Não vou falar sobre o que os cubanos pensam sobre o imperialismo, mas vou dar algumas pistas contando uma história aterradora, que contém a ideia germinal instalada no inconsciente dos habitantes da ilha. Nos dias preliminares à invasão do Iraque, a população de Bagdá se perguntava: Será pior que em 1991? Os americanos realmente acreditavam nas armas nucleares de Saddam? A noite de 28 de março de 2003, o Ministério de Comunicações do Iraque foi bombardeado e consumido pelas chamas, deixando sem serviço milhões de habitantes. A combinação entre escutar e sentir as bombas por todos os lados, e não poder verificar se os familiares próximos estavam vivos, transformou-se num verdadeiro tormento. Depois de deixar a cidade devastada, chegou à vez da humilhação disfarçada na conquista. O povo iraquiano passou a contemplar impotente como se profanavam suas instituições, e como toda sua história era carregada em caminhões para logo desaparecer. O Museu Nacional de Iraque foi reduzido a escombros, perdendo todas as lembranças de uma das civilizações mais antigas. A Biblioteca Nacional, que tinha todos os livros e teses de doutorado publicados no Iraque, foram perdidos. Um professor do Instituto de Bagdá, ao ver tamanha tragédia, chorava desconsolado dizendo: “Eliminaram de vez nossa herança nacional, a memória profunda de toda uma cultura de milhares de anos foi apagada em questão de horas”.
Os “civilizados” conquistadores destroçaram totalmente o aeroporto de Bagdá, quebrando todo o mobiliário e os aviões de passageiros estacionados na pista. O resultado de tamanha violência gratuita, significou uma perda de mais de 100 milhões de dólares em danos à linha aérea nacional do Iraque. Esse foi o começo do verdadeiro motivo da invasão, o processo de privatização do patrimônio nacional, leiloado de forma impertinente e criminosa. Para justificar a não intervenção no saqueio dos bens do Estado, o interventor americano, Peter McPherson, declarou candidamente: “Quando vi os iraquianos roubando propriedades do Estado – carros, ônibus, equipamentos dos ministérios – não me importou” – e prosseguiu – “pensei que a privatização que é realizada de maneira natural quando alguém toma um veículo do Estado, não tem nada de mau”. Astuto burocrata da antiga administração de Ronald Reagan, e profundo admirador da Escola de Chicago, McPherson descreveu a roubalheira como “a melhor forma de redução do setor público do país”.
Bagdá ainda estava em chamas quando se iniciaram as importações de forma massiva, sem impostos, sem inspeções ou taxas, tornando Iraque, depois das sanções comerciais, no mercado mais aberto do mundo. Enquanto os caminhões carregados de objetos saqueados partiam para os países vizinhos, na direção oposta, chegavam milhares de quinquilharias tecnológicas. Uma cultura desaparecia dizimada pelas chamas e pelos saqueadores, e outra chegava para substituí-la sem qualquer tipo de sentimento humanitário.
Victor Alberto Danich - Sociólogo
Os “civilizados” conquistadores destroçaram totalmente o aeroporto de Bagdá, quebrando todo o mobiliário e os aviões de passageiros estacionados na pista. O resultado de tamanha violência gratuita, significou uma perda de mais de 100 milhões de dólares em danos à linha aérea nacional do Iraque. Esse foi o começo do verdadeiro motivo da invasão, o processo de privatização do patrimônio nacional, leiloado de forma impertinente e criminosa. Para justificar a não intervenção no saqueio dos bens do Estado, o interventor americano, Peter McPherson, declarou candidamente: “Quando vi os iraquianos roubando propriedades do Estado – carros, ônibus, equipamentos dos ministérios – não me importou” – e prosseguiu – “pensei que a privatização que é realizada de maneira natural quando alguém toma um veículo do Estado, não tem nada de mau”. Astuto burocrata da antiga administração de Ronald Reagan, e profundo admirador da Escola de Chicago, McPherson descreveu a roubalheira como “a melhor forma de redução do setor público do país”.
Bagdá ainda estava em chamas quando se iniciaram as importações de forma massiva, sem impostos, sem inspeções ou taxas, tornando Iraque, depois das sanções comerciais, no mercado mais aberto do mundo. Enquanto os caminhões carregados de objetos saqueados partiam para os países vizinhos, na direção oposta, chegavam milhares de quinquilharias tecnológicas. Uma cultura desaparecia dizimada pelas chamas e pelos saqueadores, e outra chegava para substituí-la sem qualquer tipo de sentimento humanitário.
Victor Alberto Danich - Sociólogo