Não aceitar a existência de divindades, não significa que o conhecimento religioso seja excluído do imaginário intelectual daqueles que não acreditam. Ao contrário, conhecer fatos relacionados à história das religiões, resulta muito importante para entender como funcionam tais mecanismos culturais. Para ser ateu é necessário “a priori”, ter sido religioso. O caminho da experiência metodológica leva-nos a observar a construção da realidade através de infinitas visões. O ateísmo é uma delas. Não entanto, por ter sido católico na minha adolescência, acho que devo, por compromisso, fazer algumas considerações com referência aos festejos natalinos que se aproximam.
A teologia protestante, que surge com a Reforma, é um exemplo claro da filosofia do individualismo implantada pela burguesia nascente, que precisava da suficiente liberdade para abrir espaço a produção e o comércio, como também em relação à condenação moral que a Igreja Católica associava a tais atividades. A doutrina da justificação pela fé, foi à precursora inconsciente das novas práticas econômicas da burguesia. Dessa forma, os puritanos tentaram espiritualizar os processos econômicos, impondo, de certa maneira, a idéia de que "Deus tinha criado o mercado e a troca", sempre considerando o valor religioso baseado no trabalho árduo e ascético como forma de se glorificar a Ele. Não e de estranhar, portanto, que a figura simpática de Papai Noel, que faz parte das tradições pagãs dos Celtas e dos países nórdicos, tenha se incorporado, num processo de sincretismo religioso, ao protestantismo do norte da Europa com o nome de Santa Klaus ou São Nicolau, e que representa, sem dúvida, apesar de sua imagem inocente, a opulência e o hedonismo da sociedade capitalista. Por outro lado, principalmente os católicos, não devem esquecer que “Deus desceu até o esterco da gruta de Belém", e, portanto, o espírito do Natal deve ser configurado exclusivamente em torno da imagem do “Presépio”, com Jesus menino, com Maria, com José, com os três Reis Magos que tributam sua riqueza a pobreza.
Parece significativo o fato de o menino Jesus ter nascido pobre, que representa: "Viver a experiência dos sem teto, da periferia, da exclusão". Mais ainda, “viver e morrer de consumição, obcecado por sua virtude, sem cuidar de si mesmo, entregando sua vida em holocausto aos demais”. O Natal que prenuncia o advento de Jesus, tanto para crentes como para ateus, propicia simbolicamente o momento para repensar o sentido de sua missão como projeto solidário, na qual os pobres são as figuras principais, e com os quais os mais privilegiados devem aprender a compartilhar, ajudando-os a viver com dignidade.
Victor Alberto Danich
Sociólogo
A teologia protestante, que surge com a Reforma, é um exemplo claro da filosofia do individualismo implantada pela burguesia nascente, que precisava da suficiente liberdade para abrir espaço a produção e o comércio, como também em relação à condenação moral que a Igreja Católica associava a tais atividades. A doutrina da justificação pela fé, foi à precursora inconsciente das novas práticas econômicas da burguesia. Dessa forma, os puritanos tentaram espiritualizar os processos econômicos, impondo, de certa maneira, a idéia de que "Deus tinha criado o mercado e a troca", sempre considerando o valor religioso baseado no trabalho árduo e ascético como forma de se glorificar a Ele. Não e de estranhar, portanto, que a figura simpática de Papai Noel, que faz parte das tradições pagãs dos Celtas e dos países nórdicos, tenha se incorporado, num processo de sincretismo religioso, ao protestantismo do norte da Europa com o nome de Santa Klaus ou São Nicolau, e que representa, sem dúvida, apesar de sua imagem inocente, a opulência e o hedonismo da sociedade capitalista. Por outro lado, principalmente os católicos, não devem esquecer que “Deus desceu até o esterco da gruta de Belém", e, portanto, o espírito do Natal deve ser configurado exclusivamente em torno da imagem do “Presépio”, com Jesus menino, com Maria, com José, com os três Reis Magos que tributam sua riqueza a pobreza.
Parece significativo o fato de o menino Jesus ter nascido pobre, que representa: "Viver a experiência dos sem teto, da periferia, da exclusão". Mais ainda, “viver e morrer de consumição, obcecado por sua virtude, sem cuidar de si mesmo, entregando sua vida em holocausto aos demais”. O Natal que prenuncia o advento de Jesus, tanto para crentes como para ateus, propicia simbolicamente o momento para repensar o sentido de sua missão como projeto solidário, na qual os pobres são as figuras principais, e com os quais os mais privilegiados devem aprender a compartilhar, ajudando-os a viver com dignidade.
Victor Alberto Danich
Sociólogo