), desprotegido pela desregulamentação do mercado trabalhista, diminuiu consideravelmente, em detrimento ou do acréscimo do exército industrial de reserva local, ou do inchaço da economia informal de serviços. O milagre neoliberal chileno, com sua liberalização, privatizou os ganhos e socializou as perdas.
    No entanto, deve-se reconhecer que o êxito do modelo apenas concentrou-se em dois indicadores: as exportações, que durante o período 1974 a 1987, cresceu numa média anual de 8%, e a inflação, que entre 1981 e 1987, se estabilizou em torno de 20% anual. Entretanto, se analisar-mos o período militar (Pinochet – Escola de Chicago – Friedman) comparado com o processo econômico da década de 60, o crescimento da economia chilena foi de 4,4% entre 1960 e 1970, bem maior que o crescimento de 2,6% durante o regime militar. Portanto, o crescimento médio anual da economia chilena da década de 60 foi quase 70% que aquele obtido entre 1974 e 1987. (pode consultar o Livro “A sociedade em rede” com uma introdução do sociólogo Fernando Henrique Cardoso).
    É importante lembrar que os governos que lhe sucederam acentuaram o “êxito econômico” de tal modelo, principalmente através da Estatal Codelco, mineradora de cobre, que em 2007 aportava ao governo chileno um milhão de dólares... por hora!
    Neste momento de crise mundial, o modelo chileno mostra suas incertezas. A principal se resume na prática exportadora de produtos primários, que representam 80% das exportações, das quais o cobre ocupa 40% desse total. Desse modo, o desenho exportador baseado em matérias primas e manufaturas elaboradas a partir das mesmas, dificultam a distribuição dos benefícios a todos os setores sociais. O segundo ponto fraco do modelo é a desigualdade gritante, que separa em quatorze vezes a distância entre os 20% dos mais ricos e os 20% mais pobres da população. Por se tratar de um sistema totalmente privatizado, a população de classe média não consegue se incorporar ao consumo de forma plena: o custo da universidade é alto, as tarifas são caras e o sistema impositivo provadamente perverso, que permite a existência de uma estrutura tributária no qual os ricos praticamente não pagam impostos.
    Não quero cansá-lo. Vou partir para outro tema. Neste momento me recordo de um comentário seu com referência a sua estadia no Texas: “e apesar de lá você poder possuir legalmente uma escopeta ou uma 357, é muito mais seguro e tranqüilo fazer uma caminha sozinho durante a noite do que qualquer capital brasileira”
    Faz trinta e um anos que vivo no Brasil. Sinto-me orgulhoso de ser brasileiro. Trabalhei em lugares considerados perigosos (Diadema/SP; São Gonçalo/RJ) e nunca aconteceu nada comigo. Andava de bicicleta durante a noite de Icaraí até a quadra do Viradouro, e jamais tive problemas com marginais. Tal vez seja porque sabem que não tem nada para tirar de mim. Muito diferente dos que vivem no condomínio de Alphaville em São Paulo, que morrem de medo ao sair do feudo (se não for de helicóptero).
    Desculpe, não quero ser sarcástico. Só sei que os crimes cometidos nos Estados Unidos também deixam a desejar. Recentemente um brasileiro foi assassinado numa faculdade. Vou acrescentar um artigo meu sobre aquele país, que tanto dano fez ao desenvolvimento latino-americano com suas políticas agressivas e imperais. O presidente eleito dos EUA, Barack Obama propõe um enorme pacote de gastos e redução de impostos, de modo a estimular a economia de seu país. Por outro lado, a oposição republicana teme que tal iniciativa abra caminho para uma nova era de gastos públicos descontrolados. Tal discurso resulta irônico para um governo que transformou a liberdade irrestrita do mercado, apesar dos riscos, numa fórmula única. A reunião do grupo dos 20, que aconteceu em novembro de 2008, e reuniu os países industrializados com os emergentes que procuram um lugar ao sol, nem sequer cogitou na agenda de reunião, por parte do governo Bush, a alternativa da aplicação de políticas públicas utilizando a máquina do Estado. Só a pressão de Obama parece ter influenciado para que o resgate passe parcialmente pelos setores de classe média que ficaram prisioneiros do descomunal desastre. O sucessor de Bush, que assumirá a presidência alavancada pela crise, evidenciada pela impotência dos altos setores conservadores para deter-lo, força uma mudança de rumo que seguramente abandonará o caminho que converteu os Estados Unidos na vitrine de uma tragicomédia econômica.
    Jorge Walker Bush deixa a presidência com uma descomunal dívida interna e um déficit fiscal de mais de dez bilhões de dólares. Segundo os dados do Escritório de Censo de População, durante a gestão do governo republicano, o número de norte-americanos que vivem na pobreza, cresceu 28% entre 2000 e 2006. O informe do Ministério de Agricultura sobre a segurança alimentar, registra que mais de 35 milhões de pessoas sobre o total da população que habita os Estados Unidos (300 milhões) sofrem fome crônica. Desse total, 12,6 milhões são crianças, ou seja, 20% da população infantil norte-americana. Segundo os dados da Central Obreira AFL-CIO, os ingressos reais de um trabalhador foram mais baixos em 2005 do que em 1973. Os salários reais cresceram 9% desde 1979, enquanto a produtividade durante esse período cresceu 67%. Desse modo, em 2006 existiam cinco milhões de pobres a mais do que em 2000, início do governo Bush. Tal cifra inclui um milhão de crianças.
    O panorama atual, na véspera de sua saída, mostra que o ingresso nacional concentrado nos 20% mais ricos, chegou a 50,4%, a maior acumulação registrada desde 1967. Por outro lado, o 20% mais pobre divide o 3,4% dos ingressos. Difícil de acreditar no país do Mickey? O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD verificou que o dinheiro empregado na invasão do Afeganistão e Iraque seria suficiente para acabar duas vezes com a fome no mundo. Nem sequer o Tio Patinhas seria capaz de orquestrar tamanha tragédia humana apenas para ganhar dinheiro.
    O senhor está me instigando a falar do governo brasileiro. Não vou entrar nessa discussão. Só vou dizer que nestes oito últimos anos, 100 milhões de brasileiros experimentaram uma verdadeira mobilidade social, entrando no mercado de consumo popular, além de 22 milhões de miseráveis incorporados ao consumo social através de políticas públicas de ordem alimentar (veja o relatório anual 2007 – FAO).
    Sabendo disso, parte do meu objetivo intelectual e político, ao divulgar tais ações, é suficiente para dormir tranqüilo pensando na possibilidade real de um Brasil muito melhor.
    Retorno-lhe meu afetuoso abraço,
    Prof. Victor Alberto Danich

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  10. Vou concentrat nas suas criticas ao sistema financeiro. O Sr disse:

    “Devo reconhecer que a desregulamentação do mercado, principalmente o financeiro, teve um êxito espetacular. Até agora, quando a crise atual mostrou sua falência. Felizmente.”

    O Sr insiste atrelar a derrocada do sistema financeiro a ideologia liberal, um grande equivoco cometido por aqueles que não conhecem o modelo financeiro defendido pelos liberais, em especial, escola austríaca. Não era o Sr o pleno conhecedor da Escola Austríaca? Eis o resumo da postagem que o Sr negligencio em um dos meus tópicos acima, que contradiz toda sua falácia:
    “A recém-desencadeada crise econômica tem levado muitos comentaristas apressados a declarar a morte do liberalismo. Alguns mais exagerados chegam a enxergar a queda de um novo muro, agora o de Wall Street. A economia de livre mercado teria demonstrado sua ineficiência, sua incapacidade de prover segurança e desenvolvimento.
    Entretanto, um olhar mais atento nos leva a conclusões opostas. É aceito amplamente que a crise tem origem no sistema financeiro. Vejamos algumas características deste sistema e investiguemos se realmente ele atende aos requisitos mínimos para ser classificado como de livre mercado.
    1. O produto básico com o qual lida o sistema financeiro é a moeda. Há tempos nos diversos mercados a moeda não passa de papel pintado, de curso forçado, emitido de forma monopolista pelos diversos governos, sem nenhum tipo de lastro ou garantia real. A moeda pode ser criada em qualquer quantidade pela autoridade emissora, tendo, portanto, seu valor amplamente manipulado pelo governo. Eventualmente, como demonstrado em inúmeros episódios de hiperinflação ao longo da história, a moeda pode ter seu valor reduzido a zero, deixando de ser um bem econômico.
    2. Os bancos e instituições financeiras que atuam neste mercado somente podem fazê-lo com autorização expressa dos governos. Os entes governamentais distribuem para, alguns escolhidos, cartas patentes que habilitam seus detentores para as operações com o produto moeda e seus derivados. Portanto não há livre competição nem genuína liberdade no acesso de empresários a este mercado.
    3. As regras para atuação no mercado financeiro são estritamente moldadas, controladas e fiscalizadas pelos órgãos governamentais. No âmbito nacional o controle é exercido pelos bancos centrais, enquanto no internacional os agentes financeiros se submetem a regras como as configuradas no Acordo de Basiléia. Não há livre iniciativa nem liberdade empresarial nos tais mercados financeiros.
    4. O preço fundamental nos mercados financeiros, a taxa de juros, é definido pelos bancos centrais. Não há, portanto, o processo de livre negociação com a oferta e a demanda de moeda definindo o nível dos preços, situação típica dos mercados livres capitalistas. Num mercado sem intervenção, os preços são resultado das ações e das informações de milhões de agentes num processo de interação dinâmica em contínua mutação. Ao mesmo tempo em que são definidos pela ação dos empresários, os preços de mercado guiam e informam a atuação empresarial, indicando as iniciativas economicamente viáveis. Claro que a taxa de juros definida pelos bancos centrais é uma meta, mas ela distorce de maneira inegável os preços no mercado financeiro. Ao não incorporar os conhecimentos e informações dos incontáveis agentes econômicos, mas apenas a visão limitada e distorcida da autoridade monetária, a taxa de juros administrada propaga falsos sinais e informações equivocadas, induzindo empreendimentos com grande probabilidade de fracasso.
    5. Um aspecto fundamental do sistema de livre mercado, o respeito ao direito de propriedade, não vigora no sistema financeiro. As regras vigentes hoje permitem o regime de coeficiente de caixa fracionário, ou seja, dos depósitos recebidos apenas uma fração permanece no caixa à disposição dos depositantes. A adoção do coeficiente de caixa fracionário implica alavancagem dos recursos realmente existentes nos cofres das instituições financeiras. Os bancos, ao receberem o depósito de um cliente com o compromisso implícito de guardá-lo em segurança, em função dos mecanismos de alavancagem, emprestam o dinheiro recebido para dezenas de outros clientes sem autorização expressa do depositante inicial. No caso dos bancos americanos o grau de alavancagem chegou a 32, ou seja, para cada dólar depositado o banco emprestava 32. Nos bancos brasileiros, mesmo escaldados pela recente crise que motivou o PROER, o grau de alavancagem passa de 12. O depositante tem seu direito de propriedade desrespeitado e o banco cria moeda do nada mediante expedientes meramente escriturais, atividade que, a rigor, não se distingue da simples falsificação de moeda. Note-se que os modernos instrumentos financeiros sobre os quais a mentalidade estatista e antilibertária joga a responsabilidade da crise atual não passam de novas e criativas maneiras de se cometer o velho pecado do multiplicador bancário.
    6. Diante de uma corrida bancária, situação em que os diversos clientes comparecem em massa aos bancos para resgatar seus depósitos, um banqueiro alavancado estaria em virtual falência. Entretanto, o detentor de carta patente bancária desfruta de outro privilégio que o distingue dos empresários capitalistas comuns. Neste caso, vem em seu socorro o banco central e põe à sua disposição numerário suficiente para impedir a quebra do banco. Esta ação do banco central, como emprestador de última instância, para proteger os interesses do banqueiro, ao aumentar a massa monetária, gera inflação, prejudicando a população em geral, que terá parte de sua riqueza seqüestrada.

    Em resumo: o sistema financeiro em seu desenho atual não é um sistema de livre mercado nos marcos das regras universais do direito. Trata-se de um processo caracterizado por monopólio governamental, monopólios privados por concessão estatal, por preços administrados, pela iniciativa empresarial severamente tolhida. Além disso, no sistema financeiro, direitos fundamentais, como, por exemplo, o de propriedade, são desrespeitados, vigem privilégios inaceitáveis como a permissão de emitir moeda falsa.
    Assim, não se pode aceitar que a crise atual seja decorrente do livre mercado. O que entrou em crise foi um modelo fortemente regulado pelo Estado, sob o regime de preços administrados, onde o desrespeito aos princípios fundamentais do Direito é permitido.”

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    Apesar do Sr declarar ser um grande conhecedor de Mises, provou apenas ser um grande manipulador da opinião publica, e não saber nada sobre princípios econômicos da Escola austríaca, muito menos os aspectos que a diferenciam da escola de Chicago. A única réplica que desejo do Sr é com relação a esses 6 tópicos, que caracterizam um sistema financeiro capitalista, os quais quase nada condizem com o modelo financeiro adotado pelos EUA, o que portanto não caracteriza uma crise financeira capitalista (livre). Se não me responderes com coerência e persistir na desonestidade que difama os princípios liberais de economistas como Mises e Rothbard, eu garanto que não perderei ser quer mais um único minuto do meu tempo com suas detrações.

    Continuando, sobre sua analise superficial sobre os EUA, parece deixar claro que jamais pisou em solo norte-americano, o IDH dos EUA é incomparavelmente melhor que qualquer nação mais intervencionista. Aconselho a dar umas voltas pelo Estado do Texas, Oklahoma, Arkansas ou, mais ao norte, em New Hampshire ou na região do Quebec no Canadá (país que estava entre as 5 economias mais livres há mais de uma década), assim verá que a nossa pobreza, aquela que vemos aqui, é inconcebível para os padrões deles.. A Argentina, com todo respeito, já que é um país que eu tenho muito apreço e gostaria ter a oportunidade de conhecer, mas jamais foi exemplo de livre mercado e descentralização. O Sr utliza de algumas praticas “neoliberais”, que não representam necessariamente que o país esteja adotando o modelo de governo idealizado pelos liberais, como uma forma de colocar toda culpa pela mazelas do país no liberalismo econômico. Eu cito o Chile, pq este sim adotou, de facto, uma descentralização política de longo prazo. Afinal, nada adianta um surto liberal, como houve no Brasil após 1990, onde varias empresas foram privatizadas, mas o excesso de regulamentação não deixou de existir, o que nada condiz com o modelo politico defendido por Friedman e Haeyk. Eles defendem que o governo deve se concentrar em suas funções básicas, como saúde e educação, mas não necessariamente como administrador direto dessas funções. Se tratando de Brasil, saúde e educação são funções básicas delegadas ao estado, funções estão simplesmente sucateadas. O Sr falou que critico o gigantismo do Estado, não é bem por ai, apesar de eu defender a privatização e eliminar regulamentações, não acho que por causa de nossa alta carga tributaria seja exatamente o problema, a Alemanha e Finlândia possuem carga tributaria tão alta quanto a nossa, a diferença é que lá a arrecadação é descentralizada e a pirâmide é invertida, são as cidades e as regiões que ficam com os recursos. Já, no Brasil, é o governo federal que fica com a grande parte dos recursos, concentra-se muito na mão de poucos, só com cambalacho político que uma parte ínfima dinheiro retorna ao local de arrecadação, está feito o circo, há 509 anos! O Sr deixou claro ser a favor de tais políticas centralizadas ao defender programa assistencialista como o bolsa família.

    Gostaria de lembrar ao Sr que o governo não gera riquezas, programas como o bolsa família originado pelo governo federal beneficia principalmente o modelo centralizado vigente, o que julgo o grande empecilho do nosso desenvolvimento e a causa crucial da nossa miséria e podridão. Conforme informações provenientes do Economista e vice presidente do Tribunal de contas do estado de SP, Carlos de Carvalho, há um grande problema de representação nas casas legislativas, dos 81 senadores, 48 são representantes do Norte e Nordeste, embora essas regiões representem menos de 40% da população. Por outro lado, o tamanho do sudeste na câmara tem uma representação populacional de 64,2 milhões de pessoas, o que é muito inferior aos seus 78,4 milhões de hab. Isso fica mais estarrecedor se levarmos em conta a contribuição econômica de cada região, o sudeste que corresponde por quase 57% do PIB nacional possui uma participação de míseros 18% na câmara, ou seja, aqueles que pagam a conta e sustentam a economia do país não tem voz política. Não é difícil entender o motivo de tantas injustiças legais no pais: mais e mais impostos federais. Conforme o próprio Eduardo carvalho: ‘’Onde a democracia é a eleição entre dois lobos e uma ovelha para o que ter de jantar, não é racional esperar um resultado justo’’. É isso que o sistema político brasileiro estimula, enquanto a Esmola paga para milhões de nordestinos com dinheiro do paulista e carioca garantem a manutenção deste modelo deturpado. Outra divergências importantes ocorrem na concentração da atividade pública nos diferentes estados, no Amapá e Roraima por exemplo, o peso governamental chega a cerca 42% e 54% respectivamente da economia, em São Paulo este número não passa de 10%. Para Eduardo de Carvalho: “o poder executivo controlando a liberação de recursos do orçamento da união tem quase como reféns importantes partes do legislativo”. Outro dado absurdo é que brasília tem a maior renda percapita do Brasil, cerca de 31 mil reais, sendo que SP-SP não passa de 20 mil reais, mas o que Brasília realmente produz de riqueza? Oásis dos políticos foi criado com suor alheio, tudo graças a mentalidade coletivista e de idolatria ao Estado. Um preço bastante caro para realizar a justiça social, onde a burocracia precisa concentrar em si boa parte da riqueza criada pelo setor privado, já que o Estado não gera riquezas, é um pedágio em tanto para cuidar do bem estar geral, não acha? Vale destacar que esse modelo é prejudicial para os próprios nordestinos, afinal não são eles que se beneficiam de fato, mas os políticos e seus aliados que desfrutam dos benefícios deste esquema extorsivo, e pior, seu excessivo poder acaba tendo um efeito nefasto sobre a população local, basta lembrar os velhos caciques nordestinos da política nacional, hoje aliados do PT de lula, e constatar que seus feudos são miseráveis, como no caso do Maranhão ou Pará. É necessário descentralizar o poder no Brasil com urgência, infelizmente nenhum partido político contempla essa proposta, que é uma diretiva básica de uma Sociedade Capitalista LIBERAL.

    Resumindo: “Somos os burros de cargas”, parafraseando Roberto Campos:
    "Continuamos a ser a colônia, um país não de cidadãos, mas de súditos, passivamente submetidos às 'autoridades' - a grande diferença, no fundo, é que antigamente a 'autoridade' era Lisboa. Hoje é Brasília."

    Brasília é o nome do verdadeiro imperialismo responsável por nossas mazelas. E o maior cúmplice dessa derrocada, é nosso próprio conformismo. Conformismo alimentado constantemente pela mídia, escolas e universidades.. com base nessas mesmas falácias coletivistas que o Sr defende. Só rindo para não chorar. ;D

    Um abraço

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  11. Sr. Luiz M.

    Desta vez vou começar por seu resumo: “o sistema financeiro em seu desenho atual não é um sistema de livre mercado nos marcos das regras universais do direito”. E vou responder da seguinte maneira: “o comunismo nunca foi praticado conforme as regras do materialismo dialético, menos ainda na sua prática real”. Desse modo tais ideologias sem entrecruzam num paradigma indissolúvel, que só se reduzem a uma mera retórica.
    Portanto, a divergência que existe entre nossas argumentações está centrada na visão diferente que ambos temos da realidade social. O senhor usa conceitos de economia pura (típica da escola austríaca) que trata de desenhar uma realidade a partir de uma concepção daquilo que deveria ser o correto. A realidade mostra-nos alguma coisa diferente. Seu ponto de vista é estritamente econômico, o meu envereda pelo campo da economia política em sua forma ampla. Não adianta questionar e direcionar a conversa para os problemas brasileiros, já que os mesmos são amplamente conhecidos, próprios de economias durante muito tempo sujeitas á exploração internacional ajudada por seus operadores locais.
    Por outro lado, vamos deixar a Escola Austríaca no campo da dissertação de teses acadêmicas, e vamos falar da sua sucessora, a Escola de Chicago, que foi em definitiva aquela que tentou por em prática, através de Hayek e Friedman suas premissas econômicas. O que diz a escola liberal? No autêntico livre mercado, as forças econômicas da oferta, demanda, inflação e desemprego são como as forças da natureza, fixas e imutáveis. Tais forças devem coexistir em perfeito equilíbrio, com a oferta atuando com a demanda da mesma forma que a lua movimenta a maré. Se a economias sofriam uma alta taxa de inflação, isso ocorria porque, segundo a estrita teoria monetarista de Friedman, políticos mal aconselhados teriam permitido que entrasse demasiado dinheiro no sistema, no lugar de deixar que o mercado alcance o equilíbrio por si só.
    Tal problema, disfarçado pela explicação de que “hiperinflação ao longo da história, a moeda pode ter seu valor reduzido a zero, deixando de ser um bem econômico” para justificar que se deixar o mercado decidir por si próprio, criaria o número preciso de produtos com preços adequados, produzidos por trabalhadores com salários exatamente adequados para comprar esses produtos. Fantástico!!! Uma fórmula de pleno emprego, criatividade sem limites e inflação zero.
    Para responder seus condicionantes econômicos, vou acrescentar que nosso amigo Friedman tentava demonstrar que o “mercado do mundo real” estava muito próximo de suas fantasias economicamente perfeitas (para sua tranqüilidade, com as teorias comunistas-stalinistas ocorreu a mesma coisa). Porém, como não podia demonstrar suas teorias nos Bancos Centrais ou nos Ministérios de Comércio, Friedman e seus colegas tiveram que refugiar-se nos sótãos do Prédio de Ciências Sociais, elaborando monstruosas equações matemáticas e modelos econômicos, esperando a oportunidade de demonstrar que o livre mercado é um sistema cientificamente perfeito.
    Não adianta, meu caro Luiz (?). Para mim, a moeda tem valor de uso e não condição de fetiche. O dinheiro que circula no mundo deve estar ao serviço das necessidades humanas. Do contrário, não serve para nada. A prova do fracasso das ideias de Friedman e todos seu antecessores, encontra-se na prova concreta, que o senhor corroborou no seu texto (“os quais quase nada condizem com o modelo financeiro adotado”), que nem sequer os Estados Unidos, verso do capitalismo sem restrições, conseguiu aplicar o modelo de livre mercado.
    Para que vamos estabelecer um diálogo interminável, se sua visão é estritamente monetarista? Não adianta dizer que foi John Maynard Keynes que vaticinou em 1929 o fim do “laissez-faire”, que significou o fim da liberdade do mercado para regular-se a si mesmo. A poupança de toda uma vida perdida da noite para o dia, os suicídios, as filas imensas por um prato de comida para os desempregados. Nesse contexto, John Kenneth Galbraith, herdeiro das ideias de Keynes nos Estados Unidos, definiu que a principal missão dos economistas e políticos era “evitar a depressão e prevenir o desemprego”. Que palavras tão atuais, não é?
    Hoje estava escutando no jornal Nacional os elogios do presidente americano ao potencial do Brasil para enfrentar a crise, considerando nosso presidente como o parceiro ideal para ajudá-lo nessa tarefa. Falando dos Estados Unidos, é verdade, não conheço pessoalmente. Não preciso. Sei muito bem como vivem os norte-americanos, assim como os dados divulgados pelo Banco Mundial e pela AFLO. O mais próximo que estive dos Estados Unidos, foi quando fiz um intercâmbio com o Tecnológico de Monterrey. Existe no México uma frase engraçada e trágica, que diz “Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”.
    Enquanto no Brasil estamos iniciando a construção de um milhão de casas para os setores mais carentes da sociedade, mil famílias norte-americanas perdem suas casas por dia. E claro que isso não deve estar acontecendo nos estados que o senhor conhece.
    Seu comentário com referência as alianças políticas que acontecem em Brasília, concordo plenamente com o senhor. Resulta inimaginável que políticos antagônicos se reúnam em tertúlias aconchegantes. Entretanto, não existe nada de novo nesses namoros estratégicos. É uma constante aqui como em qualquer lugar do planeta.
    Esse é o problema de existirem partidos políticos, que, por sinal, representam os interesses das diferentes classes sociais que existem numa economia capitalista. O público chama isso de democracia. O que vai fazer em contra? É a sociedade organizada que deve se mobilizar. O senhor fala do PT, mas no Congresso e na Câmara de Deputados há representantes de todos os partidos. Não há nenhum santo nessas casas. Analise o perfil econômico e trajetória social de cada um deles.
    A grande maioria vem do setor privado, de bens e serviços. Não são pobrezinhos com sorte súbita. A maioria são lobistas execráveis. O que fazer com eles? Será que muitos estão constantemente em contra das políticas públicas adotadas? O senhor confirma isso com seu discurso.
    Hoje participei do Conselho de Segurança Alimentar da Prefeitura. Tenho que felicitar as ações desenvolvidas, assim como o programa do Bolsa Família, que sinto o orgulho de acompanhar. Enquanto existir neste país pessoas que se sensibilizem com a miséria e com a exclusão social, estaremos protegidos de modelos econômicos baseados na prática do darwinismo social.
    Abraço,
    Prof. Victor Alberto Danich

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  12. “o sistema financeiro em seu desenho atual não é um sistema de livre mercado nos marcos das regras universais do direito”. E vou responder da seguinte maneira: “o comunismo nunca foi praticado conforme as regras do materialismo dialético, menos ainda na sua prática real”.

    Completamente de acordo, de fato, da mesma forma que não há nenhuma sociedade nos moldes idealizados pelos escolásticos da Escola Austríaca. Eu já comentei anteriormente que nenhuma sociedade é inteiramente capitalista ou socialista, o que existe é um “Mix” de ambos. Acontece que, o Sr está culpando os ideais Capitalistas, a ideologia liberal, justamente pelas falhas cometidas pela Socialização do sistema financeiro. Tratei então de lhe mostrar que o sistema financeiro americano atual nada condiz com o modelo financeiro defendido pelos capitalistas, então, com sua incapacidade de refutar a lógica do livre mercado, o Sr foge do assunto com desculpas esfarrapadas e, assim segue sua peregrinação cega contra o Capitalismo liberal. Neste blog não há preocupação com dialética, é mera detração e manipulação política.

    Ao mesmo tempo o Sr também diz ser contra centralização e contrário o modelo atual vigente no Brasil, defende programas populistas do governo federal e protege pessoas que jamais prezaram por descrentalização politica, como Che Guevara ou um Comandante da Revolução Cubana e, para piorar, não preciso comentar que o objetivo do seu blog é atacar frustradamente economistas e pensadores que defendiam justamente a descrentalização, como Friedman e Hayek. Sendo que essas medidas descentralizadas obtiveram sucesso justamente em países em que o Sr alegou obterem o mérito pela via social-democratica, como Inglaterra, Canadá ou EUA, países com grande liberdade econômica. É a liberdade econômica a grande propulsora e geradora de riqueza, não o grau de socialismo, o Estado não gera Riqueza, somente consome. Nos EUA, apesar a União estar aumentando seus tentáculos assim como no Brasil, seja com Bush ou Obama, o apreço por descentralização é grande, são as regiões que determinam boa parte das questões legislativas, administrativas, tributarias e judiciárias. Se você não estiver contente com as diretrizes de um Estado, pode muito bem se mudar para outro, ao menos tem a opção, Milton Friedman defendia isso em seu livro “Free to Choose”. No Brasil, a federação foi criada intencionalmente, de cima para baixo, apenas para perpetuar os domínio políticos vigentes. Não há escolha, os problemas são gerais, às ordem vem de cima, ao mudará muito mudar de SC para SP. Somente alienados são tão otimistas, a ponto de ver essas atitudes centralizadas como uma esperança para o Brasil, não interessa se o Brasil está 500 anos tratando as questões primordiais de cima para baixo (sem liberdade), ou se essas políticas não deram certo em lugar nenhum, ou se meio mundo faliu e fracassou na completa miséria devido ao elevado grau de socialismo dessas sociedades. Já o Sr,pelo jeito aconselha resolver o problema com mais Estado, com mais regulamentação, ou seja, está querendo curar leucemia com sanguessugas. É um absurdo.

    O Sr disse:
    “Esse é o problema de existirem partidos políticos, que, por sinal, representam os interesses das diferentes classes sociais que existem numa economia capitalista. O público chama isso de democracia. O que vai fazer em contra? É a sociedade organizada que deve se mobilizar. O senhor fala do PT, mas no Congresso e na Câmara de Deputados há representantes de todos os partidos. Não há nenhum santo nessas casas. Analise o perfil econômico e trajetória social de cada um deles.
    A grande maioria vem do setor privado, de bens e serviços. Não são pobrezinhos com sorte súbita. A maioria são lobistas execráveis. O que fazer com eles? Será que muitos estão constantemente em contra das políticas públicas adotadas? O senhor confirma isso com seu discurso.”

    Eu falei do PT, pq é dele que vem a iniciativa, não estou defendendo nenhum partido político, afinal nenhum deles é liberal. Nossa direita é o PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA haha, que esteve 8 anos no poder e nada fez para mudar esse quadro de centralização política, são todos parasitas do dinheiro publico. O governo de FHC que deu o pontapé inicial nos programas assistencialistas que critiquei, apesar de algumas privatizações, a regulamentação pesada prevaleceu, isso é Social Democracia, não liberalismo econômico. Alias, esmagadora maioria dos partidos no Senado e na Câmara defendem o intervencionismo econômico, o único que preza por livre mercado de fato é Partido social liberal (PSL), pelo menos no estatuto, mas não dou mais meu braço a torcer para políticos, apenas para movimento sociais que prezam por liberdade, como o movimento o pessoal do Instituto Federalista, Instituto Liberal e os Libertários.

    Não nego meu discurso, é obvio que os lobbies provêm de empresários do setor privado, de onde mais viriam? Onde há governo, há lobby. Marx, Engels e Hitler eram pessoas ricas, assim como a família de Fidel Castro, são os capitalistas o maiores inimigos do mercado livre, isso qualquer liberal sabe. Como já disse, Smith já defendia: “o homem se nega a trabalhar pelo BEM comum”, essa é a maior realidade, acima de qualquer ideologia, não interessa se o discurso é moralista, igual ao seu. Porém, o Sr não enxergar isso e ainda alega que eu estou cego, hehe. Acontece que, onde houver Estado regulando a economia, haverá lobby, é inevitável. Conseqüentemente haverá uma classe de privilegiados protegidos pelo Estado e por essa falácia coletivista que o Sr defende, em detrimento de todo o resto que é impedido de investir seu dinheiro e potencial em certas áreas, sem contar que somos potencialmente furtados com um negocio que eles chamam de “contribuição”, usando nosso dinheiro contra nós mesmos. A segurança de um país depende do Governo federal, não é a toa que os maiores lobbistas do Congresso dos EUA são empresas como a Lockheed Martin e Northrop Grumman. Agora, alem de empresas militares e financeiras, grandes empreiteiras e automobilísticas estão investindo nessa deificação da União Americana, eles tem medo de falir, não é? Eles não querem perder a mamata e levar a lógica liberal a tona: “os ineficientes devem falir”. Muitos desses industriais que puxavam o saco de Friedman nos tempos de vaca gorda, hj suplicam para não entrar em bancarrota. Agora, a opinião pública, permitindo essas intervenções, contraria toda lógica liberal e ideológica de seus fundadores, que tornou os EUA na nação mais rica do mundo. Agora, eles que paguem o preço. Enquanto que, as nações que se abrirem, não ficarão a beira da estagnação. São as pessoas que perdem com a concorrência que devem prezar pelo livre comércio, essa é a verdadeira a maioria. O sr pode ter certeza de uma coisa, esses capitalistas que fazem o lobby no Senado e na câmara detestam o livre mercado tanto quanto o Sr.
    Quiser uma referencia mais séria do que a meu humilde comentário sobre este assunto, trate de procurar um livro recente, chamado: “Salvando o Capitalismo dos Capitalistas”.

    Agora, sobre a Crise novamente, é evidente que o Chile irá sofrer conseqüências, é uma crise global, assim como nós também estamos sofrendo. A Weg em Jaraguá ameaçou mandar uma galera embora, a Gerdau, Renault, Embraer, Embraco.. estão todos cortando custos, temendo ir a bancarrota. Só quem ainda que não abriu os olhos? O Governo, afinal para eles, tudo isso é uma Marolinha. Agora o presidente alegou, “reduzir IPI não produz empregos”. Pra ficar correto, só faltou ele completar: “empregos comissionados em prol da politicagem nacional”, hahahaha. Essa é nossa louvável barreira contra a crise, taxando-nos até goela e reprimindo nossa possibilidade de investimentos, excelente medida anti-crise, né? ahah.

    “Enquanto no Brasil estamos iniciando a construção de um milhão de casas para os setores mais carentes da sociedade, mil famílias norte-americanas perdem suas casas por dia.”

    Os americanos perdem suas casas justamente pelas intervenções do passado, como já citei, o Governo obrigava os bancos emprestar dinheiro aqueles que não possuíam recursos para obter sua própria casa, fugindo totalmente a lógica capitalista e desencadeando a bolha financeira que resultou na crise, mas o Sr continua culpando cegamente o liberalismo econômico. Agora, o Governo brasileiro quer assumir o mesmo risco que desencadeou a crise e Sr vem com essa falácia para cima de mim? Se tu tens rabo preso com política, problema é seu, lamento aqueles que engolem esse tipo de falácia partidária.

    Como atualmente disse Lew Rockwell:

    “Nenhum país conhece melhor os fracassos e a miséria trazidos por esse tipo de planejamento central do que a China. Todas as formas concebíveis de coletivismo já foram tentadas sobre essas pobres almas, e estima-se que mais de 70 milhões perderam suas vidas no curso dos insanos experimentos coletivistas implantados por Mao. Que esse novo plano esteja sendo legislado em nome de Lord Keynes ao invés de Karl Marx é irrelevante. Os efeitos são os mesmos: expandir o poder do estado e reduzir a liberdade do indivíduo.
    ...
    Os EUA, ao invés de serem o "farol da liberdade em um mundo obscuro" - como seus políticos gostam de aclamar, estão na verdade ajudando a apagar as luzes e a sustentar despotismos decrépitos. Esta é certamente uma das grandes ironias do atual momento político. Ao invés de ensinar a liberdade ao mundo, o recém-empossado poder executivo dos Estados Unidos está batizando várias formas de ditaduras. Só nos resta torcer para que haja algum país que não siga o exemplo
    ...
    Keynes famosamente aclamou as políticas econômicas nazistas na introdução à edição alemã de seu pior livro, a Teoria Geral. Após um século de horrores, os homens livres da China e do mundo certamente merecem algo melhor.”

    Link : http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=236

    “Para que vamos estabelecer um diálogo interminável, se sua visão é estritamente monetarista? Não adianta dizer que foi John Maynard Keynes que vaticinou em 1929 o fim do “laissez-faire”, que significou o fim da liberdade do mercado para regular-se a si mesmo.”

    A economia americana, antes da grande depressão, não era inteiramente lastreada em ouro. Apesar de Friedman não ser adepto inteiramente do padrão ouro, ele próprio denunciou essa calunia de culpar o laissez-faire pelo crise de 29, em seu livro “Capitalismo e liberdade”:

    “Economia de livre empresa, dizem, inerentemente instável. Deixada à sua própria sorte, produziria ciclos de altos e baixos. O governo deve, portanto, intervir para manter as coisas em equilíbrio. Esses argumentos foram particularmente poderosos durante após a Grande Depressão de 1930 e constituíram elementos de peso pé o surgimento do New Deal neste país e para extensões comparáveis da intervenção do governo em outros países. Mais recentemente, "crescimento econômico" tornou-se o slogan mais importante das reuniões políticas. O governo deve, é o que se afirma, garantir a expansão da economia a fim de obter recursos para a guerra-fria e demonstrar às nações não-alinhadas do mundo que uma
    democracia pode crescer mais rapidamente do que Estado comunista.
    Esses argumentos são totalmente erróneos. Acontece que a Grande Depressão, de modo semelhante a outros períodos de grande desemprego foi causada pela incompetência do governo - e não pela instabilidade inerente à economia privada. Uma organização do governo - o Federal Reserve System - tinha a responsabilidade pela política monetária. Em 1930 e 1931, exerceu tal reponsabilidade de modo tão inepto que acabou por converter o que de outra forma teria sido uma contração moderada num grande catástrofe (ver discussão mais adiante). Atualmente, de modo semelhante, as medidas governamentais constituem o maior impedimento ao crescimento econômico nos Estados Unidos. Tarifas e outras restrições ai comércio internacional, taxação pesada e uma estrutura de taxação complexa e injusta, comissões reguladoras, fixação governamental desalários, preços e mais um número enorme de outras medidas fornecem aos indivíduos um incentivo para o uso inconveniente e inadequado dos recursos, distorcendo
    o investimento das novas poupanças. Na verdade, precisamos urgentemente, para a estabilidade e o crescimento econômico, de uma redução na intervenção do governo - e não de sua expansão.
    Tal redução ainda deixaria um papel importante para o governo nessas áreas. Convém que usemos o governo para fornecer uma estrutura monetária estável à economia livre - isto é parte da função de propiciar uma estrutura legal estável.

    É também conveniente que o governo forneça uma estrutura geral econômica e legal que permita aos indivíduos fazer a economia crescer, se isto estiver de acordo com seus valores.”

    Porém, apesar do modelo de Friedman também não prevalecer atualmente, ele argumentava que, ao manter a taxa de crescimento da oferta monetária em uma porcentagem fixa, o banco central poderia manter a economia em uma rota de crescimento estável, sem ciclos econômicos. Conforme Rothbard, essa regra monetária que ele defendia continua envolvendo a impressão não lastreada de dinheiro e, por isso irá gerar o mesmo efeito que qualquer sistema monetário baseado na impressão não lastreada de dinheiro, ou seja, ciclos de expansão e recessão. Apenas um padrão-ouro puro está imune aos ciclos econômicos, como o ocorrido na Inglaterra no século XIX. É esse padrão que defendem os liberais da escola austríaca, que os diferenciam dos liberais de Chicago no quesito Financeiro. Sobre este assunto, Friedman não era um Capitalista para os “Vienna Boys”, heheh.

    E para fundamentar mais ainda essa falácia contra o liberalismo econômico, aconselho o Sr a ler o livro que trata inteiramente sobre a grande depressão de 29, de Rothbard, America’s Great Depression,
    http://mises.org/literature.aspx?action=author&Id=299

    Alias, se quiser realmente criticar o liberalismo pela crise, é “obrigado” a ler este livro, senão vai continuar falando as mesmas baboseiras doutrinárias que os Socialistas de esquina e políticos, como mostrou até agora. Nenhuma novidade, já ouvia isso no meu tempo de militante político de esquerda.

    Friedman, neste mesmo livro, atacava justamente supostos “intelecutais”, como o Sr, que colocam seus valores morais acima da lógica capitalista. O Sr é um verdadeiro político e age desonestamente como tal. Mas, devo reconhecer que, seu discurso é bem enfeitado, é uma bela sopa de doutrinação para a opinião pública. Pessoas comuns, que não leram Friedman ou Hayek, não poderão refutá-lo, portanto poderão engolir suas mentiras depravadas e, estes economistas, passarão a ser seus demônios, assim sua missão em prol “Justiça Social”, “Bem estar coletivo”, “anti-imperialismo”, “anti-alienação” estará definitivamente concretizada, não é mesmo? Mas, acontece que, o Sr não incentiva o senso critico e não honra com o intuito qdo seu blog, é uma verdadeira pratica de doutrinação. Porém, Gramsci nada tem a ver com isso, não é? Devia ser mais honesto e mudar o nome deste blog para: “Jaraguá Feudalista” ou “Governo Federal: o pai de todos”. Já disse que respeito a Esquerda, mas o Sr e suas idéias é uma ofensa declarada a esquerda séria do mundo.

    Para adquirir o livro do Friedman, assim como de Mises ou Rothbard, fui obrigado a importar a versão em inglês, a não ser que baixe da internet, é impossível na prateleira de uma de economia de uma livraria qualquer. Mas, inevitavelmente vc dará de cara com um livro bem enfatizado visualmente : “O Capital – Karl Marx”. Tenho notado isso constantemente, acho isso um sarro para um país que dizem degradado pela ideologia dos Chicago Boys, hahaha. Mas eu não culpo as livrarias, afinal é a lei da oferta e procura vigorando para atender a demando de um “povo doutrinado”. Eu já fui militante da juventude petista, ainda bem que meu grau de ceticismo levou a ler justamente aqueles que autores que os petistas colocavam na cova dos leões. Isso me fez abrir os olhos, ao invés de fechá-los. È o Sr que está fechando os olhos de muita gente aqui, asism como muitas das suas incoerências, está condenando o Senso Critico ao invés de promovê-lo.

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  13. Sr. Luiz. M
    Parece que em algumas coisas estamos começando a entender-nos. Nenhum sistema econômico ou filosófico elaborado a partir de construções mentais é capaz de ser introduzido na sociedade apenas por ser considerado válido. Entretanto, como já percebi que seu posicionamento político encontra-se dentro do modelo “libertário” que inclui a ideia pejorativa da “liberdade” para ganhar dinheiro ilimitadamente sem controle. Tudo bem, essa não é minha preocupação, qualquer um pode fazer com seu dinheiro o que quiser, enquanto não leve milhares de seres humanos à exclusão e pobreza absoluta. Tal conceito não é moralista, apenas está centrado naquilo que Freud chamava de “mal-estar da civilização” que, por sinal, o senhor colocou como citação de Adam Smith: “o homem se nega a trabalhar pelo BEM comum, essa é a maior realidade, acima de qualquer ideologia”. Entrando nesse tema, vou citar algumas conclusões de Smith, centradas na ideia de que as pessoas são conduzidas por uma “mão invisível” no sentido de promover o bem social, sem que este seja o motivo principal desse comportamento. A influência de Smith nas doutrinas econômicas conservadoras posteriores, principalmente, a partir de Menger (pré-história da Escola Austríaca) está assentada na crença de que, numa economia de mercado concorrencial, Laissez-faire e capitalista, o mercado livre dirigia todos os atos egoístas, gananciosos e dirigidos para o lucro, socialmente benéfico e harmonioso, “de liberdade natural”. Tal conceito serviu para criar parâmetros para a ação do governo. Não precisamos relembrar, porque o conceito encontra-se no âmago da ideologia liberal.
    No entanto, o que se esconde nessa argumentação, são outras palavras de Smith no seu livro “As riquezas das Nações”, muito pouco citadas, que se referem aos conflitos de classe existentes na sociedade. Grande parte do trabalho de Smith deriva de sua perspectiva da teoria do trabalho, dizendo que ele era o único criador de valor, e que os trabalhadores tinham que dividir o produto de seu trabalho entre duas classes “cuja fonte de poder e cuja reivindicação de renda não decorriam da produção de mercadorias, mas da propriedade e, que essa mesma propriedade dava a algumas pessoas o direito de colher o que não tinham plantado e que a proteção dos direitos de propriedade pelo governo era, basicamente, uma defesa do rico contra o pobre”. Belo discurso, não acha?
    Tem mais, Smith acreditava que os salários eram resultado de uma luta econômica, social e política entre trabalhadores e capitalistas, na qual os capitalistas “quase sempre, levavam a melhor”. Também expressava: “o interesse dos empresários por qualquer ramo do comércio ou indústria é sempre, em alguns aspectos, diferente e até mesmo oposto aos interesses do povo....que só serve para permitir aos empresários, aumentando seus lucros de modo a ultrapassarem seus limites naturais, cobrem, em proveito próprio, um imposto absurdo do resto de seus concidadãos” (An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations – Modern Livrary, 1987, p. 250). Talvez seja por isso que o Estado deve estar atento (palavras minhas).
    Como pode ver, eu não sou incapaz “de refutar a lógica do livre mercado” fugindo “do assunto com desculpas esfarrapadas e seguindo “uma peregrinação cega contra o Capitalismo liberal”. Se fosse assim, nem sequer citaria as palavras ditas por um dos principais ideólogos do liberalismo econômico. A partir desses conceitos, as escolas liberais vão moldando suas crenças (como toda e qualquer ideologia).
    Se colocar como verdade absoluta de que a filosofia social do pensamento liberal é uma ciência isenta de valores, que carece de qualquer julgamento normativo, sem se preocupar em obscurecer da diferença existente entre capital e trabalho, isso sim seria uma desonestidade.
    Quando o senhor fala da socialização do sistema financeiro, está cometendo um ato falho monstruoso. Primeiro, porque o sistema financeiro de socialista não tem nada, e, segundo, porque parece dizer (entrelinhas) que o sistema financeiro deve estar ao serviço dos setores mais poderosos, e as migalhas, se sobrarem, para o resto da sociedade. A ideologia liberal do extremo darwinismo social. Parabéns.
    Como não entendi sua colocação, ou contradição (pelo fato de expressar exatamente o contrário no início) na qual acrescenta que: “Sendo que essas medidas descentralizadas obtiveram sucesso justamente em países em que o Sr alegou obterem o mérito pela via social-democrática, como Inglaterra, Canadá ou EUA, países com grande liberdade econômica”, vou relatar alguns acontecimentos que decepcionaram nossos amigos Hayek e Friedman durante as décadas de 70 e 80, justamente nos países citados pelo senhor.
    O presidente Richard Nixon (fervoroso defensor do liberalismo econômico, pelo menos publicamente), que tinha ajudado aos “Boys de Chicago” a implantar o modelo em Chile durante o regime militar comandado por Pinochet, seguiu um caminho totalmente distinto no seu país. Quando Nixon foi eleito presidente em 1969, Friedman acreditou que suas propostas seriam colocadas em prática no país mais poderoso do mundo. No entanto, a economia americana, em 1971, entrou em franca depressão e Nixon viu-se forçado a aplicar medidas que os próprios discípulos de Friedman vieram a realizar (francas políticas keynesianas).
    Lembra-se de Donald Rumsfeld? Esse senhor bonzinho que comandou a invasão do Iraque? Friedman ligou para ele e diz: “pare de aplicar tais políticas” – e Donald respondeu – “parece que o que estamos fazendo está dando resultado”. Foi justamente a aplicação de políticas antiliberais que Nixon foi eleito pela segunda vez com 60% de votação. Friedman, com sua auto-estima destroçada, expressou, muito longe de sua frieza acadêmica, a seguinte sentença: “Nixon foi o mais socialista dos presidentes dos Estados Unidos do século 20”.
    Que loucura não? Nosso grande professor da Universidade de Chicago edificou uma nova forma de reconstruir o capitalismo através de uma visão “libertária”, e, no entanto, as pessoas livres não queriam ouvir falar nem votar em políticos que seguissem as ideias da Escola de Chicago. O engraçado de tudo isto era que só os governos ditatoriais de direita eram os que apoiavam integralmente os conselhos do livro “Capitalismo e Liberdade” de modo à por em prática o livre mercado puro.
    Se estiver a fim, nesta quarta feira sairá uma crônica minha na página 10 do Jornal O Correio do Povo, contando a história da carta que Hayek escreveu para a “Dama de Ferro” Margareth Thatcher. Talvez seja interessante para o senhor saber dos bastidores da política internacional.
    Vivemos no Brasil, país que me acolheu num período conturbado. Havia uma ditadura militar (por sinal, uma das melhores de América Latina) porque tinha um projeto a longo prazo. O professor Celso Bueno, de São Paulo, que durante muito tempo trabalhou na Organização de Estados americanos – OEA, dizia-me quando era acadêmico do Curso de ciências Políticas e Sociais, que o projeto “Indústria Industrializante” foi a melhor aposta do governo militar daquela época, diferente das ditaduras do Cone Sul, porque foi capaz de criar o maior parque industrial de América Latina. É claro, o fracasso desse projeto centrou-se na brutal acumulação de renda, que ainda persiste.
    Uma coisa interessante. Nunca tinha ouvido falar do Partido Social Liberal – PSL. Sinceramente pensei que era o Partido Liberal de Afif Domingos que, realmente, é um partido da extrema liberal. Por outro lado, por não conhecer o partido citado pelo senhor, estive pesquisando e li o seguinte: “A diferenciação política do PSL vai sendo compreendida como uma necessidade política. Há espaço a ser disputado por um grupo coerente e conseqüente, com objetivos políticos mais avançados, capaz de unir forças políticas e sociais, de caráter socialista e com ética na ação política. Ações políticas de fato, que nada tem a ver com decisões eleitoreiras”.
    Veja, não gostaria que o senhor tivesse um ataque do coração. Ao final esse é o partido do qual gosta.
    Não adianta entrar na conversa de das diferenças metodológicas entre a Escola Austríaca e a de Chicago. Sem questionar o arcabouço intelectual nelas contidas, que por sinal são extremadamente conservadoras, gostaria de dizer que os pontos básicos dessas escolas são na prática, sem restrições: eliminação total dos impostos sobre as sociedades anônimas; do imposto de renda progressivo; da educação pública gratuita; da previdência social; da regulamentação, por parte do governo, dos alimentos e dos remédios; das licenças e qualificação de médicos e dentistas; do monopólio dos serviços dos correios; das indenizações pagas pelo governo em caso de desastres naturais; das leis do salário mínimo; dos tetos das taxas de juros cobradas por credores; das leis que proíbem as vendas de heroína e de quase todas as outras formas de intervenção do governo que estão além da garantia dos direitos de propriedade, das leis contratuais e da defesa nacional (a roubalheira ocasionada pelos ladrões de colarinho branco empresariais e financeiros na pirâmide montada a partir dos anos 90 nada tem a ver com isto? Me poupe.) Essa eclosão de pontos para a liberdade, são uma verdadeira montanha de conclusões de uma ciência “livre de valores” como o modelo liberal de Friedman , ou uma armadilha montada pelos setores parasitários da sociedade para gerar riquezas concentradas até o modelo estourar,e, aí sim, socializar as perdas?
    Meu blog, diferente daquilo que o senhor pensa, dá oportunidade para que as pessoas que discordam com as postagens possam participar das discussões, além de serem autorizadas suas publicações sem restrições. Sua produção intelectual em torno de seus argumentos está sendo publicada na íntegra. O que mais quer?
    A prova de uma política progressista no deve ser privada senão pública, e não trata somente de incrementar a renda e consumo dos indivíduos, senão de alongar as oportunidades de todos a través da ação coletiva. E isto significa que a iniciativa pública deve ser gestada sem pensar em lucros. Estas devem estar dirigidas no sentido em que todas as vidas humanas deveriam ganhar. Assim deve ser à base da política progressista, deixar de lado a maximização do crescimento econômico e as rendas pessoais. Convido-lhe a visitar o Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Incubação, que é uma fábrica de ideias e empreendimentos na área de inovação tecnológica. Porém, o mais importante, é que tal projeto funciona através da ação coletiva em parceria com instituições públicas e privadas, como resultado do uso do conhecimento de forma compartilhada e solidária. Como todas as ações do seres humanos deveriam ser.
    Atenciosamente,
    Prof. Victor Alberto Danich

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  14. “Meu blog, diferente daquilo que o senhor pensa, dá oportunidade para que as pessoas que discordam com as postagens possam participar das discussões, além de serem autorizadas suas publicações sem restrições. Sua produção intelectual em torno de seus argumentos está sendo publicada na íntegra. O que mais quer?”

    Realmente, obrigado.

    “Veja, não gostaria que o senhor tivesse um ataque do coração. Ao final esse é o partido do qual gosta.”

    O Sr realmente acha que estou preocupado com políticos? Não, eeu disse que não dou meu braço a torcer ao PSL, é um partido de esquerda, eu disse sim que respeito por seu estatuo, por defender o livre mercado e a minarquia. Alias, já conheci políticos do PSL, eles nem sabiam quem era Mises ou Keynes, quem dera o que era liberalismo. Partido no Brasil se resume a disputa de poder, mais nada.

    “O engraçado de tudo isto era que só os governos ditatoriais de direita eram os que apoiavam integralmente os conselhos do livro “Capitalismo e Liberdade” de modo à por em prática o livre mercado puro”

    No livro capitalismo e liberdade, Milton Friedman defende uma Minarquia de começo a fim, coisa que jamais se confirmou no Brasil. Já comentei sobre isso, mas o Sr pelo jeito não leu o livro ou não conhece nada sobre o regime militar, de nada adiantou o esclarecimento sobre a ordem política vigente no Brasil, o Sr está completamente cegado por sua luta infame contra aqueles que prezam por liberdade, não por ditaduras.

    Sobre EUA. Sim, Nixon era um Keynesiano, assim como Jimmy Carter e Obama. Mas, jamais na história do EUA o livre mercado deixou de ser o carro chefe, e , até então, o Federalismo sempre foi respeitado, tanto por Democratas como Republicanos, é o 10º artigo da constituição Americana. Alias, as políticas Keynesianas predominaram principalmente no setor financeiro, a qual desencadeou a crise de 29 e a atual crise financeira. Contudo, quando eu mostrei porque o Sistema financeiro não é baseado nos princípios da Escola de Chicago e da Austríaca, e porque a crise de 29 não teve o liberalismo como causa, o Sr não conseguiu refutar. E, ainda por cima, me diz:

    “Primeiro, porque o sistema financeiro de socialista não tem nada, e, segundo, porque parece dizer (entrelinhas) que o sistema financeiro deve estar ao serviço dos setores mais poderosos, e as migalhas, se sobrarem, para o resto da sociedade. “

    “É culpa do Liberalismo porque o sistema financeiro de socialista não tem nada”, é este teu argumento?

    Como assim de socialista não tem nada? Oras, é o Estado que determina as regras do jogo financeiro, quem pode ou quem não pode, mas o Sr se recusa a observar o óbvio. É claro que são os rico se dão bem num sistema assim, logo é a sua ideologia é falsária, pois ela não entende que os homens não trabalham em beneficio comum, pelo contrário, só falam trabalhar em prol dele, para cometer suas atrocidades com aval de pessoas iludidas como o Sr. E com esse blog, varrendo do mapa o liberalismo econômico, auxilia tais políticas. O liberalismo, diferente do que o Sr pensa, é benéfico justamente para o pobres, não para os ricos. O Sr continua lançando a miséria nas costas do liberalismo, não interessa quanto eu te mostre quão miseráveis são as nações que jamais adotaram o liberalismo econômico como sistema a longo prazo, principalmente o Brasil, o culpado sempre será o Milton Friedman.

    Alguns dados do Canadá “Keynesiano” :

    Business Freedom 96,5%
    Investiment Freedom 70%
    Trade Freedom 88,2%
    Fiscal Freedom 76,6%
    Monetary Freedom 80,8%
    Finantial Freedom 80%
    Property Rights 90%
    Freedom from Corruption 87%
    Labor Freedom 81,9%

    Posição (liberdade economica): 7ª

    ---

    Alguns dados do Brasil “Neoliberal” :

    Business Freedom 54,4%
    Investiment Freedom 50%
    Trade Freedom 71,6%
    Fiscal Freedom 65,8%
    Monetary Freedom 77,2%
    Finantial Freedom 50%
    Property Rights 50%
    Freedom from Corruption 35%
    Labor Freedom 62,7%

    Posição (liberdade economica): 105ª



    Se pegarem os dados das economias mais liberais notará as discrepâncias, não só econômicas, mas também sociais entre os países da AL, como Brasil. Contudo, os Chicago Boys são os grandes vilões. É muito mais fácil colocar a culpa em agentes externos, como imperialismo, FMI, Banco Mundial, do que assumir que o problema reside na nossa própria mentalidade retrograda.

    Como todo bom típico esquerdista, o Sr condena o mecanismo de livre mercado como "insensível", como se apenas aqueles que defendem o governo como meio fossem realmente bem-intencionados, onde somente “intelectuais clarividentes” como o Sr podem produzir os fins desejáveis. Aqueles que, como eu, pregam o caminho da liberdade individual são os inimigos das causas dos pobres.

    O Sr alegou o Seguinte,

    “eliminação total dos impostos sobre as sociedades anônimas; do imposto de renda progressivo; da educação pública gratuita; da previdência social; da regulamentação, por parte do governo, dos alimentos e dos remédios; das licenças e qualificação de médicos e dentistas; do monopólio dos serviços dos correios; das indenizações pagas pelo governo em caso de desastres naturais; das leis do salário mínimo; dos tetos das taxas de juros cobradas por credores; das leis que proíbem as vendas de heroína e de quase todas as outras formas de intervenção do governo que estão além da garantia dos direitos de propriedade, das leis contratuais e da defesa nacional”

    Sim, essas políticas são algumas das inúmeras intervenções cometidas pelo nosso governo, as quais os liberais (capitalistas conservadores) condenam, com exceção das leis contratuais e da defesa nacional. Então, enfim admite que estamos distantes do “neoliberalismo”? Para sua informação, isto está longe de ser tudo. O Sr realmente não consegue entender porque somos contrários a muitas dessas ações governamentais, mas se acha capaz para nos julgar e nos colocar junto ao diabo.

    O governo militar no Brasil, que o Sr alega ter sido conservadora aos moldes dos Chicago Boys, acabou sendo um exemplo de bastante interferência do Estado. Geisel, não por acaso o ditador mais admirado pela esquerda, criou dezenas de estatais. A ditadura não teve nada de liberal em economia, e a colocam à direita no espectro político apenas por ter combatido a esquerda radical dos comunistas. Mas nenhuma similaridade pode ser encontrada entre os militares e uma Margareth Thatcher, por exemplo, que representa a direita e que possibilitou enormes avanços para a Inglaterra, que estava caminhando rapidamente rumo ao fracasso com medidas socialistas. Como o próprio Roberto Campos reconheceu, “o erro dos militares foi não terem feito a abertura econômica antes da política; o erro dos civis foi, depois da abertura política, praticarem uma fechadura econômica”. O Brasil simplesmente não experimentou as graças do liberalismo.

    Fora isso, não há como negar o legado econômico deixado pela era Pinochet no Chile. Os “Chicago boys” foram chamados para reformar a economia, e várias medidas colocaram o país no rumo certo. Muito ficou faltando ainda para que o Chile fosse realmente um ícone do sucesso liberal, mas o choque dado já foi suficiente para transformar o país no melhor exemplo de estabilidade da região. A previdência, privatizada por Pinochet, é estudada pelo mundo todo como caso de sucesso. Da miséria total herdada da era Allende, o Chile passou para o país com os melhores indicadores econômicos após o período Pinochet. Tanto que quando veio a abertura política, os candidatos não ousaram mexer na “vaca sagrada”, mantendo o básico da trajetória econômica. Portanto, o julgamento do período ditatorial chileno serve ao menos para corroborar, uma vez mais, com a infinita superioridade do modelo de liberdade econômica comparado ao intervencionismo estatal.

    Por fim, o que é totalmente incompreensível é alguém condenar Pinochet pela ditadura mas aliviar o pior ditador de todos da vizinhança, o carniceiro cubano. Fidel Castro perde, e muito feio, simplesmente em todos os aspectos se comparado a Pinochet. Na ditadura chilena, foram mortos cerca de 3 mil pessoas, sendo que quase a metade logo no começo, numa guerra civil com comunistas. Não eram inocentes, na maioria dos casos, mas guerrilheiros tentando transformar o Chile em Cuba. Já na ditadura cubana, que ainda sobrevive depois de quase meio século, foram assassinados, por baixo, uns 20 mil inocentes. Isso para não falar dos que morreram tentando fugir da Ilha-presídio, algo inexistente no Chile, pois qualquer um poderia deixar o país livremente. Nos indicadores sociais e econômicos, o Chile de Pinochet dá uma lavada no regime cubano, onde a miséria é total. Fidel adotou um claro culto à personalidade, típico de ditadores socialistas, e trata o país como seu, pretendendo passar o poder ao irmão, enquanto o próprio Pinochet chamou eleições depois dos 17 anos no poder. Poderíamos continuar a comparação até o infinito, mas o resultado seria sempre o mesmo: Fidel Castro é infinitamente pior que Pinochet em todos os quesitos.

    No entanto, é justamente o que faz a nossa esquerda. Pinochet é a encarnação do mal, mas Fidel compete com os santos pelo seu lugar no céu. A esquerda não agüenta viver dois segundos sequer sem os dois pesos e duas medidas. Como pode o nosso presidente viver falado do período sombrio do regime militar, em longa noite em que as luzes da democracia desapareceram, ao mesmo tempo que idolatra seu grande amigo Fidel Castro? Será que tamanha contradição não lhe incomoda nem um pouco? Se com Pinochet o Chile viveu uma “longa noite”, com Fidel Castro Cuba ainda encontra-se completamente submersa em uma eterna sombra, onde as luzes da democracia foram totalmente apagadas. Não obstante, a morte de Pinochet é ainda celebrada pela esquerda, mas a de Fidel, que está por vir, irá gerar enorme comoção.

    Sobre alguns pontos que o Sr abordou, apresento uma breve defesa.

    1º dos alimentos e dos remédios

    O livre mercado, com seu mecanismo de preços livremente formados, permite que os produtores utilizem cálculos racionais sobre a demanda e a oferta disponíveis para cada produto, tentando assim satisfazer da melhor forma possível os desejos e necessidades dos consumidores. O liberais alegam: “O mercado não é uma selva, tampouco um jogo de soma zero, onde para alguém ganhar, outro tem que perder”. No livre mercado, os ricos ficam ricos somente atendendo as demandas das massas, gerando mais conforto para todos. Através desta lógica passamos a contar com inúmeros remédios nas farmácias, produtos de todo tipo que reduzem nosso desconforto. Não há porque ser diferente quando se trata de comida ou qualquer outro bem. Pelo contrário: justamente numa questão tão fundamental como o alimento é que o mercado deve funcionar livremente, para poder atender todas as demandas existentes de forma eficiente.

    O socialismo, que é a supressão deste mecanismo de livre alocação de recursos e formação de preços, “inviabiliza o cálculo racional dos agentes”. Não há informações suficientes sendo transmitidas para os produtores saberem onde investir mais. “O resultado inexorável é a alocação ineficiente dos recursos, gerando escassez dos bens desejáveis”. O Sr condenou o lucro, mas lembre-se que na falida União Soviética, o governo assumiu as rédeas da produção de alimentos. Todos conhecem o resultado: milhões morreram de inanição. Na China foi a mesma coisa quando Mao tentou controlar o mercado de produção de alimentos. No Camboja também. Na Índia também. Em resumo, onde existiu socialismo, tivemos a fome, a miséria e a escravidão como resultado, como mesmo registrou seu maior inimigo: Friedman. Será que não foi suficiente para todos aprenderem a lição e nunca mais demandarem o controle governamental em setores tão cruciais?

    Intervencionistas insistem nos erros do passado, e pedem mais governo para resolver os problemas do mercado, ampliando infinitamente o problema, quando existente, como já enfatizei. Na maior parte dos casos, os problemas existem justamente como conseqüência das intervenções do governo. O setor de alimentos é um dos mais protegidos pelos governos, com várias barreiras ao livre comércio, como subsídios, tarifas protecionistas, regulações absurdas etc, que enriquece principalmente os produtores ligados ao governo. Mas a culpa da miséria, como o Sr diz, é do livre mercado, é de Friedman, ó santa incoerência!

    Intervencionistas, ao buscar esse monopólio de fins, cria infinitas dicotomias falsas, enganando o mais leigo ou desatento. Este, sem conhecimento econômico adequado, passa a acreditar cegamente que a busca por lucro é inimiga da alimetação dos mais pobres. Nada poderia ser mais falso que isso! É justamente a busca incessante pelo lucro, não o contrário como o Sr alega, que garante a comida de todos. Tanto que nos países mais liberais não há problema de escassez de comida, para todos os gostos e bolsos. Já nos países onde as idéias esquerdistas vingaram, temos a fome como problema em grau bem mais sério. No extremo, onde o "paraíso" socialista foi buscado, a fome matou milhões de inocentes. A comida não vem da benevolência do açougueiro, como Adam Smith já havia notado em 1776. Vem da busca de seus próprios interesses, do lucro, aquilo que os esquerdistas condenam, por ignorância ou hipocrisia. Portanto, quando algum esquerdista tentar posar de nobre altruísta preocupado com os pobres famintos, questionando se devemos buscar comida ou lucro, a resposta deve ser direta: ambos! Afinal, aquela depende deste.

    2º do imposto de renda progressivo

    Como Hayek disse, o imposto progressivo, diferente do proporcional, não garante nenhum princípio o qual limite o tamanho da carga para os mais ricos. Representa a rejeição de um princípio de isonomia em favor da discriminação contra os mais ricos, sem critério algum que limite a extensão dessa discriminação. O mesmo “argumento” para tirar 50% dos mais ricos serve para tirar 75%, ou mesmo 90%. O céu é o limite! Falar que o rico deve pagar mais em termos proporcionais apenas porque pode não é um conceito decente de justiça, pois levaria ao absurdo de achar que Bill Gates tem que pagar milhões por um café somente porque pode, ainda que esteja consumindo o mesmo produto que alguém mais pobre.

    Mas infelizmente, a maioria, motivada basicamente pela inveja, acaba discriminando contra uma minoria, e o princípio de justiça cede lugar ao pretexto pela pura arbitrariedade. Aristóteles questiona em seu livro Política: “Se, por serem superiores em número, aprouver aos pobres dividir os bens dos ricos, não será isso uma injustiça?”. Será. E é justamente o que ocorre com o imposto progressivo.

    3º da previdência social

    o sistema de Previdência Social não passa de uma grande farsa, de um enorme esquema Ponzi.
    ]
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Esquema_Ponzi

    A forma como o modelo foi desenhado que causou esta situação preocupante e insustentável, uma verdadeira bomba-relógio preste a explodir. A Previdência Social nunca foi estruturada como um seguro, e qualquer seguradora que funcionase como a nossa Previdência já teria sido declarada insolvente há tempo, e os seus acionistas provavelmente seriam presos. Esse não é um problema isolado do Brasil. Ele existe praticamente no mundo todo. Na Europa, onde a população já não é tão jovem, o buraco é maior, eles sabem que a conta não fecha.

    Ocorre que a Previdência Social não possui ativos suficientes para honrar seu passivo. Ela foi criada exatamente como as demais pirâmides, só que de forma compulsória. Os mais jovens são obrigados a pagar pela aposentadoria dos mais velhos, na maioria das vezes sem nenhuma ligação com a quantia que foi poupada ao longo de sua vida de trabalho. O esquema se mantém aparentemente saudável enquanto a população é jovem, pois sempre tem mais gente engordando a base da pirâmide, e poucos saindo como aposentados em seu pico. O governo pode posar de protetor dos idosos desta forma, e inclusive costuma abusar desse excesso de arrecadação inicial, oferecendo todo tipo de privilégios. Os funcionários públicos, naturalmente, são os grandes beneficiados. No entanto, à medida que a população vai envelhecendo, e os idosos vão vivendo mais, a base da pirâmide fica mais fina, tendo que sustentar um pico cada vez maior. A pirâmide vai se transformando num quadrado, e seus pilares de areia vão ficando mais visíveis. O governo já não é capaz de garantir tantos privilégios, então precisa aumentar impostos, ou estender a idade de aposentadoria.

    É como se cada trabalhador fosse depositando um pão numa grande cesta, para garantir seu alimento no futuro, mas este pão fosse usado, na verdade, para alimentar algum idoso hoje. Quando todos se dão conta do que está acontecendo, pode haver uma corrida à cesta de pães. O governo será então forçado a reduzir a quantidade de pão dos aposentados para algumas migalhas, mesmo que estes tenham contado com certa quantia antes.

    Conforme dados do próprio governo:

    “Temos cerca de 6% de idosos para um gasto de 12% do PIB com aposentadorias, enquanto os Estados Unidos têm 12% de idosos para 6% de gasto.” O que vai acontecer quando a demografia não nos ajudar mais?

    “O INSS gastava com aposentadoria e pensões 2,5% do PIB em 1988, quando foi sancionada a nova Constituição, e 20 anos depois gasta 8% do PIB.”

    Nossos aposentados do privilegiado setor público custam muito caro. “Para piorar, nos próximos 25 anos a população idosa crescerá aproximadamente 4% ao ano.”

    Estamos diante de um acidente à espera de acontecer. O véu que encobre os pilares falsos da Previdência Social está caindo, e vai restar apenas a imagem do que o modelo é na verdade: um esquema Ponzi. Nada mais que isso.

    Reforma, como redução dos privilégios, aumento da idade para aposentadoria e outras coisas do tipo, podem aliviar um pouco a dor, adiando o estouro da bolha. Mas não vão resolver o problema de verdade. A verdadeira solução é uma revolução total no modelo, partindo para contas individuais em uma previdência privada. Além de ser bem mais eficiente, pois reduz o poder de estrago do governo nas valiosas poupanças individuais, é também o modelo mais justo. Afinal, cada um deve ser responsável pelo seu próprio futuro, poupando do seu esforço para garantir uma velhice tranqüila. Quanto menos o governo puder meter a mão nessa poupança, melhor para os aposentados. Atualmente, eles são vítimas forçadas de uma farsa, um esquema fraudulento de pirâmide, uma verdadeira Previdência Ponzi.

    ...

    olha, vou dormir agora, cansei.

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  15. voltei, só pra finalizar

    4º “das leis que proíbem as vendas de heroína e de quase todas as outras formas de intervenção do governo que estão além da garantia dos direitos de propriedade”

    Estaria alegando que Friedman é contrario a liberação das drogas? Oras, se for isso, estará cometendo outra injustiça com o pessoal de Chicago. Milton Friedman está apenas a ser coerente com a sua visão do mundo. E digo mais: este é um assunto em relação ao qual os liberais como Friedman estão naturalmente de acordo com o pessoal de esquerda.

    Milton Friedman on Drugs
    http://www.youtube.com/watch?v=M2gVVP2QtTs

    Engraçado, quando tratou deste assunto, o Sr atacou a intervenção como a mazela, mas, vale lembrá-lo que, o intervencionista nesta conversa é justamente o Sr. Aquele povo de Brasília jamais defendeu descentralização e livre mercado.

    5º das indenizações pagas pelo governo em caso de desastres naturais

    Esclarecendo outra coisa, quando disse que o homem não trabalha em bem comum, não eliminei seu caráter solidário. Pelo contrário, as pessoas, em geral, são solidárias com próximo. Muitos são os que pregam a solidariedade através do Estado. A suposta benevolência estatal acaba prejudicando mais que ajudando os indivíduos em geral. Na verdade, solidariedade compulsória já representa uma contradição em termos. Afinal, para ser solidariedade ela tem que ser voluntária!!!!!!!!!! E o mecanismo estatal será sempre o da força imposta, caso contrário, não seria necessário o Estado. Mas os que defendem essa coerção estatal em nome do altruísmo parecem partir da falsa premissa de que, se mantidos livres, os indivíduos não praticariam atos solidários. Essa premissa é absurda, pois ignora que o próprio Estado é formado por homens também, como já disse: normalmente não os melhores e os mais imperfeitos, o Sr que não me explica onde estão seus “anjos”. Como, então, acreditar que cidadãos livres seriam incapazes de fazer o bem ao próximo e ao mesmo tempo esperar dos políticos – justo eles – tais ações?

    Os exemplos são inúmeros. Quando temos uma catástrofe natural, vemos que rapidamente indivíduos e empresas se unem voluntariamente para ajudar, mandando mantimentos, ajudando no acolhimento dos desafortunados e enviando verbas. A Wal-Mart, para dar um exemplo, ajudou muito New Orleans após o furacão Katrina. Não preciso lembrar a castatrofe ocorrida em nosso Estado, muito pessoas se mobilizaram independentemente da coerção estatal, mantimentos vieram do Brasil inteiro, pessoas juntaram forças para colocaborar com as pessoas necessitadas. É o que normalmente ocorre, para ser franco, é o oposto da crença comum: a burocracia estatal atrapalha tais iniciativas. Políticos interessados em votos, sem os quais não são reeleitos, politizam a situação. A burocracia cria empecilhos no caminho, sem falar da possibilidade do desvio de verbas, algo bastante comum na via política.

    A natureza humana leva indivíduos a focar em seus próprios interesses. Mas isso não nos impede de cooperar, muito pelo contrário. Sabemos que amanhã pode ser um de nós precisando de ajuda. E sabemos também que cooperando estamos criando um ambiente melhor para nós mesmos. Até mesmo animais praticam esse “altruísmo recíproco”. Ou seja, a cooperação faz parte dos nossos interesses! Ver alguém em extrema necessidade e ajudar é o impulso natural que temos. Quando vemos cenas chocantes, como pessoas ignorando crianças jogadas nas ruas da China, consideramos isso repulsivo e totalmente desumano. Podemos tirar duas lições disso: primeiro, é natural querer voluntariamente ajudar o próximo; segundo, é justamente o excesso de intervenção estatal que inibe tal iniciativa. Afinal, os indivíduos acostumam-se com o fato de que sua ajuda particular não surte efeito quando o estrago causado pelo Estado é muito maior. Por isso vemos essas cenas chocantes na China, não em países liberais. O controle extensivo governamental altera o caráter das pessoas, e retira dos indivíduos a noção de responsabilidade.

    Outro exemplo que podemos dar para mostrar a solidariedade individual está nas polpudas doações de pessoas ricas para causas nobres. Bill Gates, um indivíduo apenas, já deu bilhões para caridade. É o maior financiador de pesquisas para a malária, por exemplo. Como ele, existem vários, em diferentes graus. Já as transferências estatais sempre se mostraram ineficientes. O critério adotado é sempre o político, e acabamos vendo o enriquecimento ilícito de outros políticos, receptores da ajuda internacional. A África é o exemplo perfeito disso. Recebeu bilhões de dólares por décadas, mas a miséria só fez aumentar, enquanto políticos corruptos enriqueceram.

    Este assunto merece maior atenção ainda quando chegamos em ano eleitoral. Podemos ver os riscos do abuso com o dinheiro dos outros por parte de políticos populistas. O Bolsa Família, que tem lá seus méritos, acabou se transformando numa verdadeira máquina de compra de votos. Estamos chegando a dez milhões de famílias agraciadas com a esmola estatal. Ora, sabemos que o cão não morde a mão que o alimenta. Esses beneficiados pelo programa irão, provavelmente, votar no seu benfeitor. Supondo que cada família tem dois adultos, estamos falando de cerca de 20 milhões de votos! Isso é quase 20% do total dos eleitores nacionais. Estranhamente, vemos o presidente comemorar o aumento de pessoas que recebem esmola, enquanto isso deveria ser repudiado, posto que viver de esmolas não dá dignidade a ninguém. E então: altruísmo ou populismo?

    “Quando somos forçados a escolher, devemos colocar a liberdade acima da igualdade; porque a ausência de liberdade necessariamente leva à forma mais grosseira de desigualdade e de injustiça: o despotismo.” (Karl Popper)

    No fundo, o que temos é o lamentável quadro de que muitos “altruístas” são apenas egoístas defendendo o próprio interesse às custas dos outros. Posam de nobres almas, sempre com o esforço alheio. O ato de ajudar o próximo sem dúvida é louvável. Mas se para isso pregamos a escravidão alheia, não há nada a ser admirado no ato. Ser solidário com o suor dos outros é fácil. Porém, é também imoral. Que fique claro uma coisa: a solidariedade deve ser sempre voluntária!

    “Somente quando somos responsáveis pelos nossos próprios interesses e livres para sacrificá-los é que nossa decisão possui valor moral.” (Hayek)

    6º do monopólio dos serviços dos correios; das indenizações

    Vamos lembrar que o presidente Lula, interessado somente na sua reeleição, devolveu ao PMDB o comando integral dos Correios. A estatal, que emprega mais de cem mil funcionários, esteve no epicentro do escândalo de corrupção que assolou o governo Lula recentemente. Em troca, o partido de Sarney garante apoio maciço à reeleição de Lula, que no passado considerava o mesmo Sarney o próprio demônio em pessoa. Em política, como vemos, vale tudo pelo poder.

    Governo não tem que ser empresário. No modelo de mercado livre, sobrevivem as empresas que melhor atendem a demanda dos consumidores, e essa é a verdadeira função das empresas. Estatais acabam sendo utilizadas como moeda política, palco de infindável corrupção e uso eleitoreiro. Pela própria natureza da estatal, ela será sempre mais ineficiente que a empresa privada. Quem duvida, precisa apenas dar uma olhada nas mudanças de gestão da Usiminas, Vale, CSN, Embraer e Telebrás, além das ferrovias, claro. As mudanças são chocantes. Os consumidores recebem melhores produtos, os empregados aderem ao modelo mais justo e meritocrático da gestão focada no lucro, os acionistas assumem os riscos do negócio e recebem os dividendos por isto, e os cofres públicos ainda aumentam com a maior arrecadação de impostos. Só quem perde com a privatização de uma estatal são os parasitas que vivem de mamatas e privilégios concedidos pelo governo, às custas dos consumidores e pagadores de impostos.

    Nos Estados Unidos, país cujo PIB ultrapassa US$ 13 trilhões por ano, existem empresas privadas competindo no setor de serviço de entrega, todas buscando a maximização dos lucros. Por isso funciona tão bem. A Fedex tem um lucro anual acima de US$ 1,5 bilhão, e seu valor de mercado está em US$ 35 bilhões. A empresa emprega menos de 90 mil pessoas. O lucro dos Correios, em contrapartida, não chega a US$ 200 milhões. A UPS lucra quase US$ 4 bilhões por ano, valendo cerca de US$ 90 bilhões em bolsa. A Expeditors lucra mais de US$ 200 milhões e vale quase US$ 12 bilhões. A empresa emprega cerca de 10 mil funcionários, ou uns 10% do quadro de colaboradores dos Correios, gerando, entretanto, um lucro maior. Fora estas, existem várias outras empresas privadas competindo no livre mercado de transporte de cargas genéricas. Alguém realmente acha que o serviço de entregas é melhor no Brasil que nos Estados Unidos?

    Os consumidores americanos agradecem esta competição existente entre empresas privadas. Os pagadores de impostos também. Não ficam, como nós brasileiros, à mercê de um monopólio estatal ineficiente e corrupto, usado para fins políticos e cabide de empregos. Entendo que existem bons funcionários nos Correios, mas estes não têm nada a temer em uma eventual privatização. Pelo contrário: serão mais reconhecidos e melhor remunerados. A privatização dos Correios tem que ser para ontem! Não há argumentos lógicos para defender o contrário. Manter a situação atual é garantir que as cartas entregues pelos Correios sejam cartas marcadas com um selo político, onde Lula agrada seu colega Sarney enquanto o povo brasileiro paga a conta.

    O protecionismo é sempre uma medida maléfica, que aparenta a conquista de uma segurança momentânea, mas sacrifica o futuro da nação. Trata-se de uma falsa segurança, que favorece apenas alguns poderosos empresários locais, prejudicando todos os consumidores. Seus defensores utilizam geralmente da expressão “interesse nacional”, que é utilizada como escusa para a concentração de poder nas mãos do Estado. O povo brasileiro não escapou ileso desta irracionalidade demagógica. Com tal mentalidade, os políticos criaram as reservas de mercado, a Lei da Informática, expulsaram multinacionais do país e tudo o mais que poderia afastar investimentos produtivos que geram o progresso de uma nação. Em nome do nacionalismo, prejudicaram justamente o avanço da nação. Estado não é sinônimo de povo. Governo não tem que ser empresário. Interesse nacional não é o mesmo que interesse de alguns políticos poderosos. Investimento estrangeiro não é o mesmo que exploração. A manutenção de contratos é indispensável para a prosperidade. Um ambiente amigável para os negócios, inclusive para multinacionais, é fundamental para o progresso. Ser patriota não é aderir ao pseudo-nacionalismo, que fecha a nação para o mundo e concentra no Estado um poder arbitrário, privilegiando justamente aqueles Senhores em Brasília e seus amigos em todo Brasil.

    ... chega disso, fim.

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  16. Sr. Luis M.
    “Preciso dizer que entre suas palavras iniciais “adeus” e definitivamente adeus” e sua última contribuição, que termina com “chega disso, fim”, houve uma interessante conversa sobre duas visões opostas, fundamentadas a partir (e isso é natural, porque nenhum de nós está isento de juízos de valor) de construções ideológicas. Pode observar, no entanto, que o nome do blog está configurado para atender essa premissa, que refere-se integralmente à discussão dialética.
    Como o PSL, existem centenas de partidos de esquerda com motivações diferentes, sem unidade intelectual e/ou conhecimento de alguns pensadores, principalmente aqueles que nortearam a economia política destes últimos séculos. Nada de novo nessa caminhada tortuosa para observar o mundo. Por outro lado, como o senhor defende veementemente Milton Friedman, e diz que, por não ter lido suas considerações econômicas, estou cegado “por uma luta infame” contra a doutrina das Escolas Austríaca e de Chicago, vou apelar a um dos pensadores mais influentes da economia neoclássica liberal de pós-guerra: Paul A. Samuelson. A influência de Friedman na tradição do extremo laissez-faire, embora importante, nunca chegou a ser tão decisiva como a influência de Samuelson na tradição liberal. Por possuir um estilo flexível e não dogmático, reconhecia de maneira pragmática as objeções feitas ao neoclassicismo, dizendo que gostaria que o capitalismo fosse um sistema mais humano, e não tinha problemas em admitir as injustiças do capitalismo. Por outro lado, também confiava numa reforma gradual das instituições do capitalismo. Não é o caso dos adeptos do laissez-faire, que, detentores da defesa ardente do utilitarismo, confiam nas doutrinas rígidas, dogmáticas e doutrinárias dessas escolas. Não há necessidade de refutar os princípios do liberalismo, já que a própria realidade passada e atual mostra-nos claramente porque acontecem as crises cíclicas do capitalismo. Não reconhecer tais externalidades, ocorre pela simples razão que os defensores da economia neoclássica conservadora, ao contrário de Samuelson, negam a realidade quando esta não se ajusta à sua teoria.
    Milton Friedman ganhou o prêmio Nobel de economia porque sua teoria se ajustava aos desejos do capital transnacional e especulativo, que começava a ser desenhado pelos centros de poder, principalmente depois da caída do império soviético. Assim com o protestantismo foi o sustento ideológico da institucionalização do capitalismo, o liberalismo econômico foi à justificativa intelectual para a aplicação de tais políticas. A situação da economia, na qual o modelo de bem-estar estava sendo criminalizado, se apresentava propícia para tirar das prateleiras empoeiradas a sedutora promessa de um mundo diferente. Nos anos oitenta, tanto Latino-américa como África, as crises originadas pelas dívidas forçavam aos países a “privatizar-se ou morrer”. Devorados pela hiperinflação, e sujeitos as exigências das instituições credoras, os governos aceitaram os “tratamentos de choque” acreditando em tempos melhores. Nesse momento surgem os “boys de Chicago” comandados por Hayek e Friedman, que entendiam que tal situação era o momento propício para implantar de vez suas políticas neoliberais, usando o pretexto para entregar o poder aos “tecnocratas econômicos”.
    No entanto, como sempre acontece na realidade crua e nua, tais condicionantes econômicos têm suas limitações. Apesar de que algumas políticas de livre mercado foram implantadas de forma democrática (como é o caso de Ronald Reagan), estas sofreram a pressão do público, de tal modo, que precisaram ser revistas e suavizadas na sua condição de “planejamento radical”, conforme a proposta liberal. Ou seja, o modelo de Friedman só funciona parcialmente numa democracia, e, para ser efetivado, como no caso do Chile e Argentina, teve que ser operacionalizado através de ditaduras ferozes.
    Por essa razão Nixon era um Keynesiano, ele confiava muito mais em Paul Samuelson do que no Friedman, porque Keynes era um economista neoclássico que queria livrar a ideologia utilitarista de sua fé irrestrita no mercado auto-regulado, e Samuelson cumpriu a risca o legado de Keynes. Em seu famoso livro “Economics” (SAMUELSOM, Paul A., Nova Iorque - McGraw-Hill, 1997), tal pensador dimensionou uma integração da economia Keynesiana e a neoclássica, no qual cita que uma economia de extremo laissez-faire é claramente inadequada. Desse modo, a economia mista não elimina totalmente a instabilidade do mercado, mas o torna moderado e tolerável. Como pode observar, meu caro Luis, também acredito nessa argumentação, que indubitavelmente vem de um economista de franca tradição liberal e neoclássica. No entanto, muito longe do pensamento dos “Boys de Chicago”, ele reconhece que: “quando uma sociedade democrática não gosta da distribuição dos votos dados pelos dólares no laissez-faire, usa a tributação redistributiva para corrigir a situação”.
    Se o senhor retornar ao meu blog, lembrará de uma colocação sua que diz: “O liberalismo, diferente do que o Sr pensa, é benéfico justamente para o pobres, não para os ricos”. Nesse caso, usando como argumento a racionalidade utilitarista das escolas liberais, que anunciam de maneira convicta a universalidade de sua ciência isenta de valores, mas que na realidade não se aplica em lugar nenhum, porque não passa de uma teorização “puramente tautológica” sujeita aos seguintes interrogantes: Será que todos os teóricos realmente pensam que toda troca entre um capitalista e um trabalhador beneficia muito ao trabalhador? Será que eles acreditam que toda ação humana é uma maximização da utilidade?
    Para discutir tais interrogantes vamos recorrer a uma pessoa insuspeita: Ludwig Von Mises. Este senhor acreditava que existem três classes “progressistas”, que eram as responsáveis pelo bem-estar humano: os que poupavam, os donos do capital que investiam e os inovadores. É claro que, dizia, “o herdeiro de riquezas goza de uma certa vantagem, pois começa em condições mais favoráveis do que os outros, mas sua tarefa na concorrência do mercado não é mais fácil, é, as vezes, mais desgastante e menos lucrativa do que aqueles recém chegados” e continua, “a economia de mercado tem a vantagem de distribuir a maior parte dos aperfeiçoamentos introduzidos pelo esforço das três classes progressistas – os que poupam, os que investem nos bens de capital e os que inventam novos métodos de emprego do capital – pela maioria do povo, que não é progressista....O processo de mercado dá ao homem comum uma oportunidade de gozar dos frutos das realizações dos outros. Força as três classes progressistas a servir à maioria não-progressista da melhor maneira possível”. Von MISES, Ludwig. The Anti-capitalistic Mentality, (Nova Iorque – Nostrand, 1956).
    Realmente, uma sugestão e tanto!!! Uma magnífica manifestação de admiração ao empreendedorismo capitalista!! O que seria dos pobres trabalhadores sem essas três classes progressistas!! Essas pessoas comuns, que produzem tudo e que, como trabalhadores, podem usufruir dos “frutos” das “realizações” dos recebedores de dividendos e de outros que vivem de rendas sem trabalhar, cujas rendas polpudas são um mero “retorno justo” pelo exercício “desgastante” de “sua inteligência e força de vontade”. Nosso amigo Mises achava que isso era correto e deveria acontecer dessa forma, outros achavam que não (Thompson, Hodsgkin, Marx, Hobson, Luxemburgo, Lênin, Veblen, Braverman, Brown, Wasserman, Aronson, Baran e Sweezy e outros).
    Acho que ainda, na sua raiva contida, não entendeu algumas de minhas considerações. Vamos revê-las: As eliminações de impostos, etc, etc, são uma referência as propostas feitas por Friedman no seu livro Capitalism and Freedom, que quase ninguém se atreveu no mundo a colocá-las em prática de maneira irrestrita. Por outro lado, em nenhum momento escrevi que o governo brasileiro, durante a ditadura militar, e posteriormente, utilizou práticas econômicas no molde liberal-conservador. Ao contrário, o máximo foi dentro dos parâmetros econômicos desenvolvimentistas, com pitadas de economia neoclássica.
    Realmente, o senhor encontra-se anos-luz da realidade latino-americana. Não vamos a entrar em detalhes sobre a ditadura de Pinochet e as políticas dos governos conservadores pós-união soviética, porque estamos entrando num campo minado de hipótese ideológicas. A história da Revolução Cubana encontra-se amplamente documentada assim como a experiência pinochetista no Chile. (acesse aos arquivos do Banco Mundial sobre o período econômico do Chile durante o governo de Pinochet, vai ficar surpreso). Por outro lado, os dados estatísticos já foram citados em conversas anteriores. Mas tem uma história que solicitei ao senhor ler, que transcrevo a seguir:
    Quando Friedrich Hayek, um dos ideólogos do liberalismo econômico da Escola de Chicago, visitou o Chile em 1981, ficou maravilhado com a política neoliberal implantada por Augusto Pinochet naquele país. Ao regressar à terra de Ronald Reagan, imediatamente sentou-se a escrever uma carta para sua amiga Margareth Thatcher, primeira ministra da Inglaterra. Nela sugeria que deveria usar como modelo a ditadura chilena para transformar a economia de bem-estar britânica. Devemos lembrar que Thatcher e Pinochet mantiveram durante muito tempo uma sólida amizade, principalmente quando este se encontrava sob arresto domiciliar na Inglaterra, acusado de genocídio, tortura e terrorismo de estado.
    A “dama de ferro” estava profundamente convencida com o “êxito fantástico da economia chilena” acrescentando publicamente que: “tal política era um impactante exemplo de reforma econômica da qual se poderia tirar bons exemplos”. Como de costume, nos bastidores da política as coisas são bem diferentes. Apesar da admiração que a Thatcher tinha por Pinochet, quando Hayek sugeriu que fosse aplicada a mesma metodologia de política econômica imposta no Chile, a ministra teve que dar uma freada a tais pretensões. Em fevereiro de 1982, a Thatcher respondeu sem rodeios ao seu interlocutor monetarista numa carta privada: “Tenho certeza que o senhor entenderá que, na Inglaterra, de acordo com nossas instituições democráticas, além da necessidade de um alto nível de consenso, algumas das medidas adotadas no Chile são totalmente inaceitáveis. Nossas reformas devem ser adotadas conforme as tradições e a Constituição do nosso país”
    A conclusão da primeira ministra era que, numa democracia como o Reino Unido, seria impossível executar uma política econômica ao estilo da preconizada pela Escola de Chicago. Para Hayek e seu comparsa Milton Friedman, aquele balde de água fria foi uma decepção. As políticas econômicas desenvolvidas e apoiadas pelas ditaduras militares no Cone Sul, tiveram como resultado ganâncias exuberantes para alguns pequenos grupos, dando oportunidade para a abertura de novas “fronteiras a serem manufaturadas” pelas empresas transnacionais, na procura incessante de transferir os ativos e recursos públicos para mãos privadas.
    Numa coisa o economista Milton Friedman acertou de cheio, sem perceber quão proféticas seriam suas palavras: “Só uma crise – real ou percebida como tal – produz uma verdadeira mudança. Quando ocorrem estas crises, as ações que se empreendem dependem das ideias existentes naquele momento” E parece ser verdade mesmo, o modelo neoliberal de livre mercado está sendo remodelado através de uma nova configuração mundial, baseado, talvez, no restabelecimento de alternativas econômicas democráticas e solidárias.
    Sobre os pontos nos quais o senhor apresenta uma breve defesa, não tenho nada a questionar. Suas colocações encontram-se no campo do teórico, que a realidade desmente, não porque esteja errado, senão porque são as armadilhas para criar expectativas que o “livre mercado” é incapaz de realizar. O senhor está cansado e vai dormir, e não percebe que nas horas de sonho, o mercado trabalha de maneira irracional na marcha para a “destruição criadora”, muito longe de suas colocações liberais. O liberalismo de Mises, Hayek e Friedman funcionou como teorização do que deveria ser, mas que na realidade serviu como justificativa para construir a imensa pirâmide financeira que vigorou a partir dos anos noventa, e que agora, perante a crise atual está sendo revisto.
    Para terminar, o conceito de livre mercado não encerra nada diabólico, enquanto as trocas sejam feitas de maneira justa. E sabemos que não é assim. Os grandes grupos multinacionais gerenciam os mercados em função da maximização dos lucros de maneira monstruosa e que se encontram no limite tênue do legal com a ilegalidade, como foi o caso de New Orleans após o furacão Katrina. Tenho outra história para contar dos nossos amigos liberais:
    Basta lembrar a passagem desse furação em agosto de 2005 no Estado da Louisiana (EUA). Na cidade de Nova Orleans, atingida de forma devastadora, uma multidão de gente exausta amontoada nas instalações do Centro de Convenções Baton Rouge, ficava cercada de forma desumana pela Guarda Nacional, composta de soldados vindos do Iraque, ostentando armas para dissuadir o desespero dos infelizes desamparados. Nessa cena inimaginável, um congressista republicano se ufanava dizendo “Até que enfim temos feito limpeza em Nova Orleans das bases de proteção oficial. Éramos-nos incapazes de fazê-lo, mas Deus conseguiu por nós”.
    Durante a semana, vários grupos de lobistas influentes circularam no Baton Rouge, verificando como aproveitar as grandes oportunidades de negócios, entre eles “menos impostos, menos regulamentações e mais trabalhadores com salários rebaixados” que na prática redundaria na eliminação das bases de proteção oficial, de modo a facilitar novas promoções urbanísticas. A jornalista inglesa Noami Klein, autora do livro “A Doutrina de Choque”, presente na cena, conta o desabafo de um senhor que estava na fila dos flagelados: “O que acontece com essa gente? Isto não é uma oportunidade. É uma maldita tragédia. Estão cegos ou que?” Uma mãe com duas crianças segurando as suas mãos, interveio com a seguinte resposta: “Não, não estão cegos. São malvados. Tem a vista perfeitamente sã”.
    Gostei de sua colocação que diz: “A natureza humana leva indivíduos a focar em seus próprios interesses. Mas isso não nos impede de cooperar, muito pelo contrário. Sabemos que amanhã pode ser um de nós precisando de ajuda. E sabemos também que cooperando estamos criando um ambiente melhor para nós mesmos. Até mesmo animais praticam esse “altruísmo recíproco”.
    A cooperação que o senhor cita, entretanto, está muito longe de ser atendida pelos desejos intrínsecos de uma economia utilitarista, baseada apenas nos egoísmos particulares, que nos ensina que sempre será do interesse de todos nós, deixarmos nossos recursos controlados por uma minoria de indivíduos ricos, os quais se motivam apenas pelo acúmulo de cada vez mais riqueza e poder.
    Atenciosamente,
    Prof. Victor Alberto Danich

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  17. o "chega disso" era apenas para o tópico anterior, apesar de realmente eu estar cansado de aparecer aqui.

    O Sr não consegue refutar certos temas, então alega: “sua visão não corresponde a realidade”. Grande argumentação!

    “Não há necessidade de refutar os princípios do liberalismo, já que a própria realidade passada e atual mostra-nos claramente porque acontecem as crises cíclicas do capitalismo. Não reconhecer tais externalidades, ocorre pela simples razão que os defensores da economia neoclássica conservadora, ao contrário de Samuelson, negam a realidade quando esta não se ajusta à sua teoria.”

    Essa visao de mundo equivocada não é privilegio do professor universitário. Existe um consenso (errado) de que vivemos desde meados dos anos 80 em um mundo liberal, que foi criado pelo IEA / Thatcher / Friedman / Hayek / Reagan / Greenspan. Segundo essa distorcida visão, o "liberalismo" de sujeitos como o Sr foi o responsável pela atual crise. Falta muita leitura e entendimento.. Seriam mais culpados aqueles que defendem o monetarismo, como Social-Democratas e Socialistas, mas nunca quem defendeu a privatização e total ausência de interferência governamental na moeda, caso do Hayek. Como eu disse, o Sr é desonesto, manipulador de opinião, isso é que me trouxe aqui, na verdade, nem sei porque perco meu tempo, isso é lamentável.

    A crise cíclicas do capitalismo, se devem pelo monopólio financeiro do Estado. O Sr está cegado pela sua visão deturpada. Vou ressaltar pela 3ª ou 4ª vez algo que o Sr não consegue refutar: o colapso dos mercados foi causado pelo governo, não pelo livre mercado. As semi-estatais financiadoras de hipotecas, que contavam com inúmeros privilégios do governo, assim como uma forte pressão para que estendessem o crédito para as classes mais baixas. Os governos, tanto Democrata como Republicano, sempre incentivaram de forma populista a “casa própria”, ignorando que nem todos estão em condições econômicas de arcar com uma hipoteca. Diversas medidas estatais buscaram estimular as hipotecas mais arriscadas, no epicentro da crise. Mas todas essas intervenções governamentais – que não foram poucas – não chegam perto do poder de estrago que tem o Fed. O FeD foi criado por um ato do Congresso em 1913, seu presidente é escolhido pelo governo, e conta com privilégios de monopólio sobre a moeda. Em suma, o Fed está calcado em princípios diametralmente opostos àqueles do livre mercado. Ele é um agente de planejamento central econômico, só que em vez de planejar a produção de bens, como fazia a Gosplan comunista, ele planeja a taxa de juros, com conseqüências que reverberam por toda a economia. Segundo o economista Thomas E. Woods, a manipulação das taxas de juros, mantidas artificialmente baixas por tempo demais, foi justamente a mais importante causa da crise atual. “O Fed é o elefante na sala que todos fingem não notar”, ele diz. As mesmas pessoas que ajudaram a criar a bagunça atual estão posando hoje como especialistas capazes de mostrar os caminhos da salvação, isso inclui o presidente Obama e sua amiga Hilari Clinton.
    Como disse Hayek, combater essa depressão inevitável com mais expansão forçada de crédito é tentar curar o mal pelos mesmos meios que o criaram. No entanto, esta é justamente a receita keynesiana, tão em moda apesar de seus fracassos no passado. A recessão é a fase necessária de ajuste, onde a realidade precisa ser enfrentada. A estrutura de produção precisa ser refeita com base nos dados reais e sustentáveis, ofuscados pela euforia artificialmente criada pelo Fed. É como um bêbado que precisa enfrentar a ressaca para ficar sóbrio. Os keynesianos querem oferecer mais e mais bebida, para “curar” o porre mantendo o indivíduo bêbado. Claro que esta política é insustentável. Ela não apenas posterga o ajuste necessário, como agrava a situação.

    Bem, mas apesar da base do sistema financeiro não repercutir os moldes defendidos pelos economistas da Escola de Chicago, afinal eles não são Monetaristas, isso não significa que jamais existiram sistemas financeiros baseados em princípios de fato capitalistas.

    Durante o século XIX, o padrão ouro defendido pelos economistas da escola austríaca e, em certos aspectos, por Friedman, foi a base financeira de países como a Inglaterra e o próprio EUA. Por aproximadamente 70 anos, de 1844 a 1913, a libra esterlina inglesa reinou como a moeda mais importante e estável do mundo. Acontece que, ao longo deste mesmo século, os governos europeus encontraram-se seriamente limitados pelo sistema do ouro que os cercava. Incapazes de ceder terras e fazer doações conforme os monarcas anteriores haviam feito e incapazes de imprimir quantias infinitas de dinheiro, os governos precisavam encontrar novas formas de enriquecer. Isso limitava a quantia de dinheiro em circulação, e portanto limitava a quantia de dinheiro que o governo podia obter emprestado. Se as pessoas não tivessem dinheiro para comprar títulos do governo, então o governo só tinha seu rendimento de impostos para gastar. Pela centralização da moeda e constantes ataques dos monetaristas (intervencionistas financeiros) o padrão ouro sucumbia, tbm com o fato da incapacidade do governo britânico de financiar seu próprio exército contribui para o abandono do lastro da moeda, e o governo imprimia mais dinheiro do que era capaz de converter em ouro. Assim que o governo havia visto como era fácil conseguir dinheiro sem a disciplina do padrão-ouro, relutou em voltar para as restrições desse jogo. a Grã-Bretanha permanentemente abriu mão de toda e qualquer pretensão de vincular o valor de sua moeda aos depósitos de ouro.

    Agora, não é por que todas nações abandonaram o padrão financeiro capitalista por um viés monetarista instável, que necessitamos ser complacentes com suas ações. Porém, não temos nenhum país realmente livre de intervenção estatal na economia, o que não quer dizer que isso seja bom! Afinal, há poucos séculos, não havia país no mundo sem escravidão. Todos tinham escravos! E isso era desejável, por acaso? Liberalismo é uma meta que qualquer país, que preza por prosperidade, deverá mirar.

    “Milton Friedman ganhou o prêmio Nobel de economia porque sua teoria se ajustava aos desejos do capital transnacional e especulativo, que começava a ser desenhado pelos centros de poder, principalmente depois da caída do império soviético. Assim com o protestantismo foi o sustento ideológico da institucionalização do capitalismo, o liberalismo econômico foi à justificativa intelectual para a aplicação de tais políticas. A situação da economia, na qual o modelo de bem-estar estava sendo criminalizado, se apresentava propícia para tirar das prateleiras empoeiradas a sedutora promessa de um mundo diferente. Nos anos oitenta, tanto Latino-américa como África, as crises originadas pelas dívidas forçavam aos países a “privatizar-se ou morrer”. Devorados pela hiperinflação, e sujeitos as exigências das instituições credoras, os governos aceitaram os “tratamentos de choque” acreditando em tempos melhores. Nesse momento surgem os “boys de Chicago” comandados por Hayek e Friedman, que entendiam que tal situação era o momento propício para implantar de vez suas políticas neoliberais, usando o pretexto para entregar o poder aos “tecnocratas econômicos”.
    No entanto, como sempre acontece na realidade crua e nua, tais condicionantes econômicos têm suas limitações. Apesar de que algumas políticas de livre mercado foram implantadas de forma democrática (como é o caso de Ronald Reagan), estas sofreram a pressão do público, de tal modo, que precisaram ser revistas e suavizadas na sua condição de “planejamento radical”, conforme a proposta liberal. Ou seja, o modelo de Friedman só funciona parcialmente numa democracia, e, para ser efetivado, como no caso do Chile e Argentina, teve que ser operacionalizado através de ditaduras ferozes.”

    Primeiro, seja com Nixon ou Reagan, a união dos EUA jamais sobrepôs a autonomia das regiões, o que por si só, é um grande respeito ao liberalismo e, independente de qualquer presidente, os EUA, em comparação com o restante do mundo, foi uma terra de ampla liberdade individual. O contrário é que podemos observar em toda história da América Latina, independe de ditaduras ou os recentes governos democráticos. Porém, a culpa é do modelo de Friedman? O Brasil não contempla, em nenhum aspecto, a descentralização política que ele propunha, o livre mercado que ele sempre defendeu. Não só eu, como o Sr também citou inúmeras intervenções cometidas pelo nosso Governo, as quais Friedman jamais defenderia. Mas o Sr coloca-o na cova dos Leões por todos os males de nossa nação, isso não é somente uma desonestidade, mas é um paradoxo completo levando em conta a nossa realidade. A realidade do Brasil e da AL é feita nos moldes dos intervencionistas, não cabe culpar a escola de chicago.

    Privatizar não é necessariamente sinônimo de liberalismo econômico, apesar de ser um meio necessário para tal. Isso é um equivoco cometido por gente que não entende efetivamente de liberalismo econômico. O Brasil criou muitos monopólios estatais, nem por isso o Brasil pode ser considerado um país Socialista. Como já comentei no meu primeiro tópico, somos uma nação Mercantilista, estamos no meio termo entre ambos, o Brasil nunca foi uma nação Capitalista, ou seja, nunca teve a essência capitalista, assim como Inglaterra, Canadá ou EUA. Quanto mais livre os países, mais prósperos são. Menor o grau de miséria de um país quão maior o grau de liberdade indivíduos detêm para buscar sua própria felicidade. Não consegue refutar tais questões e desconsidera meus comentários como sendo meramente Utilitaristas, haha.

    O Sr tem orgulho de estar ao lado de um Comandante que ajudou a implementar a mais cruel ditaduras da AL, a qual ainda assola aquela pobre ilha, e vêm querer criticar ferozmente Thacther e Reagan, com criticas totalmente absurdas. Pelo jeito, para o Sr, é justificável matar milhões para um “novo” amanhã, para exterminar as classes sociais e resolver o problema da “liberdade”. Se não acredita realmente nisso, pelo menos saiba que o Sr é um cúmplice de tais atrocidades.

    A sua lógica da natureza humana, que é valida para os capitalistas não-solidarios , cruéis e obcecados pelo lucro, não é a mesma que é valida para os políticos sóbrios e solidários que implementariam as políticas “justas” e “honestas”, que o Sr defende, essa é uma grande farsa que sustenta o ímpeto benevolente de pessoas desonestas como o Sr, que tratam o pobre como cachorros, que merecem migalhas e farelos. Acontece que todo o ser humano tem em si na sua alma potencialidades tanto para o bem quanto para o mal. Inclusive o Sr, apesar de se achar acima da média, o porta voz da Bondade, o paladino da Moralidade... assim como muitos “intelectuais” que hoje sustentam os pilares de muitos partidos políticos, como o PT e PSDB, mas não enxergam que todos benefícios que o Governo cede a certos grupos é feito a custa da liberdade de todos nós, e quanto mais essa liberdade é atacada, mais súditos e cúmplices da nossa própria miséria nos tornamos, mas o culpado é Milton Friedman e seu apreço por liberdade individual, haha. Por outro lado, os livros de Friedman tratam de uma avaliação da realidade, onde nota-se ele como ferrenho defensor do Federalismo nos EUA, abordando temas que correspondem a vários aspectos da historia americana. O que é bem diferente de uma teoria, como a Marxista, que quer levar a pratica o que nunca existiu. A grande inverdade na nossa conversa é toda difamação incoerente que o Sr faz a Milton Friedman.

    um abraço

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  18. Sr. Luis M.
    Que o senhor está cansado de aparecer no meu blog não é culpa minha. A existência deste espaço é justamente para ocupá-lo com discussões divergentes. Nisso lhe estou profundamente agradecido. Mas o senhor tem todo o direito de abandonar-lho quando quiser. Entretanto, o estímulo intelectual pesa muito mais que o prazer de não ter que pensar em nada. Não é mesmo?
    Bom, esse não é seu caso. O senhor tem fundamentos para sua discussão, que respeito porque são válidos. No entanto, nosso entrave ficou ampliado a temas que muito bem poderiam ter sido analisados por separado. Como o senhor pensa que sou um reacionário de esquerda, desonesto e manipulador, é muito difícil a gente chegarmos a um consenso, apesar de que estamos às vezes falando da mesma coisa. Veja, para que isto não se transforme num duelo de vaidades intelectuais (ou apenas de raiva) vou fazer de novo algumas argumentações que tal vez esclareça sua visão particular dos fenômenos econômicos, não acadêmicos, e sim daqueles que terminam sedimentando-se nas relações sociais de produção (também ideológicas).
    Para seu conforto, vou relatar algumas coisas que também sei sobre Milton Friedman, de modo a entender porque pensava de tal forma. Na década de 70, a inflação entrara numa espiral descontrolada, explodindo o desemprego. A economia mundial entrou em processo de estagnação. Nosso amigo, durante tanto tempo reduzido a um excêntrico economista, fez uma proposta inovadora para aquela época. Só havia uma única solução para controlar a inflação: Monetarismo (isso envolve o controle da oferta de dinheiro). Num mercado livre, dizia, quando havia dinheiro demais atrás de poucos bens, os preços subiam (tanto nos períodos de recessão quanto nos de crescimento). Friedman tinha um slogan muito curioso (que o senhor deve conhecer muito bem): “Só o dinheiro importa”.
    Qualquer outra forma de interferência do governo seria incapaz de deter o crescimento do desemprego ou evitar a quebradeira empresarial. Toda tentativa de controlar a economia só retardavam o desastre. É por isso que todo tipo de gasto governamental deviam ser reduzidos ao máximo. O setor público devia “ser fragmentado e privatizado, de modo que tais partes pudessem ser absorvidas por empresas que sobrevivessem no mercado”. Este pequeno detalhamento das ideias de Friedman é configurado como o mais extremo laissez-faire. O mercado era o Deus. Isso significa que o darwinismo social é exercitado na sua mais pura forma: a sobrevivência dos mais aptos.
    O senhor pode dizer que não. Porém, como a única alternativa, o monetarismo se constituiria num dos remédios mais amargos dessa década, com efeitos sociais brutais, como no caso da onda de desemprego e, principalmente (por mais que o senhor diga que é desonestidade minha) associados às políticas conservadoras de Ronald Reagan e Margareth Thatcher nos finais dos anos 80.
    A proposta de Friedman funcionou? Funcionou a um custo que muitos ainda se perguntam se valeu a pena. Se o consenso é errado, segundo disse, de que estamos vivendo “desde meados dos anos 80 em um mundo liberal”, tal afirmação é apenas sua e dos ideólogos nos quais confia. Os meus são outros, aqueles “do consenso” a níveis internacionais e muito respeitados no mundo real.
    Diga-me uma coisa. Qual é o problema que as práticas liberais tenham fracassado depois de acumularem dinheiro de forma fraudulenta e criminosa? . Por que o fracasso econômico só é possível de ser detectado e criminalizado apenas nas políticas de bem-estar ou socialistas?
    Se o senhor disser que Milton Friedman não tinha culpa disso, eu concordo. Da mesma forma que o senhor tem que concordar que a política econômica da ex União soviética não é culpa de Marx. Falando disso, o colapso comunista na antiga União Soviética e no Leste Europeu ainda continua provocando acaloradas discussões intelectuais com sabor de vitória, como se tudo não passasse de uma mera competição ideológica, que confirmou na prática o fracasso de um modelo alternativo para a economia mundial.
    O prazer da lembrança está centrado na crítica ao suposto irrelevante saudosismo de alguns sonhadores ingênuos, esperançosos do alcance da prosperidade material num mundo construído com justiça social (Eu não sou um moralista por acreditar nisso, perdi várias vezes meus bens materiais e minha dignidade por pensar assim).
    No entanto, a essência da crítica intelectual deve estar direcionada, além das instâncias do passado, também para a análise das conseqüências advindas de um mundo que, até então polarizado ideologicamente, entra numa fase contraditória entre democracia e um tipo de sociedade que funda sua sustentabilidade apenas na maximização do lucro. É por isso que construí meu blog. Porque na atualidade, existem muitas razões para fazer uma revalorização crítica do fracasso da experiência do socialismo estatista e da burocracia coletivista que caracterizou ao modelo soviético, fundamentalmente na idéia de concebê-lo a partir da construção de um socialismo pluralista e democrático. Mas para isso é necessário entender que a volatilização das ilusões que estimularam as fantasias da globalização neoliberal, centrada no renascimento econômico dos países subdesenvolvidos, da transição para o capitalismo da Europa Oriental, do surgimento dos tigres asiáticos e, sobretudo, da prosperidade ilimitada dos Estados Unidos, terminou por mostrar a verdadeira cara de um modelo em que todos os agentes econômicos dependem do mercado, nos quais os requisitos da competição e a maximização do lucro são colocados como regras fundamentais da vida e do progresso. Se essa alternativa se configurar como sempre acontece, em crises econômicas cíclicas, ela termina afetando o grosso do trabalho da sociedade gerado por trabalhadores sem posses que, vendendo sua força de trabalho no mercado a fim de subsistirem, terminam condenados a um humilhante processo de exclusão social.
    Milton Friedman dizia: “Medidas do governo que promovem igualdade pessoal ou igualdade de oportunidades aumentam a liberdade: medidas de governo para alcançar partes equitativas para todos reduzem a liberdade”. Aí pergunta: “A quem compete decidir o que é justo?” – e responde ele mesmo – “o Mercado”.
    No Chile funcionou perfeitamente – volto a insistir – do jeito que o senhor gosta. Entretanto, numa democracia, é o povo que decide o que é justo, quando vota no governo. Se o senhor que estuda muito a economia capitalista, deve saber que Reagan e Thatcher foram obrigados a admitir isso. De qualquer modo, existem, a nível acadêmico, muitas ideias brilhantes de Friedman, e sua influência maior foi, indiscutivelmente, a economia metodológica.
    O senhor entrou no blog a partir da “Carta a Revista Veja”, mas acho que não leu. Tal crítica estava destinada a que a revista não usasse a desinformação histórica com referência ao comandante Guevara, que, goste ou não, foi e será sendo um ícone cultural das lutas contra o colonialismo, apesar de seus erros. Os fuzilados em Cuba (Batistianos, seqüestradores, violentadores e torturadores) não passaram de 650. Se comparados aos desaparecidos durante a operação “Condor” executada pelas ditaduras latino-americanas, assessoradas a partir da Escola das Américas, no Panamá (diga-se CIA), essas execuções não significam nada. Meus relatos são históricos. São poucas as pessoas que negam esses fatos.
    O senhor pode observar que em nossas conversas, nunca quis polarizar a discussão do que acontece em Cuba hoje. Sabemos, de fato, coisas que nos desagradam, assim como temos também nossas visões particulares dos fenômenos sociais que ocorrem nesses países. Se concordarmos que existe injustiça nos países chamados de socialistas, e as tornamos públicas de forma veemente, porque esconder e se exaltar quando denunciamos o que acontece nos países chamados de capitalistas e democráticos?
    Ao final, esse é o trabalho do sociólogo, pesquisar os processos sociais. Ninguém pode negar que os juízos de valor permeiam nossas opiniões. Más uma coisa resulta clara para mim. Depois de ter vivido perto de pessoas que nunca tiveram nada na vida, e ter compartilhado, como privilégio, relações como outros indivíduos que nasceram em verso de ouro, ou passaram toda sua vida num êxtase parasitário, a escolha sempre será pelos primeiros. (apesar de não ser mais do que um pequeno burguês atormentado).
    Atenciosamente.
    Victor Alberto Danich

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  19. Sr. Luiz M.

    Uma pena não identificar-se. Seu medo de represália apenas demonstra sua maneira de ver o mundo. E a maneira como vemos o mundo diz muito sobre nosso próprio caráter.

    A discussão abordada neste espaço é relevante. Infelizmente, sem identificar-se, o senhor sente-se livre para atacar a pessoa, ao invés do argumento. Isso faz com que, independentemente de estar com a razão ou não, o senhor torne-se um péssimo defensor de suas idéias.

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