A campanha deflagrada para o segundo turno se esvazia numa disputa inútil sobre fatos secundários com referência ao debate que importa. Encontrou-se uma brecha no campo das crenças para esconder as propostas que realmente interessam à população brasileira. Não há nada de novo nisso. Já aconteceu nas disputas passadas. A incitação ao pânico que pode provocar qualquer tipo de mudança, mesmo conceitual, termina eliminando o confronto de ideias que permitam traçar metas claras para o futuro do Brasil. Mais uma vez são veiculados aqueles discursos que falam de tabus e religiosidade, como se isso fosse a resolver o futuro econômico do país. Na berlinda desses condicionantes, continuam sendo usados os desgastados “clichês” de que primeiro tem que construir o bolo para depois reparti-lo. Quando de repente surge uma nova proposta de desenvolvimento com inclusão social, os concentradores do “bolo eterno” esgrimem o fantasma do socialismo, como se isso fosse uma alternativa diabólica, sujeita a ser destruída pela mão de Deus e outras formas de arranjos sobrenaturais.
O que se esconde nesse discurso próximo da inquisição religiosa da idade média? Apenas uma nova forma de combater e jogar no esquecimento as conquistas recentes do povo brasileiro. Nada melhor do que criminalizar as comparações entre dois modelos de gestão econômica postos em prática nestes últimos dezesseis anos. No caso concreto de gestão à frente da complexidade monumental de um país como o nosso, não existem nem “pastores nem rebanhos” apenas decisões acertadas ou não, que ocorrem no campo da vida e da economia real. Para entender tal processo, os leitores devem deixar de lado os “factóides” inundados de preconceitos, e focar sua atenção no que realmente aconteceu de melhor no Brasil nestes últimos anos. Apesar dos problemas que ainda castigam nossa sociedade, muito longe de serem resolvidos em curto prazo, vamos centrar-nos nas conclusões “das experiências e ações dos governos anteriores” avaliando a seguinte argumentação: Houve, na transição entre um governo e outro, dois modelos econômicos que entraram na pauta das alternativas para a construção de uma nova sociedade. Por um lado, era a continuidade indefinida do modelo imposto pelo Fundo Monetário Internacional na região, assentado em políticas profundamente recessivas, a um custo social insuportável e sem perspectivas de crescimento, e, por outro, a opção pela reconstrução do Estado como indutor de desenvolvimento por meio de políticas público-privadas, com forte inclusão social através de programas distributivos inseridos no tecido produtivo. Claro que essa modalidade não é invenção do atual governo. Entretanto, sua reestruturação através do Fome Zero e do Bolsa Família, ganharam uma nova configuração, porque são inerentes a uma política econômica com foco na transferência de renda de forma ampla. A qualidade destes programas encontra-se na sua própria natureza, livres do cerceamento dos ajustes monetários do modelo neoliberal. Atravessar uma crise mundial de forma inédita e criar 14 milhões de empregos com carteira assinada, elevando a padrões de classe média 70 milhões de brasileiros e tirando da pobreza absoluta outros tantos, espalhando a dádiva de luz e da casa própria para grande parcela da população, incorporando-os ao consumo de bens tantas vezes negados, é suficiente para discordar de que isso signifique uma degradação das instituições no Brasil. Ao contrário, se o povo humilde, consciente dessas mudanças, credita essas conquistas à intervenção divina, não está equivocado. Ao final, o placebo religioso está centrado na bondade do profeta Jesus Cristo e sua opção pelos pobres. Devem estranhar que diga tal coisa, já que muitos me conhecem como cético. Mas isso significa acrescentar um ideal nobre para os que lutam por um projeto humanístico, muito cercano aos fundamentos do cristianismo, infinitamente diferente daqueles que se mascaram de religiosidade e são incapazes de qualquer iniciativa solidária para com a pobreza anônima.
O que se esconde nesse discurso próximo da inquisição religiosa da idade média? Apenas uma nova forma de combater e jogar no esquecimento as conquistas recentes do povo brasileiro. Nada melhor do que criminalizar as comparações entre dois modelos de gestão econômica postos em prática nestes últimos dezesseis anos. No caso concreto de gestão à frente da complexidade monumental de um país como o nosso, não existem nem “pastores nem rebanhos” apenas decisões acertadas ou não, que ocorrem no campo da vida e da economia real. Para entender tal processo, os leitores devem deixar de lado os “factóides” inundados de preconceitos, e focar sua atenção no que realmente aconteceu de melhor no Brasil nestes últimos anos. Apesar dos problemas que ainda castigam nossa sociedade, muito longe de serem resolvidos em curto prazo, vamos centrar-nos nas conclusões “das experiências e ações dos governos anteriores” avaliando a seguinte argumentação: Houve, na transição entre um governo e outro, dois modelos econômicos que entraram na pauta das alternativas para a construção de uma nova sociedade. Por um lado, era a continuidade indefinida do modelo imposto pelo Fundo Monetário Internacional na região, assentado em políticas profundamente recessivas, a um custo social insuportável e sem perspectivas de crescimento, e, por outro, a opção pela reconstrução do Estado como indutor de desenvolvimento por meio de políticas público-privadas, com forte inclusão social através de programas distributivos inseridos no tecido produtivo. Claro que essa modalidade não é invenção do atual governo. Entretanto, sua reestruturação através do Fome Zero e do Bolsa Família, ganharam uma nova configuração, porque são inerentes a uma política econômica com foco na transferência de renda de forma ampla. A qualidade destes programas encontra-se na sua própria natureza, livres do cerceamento dos ajustes monetários do modelo neoliberal. Atravessar uma crise mundial de forma inédita e criar 14 milhões de empregos com carteira assinada, elevando a padrões de classe média 70 milhões de brasileiros e tirando da pobreza absoluta outros tantos, espalhando a dádiva de luz e da casa própria para grande parcela da população, incorporando-os ao consumo de bens tantas vezes negados, é suficiente para discordar de que isso signifique uma degradação das instituições no Brasil. Ao contrário, se o povo humilde, consciente dessas mudanças, credita essas conquistas à intervenção divina, não está equivocado. Ao final, o placebo religioso está centrado na bondade do profeta Jesus Cristo e sua opção pelos pobres. Devem estranhar que diga tal coisa, já que muitos me conhecem como cético. Mas isso significa acrescentar um ideal nobre para os que lutam por um projeto humanístico, muito cercano aos fundamentos do cristianismo, infinitamente diferente daqueles que se mascaram de religiosidade e são incapazes de qualquer iniciativa solidária para com a pobreza anônima.
Victor Alberto Danich
Sociólogo