Nascido numa geração de pós-guerra, influenciado pela retórica cultural dos países aliados, vendo filmes de propaganda americanos ao compasso de “Chattanooga choo-choo” e “St. Louis March” com a orquestra do magnífico Glenn Miller, minha juventude sofreu o impacto perturbador das “guerras justas”. As cenas idílicas no meio das batalhas entre Humphrey Bogart e Ingrid Bergman em “Casablanca” me deixavam extasiado. Minha paixão pelos americanos não tinha limites. Era louco de desejo pela Marilyn Monroe e tinha uma brutal admiração pelo presidente Kennedy. A morte de ambos foi um divisor na minha consciência.
Descobri que o elemento de verdade por trás de tudo isso, que a maioria das pessoas está sempre disposta a repudiar, é que os seres humanos não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que podem apenas defender-se se forem atacadas. Pelo contrário, são criaturas com poderosa quota de agressividade. Ou como diria Sigmund Freud: “O seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que tenta satisfazer sua agressividade, explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de seus bens, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo”.
Estados Unidos é um país poderoso, sofre crises e suas falhas nos atingem, sua política externa imperial nos afeta e somos incapazes de libertar-nos. Sua agressividade tem as mesmas características das nossas. No entanto, as dimensões das tragédias sempre, na história da humanidade, mantiveram sua proporcionalidade conforme o tamanho e a importância dos países. O ser humano tenta esconder sua agressividade gratuita, sejam norte-americanos ou não, através de concepções religiosas fundamentalistas, tanto no Ocidente como no Oriente, mas que no fundo esconde a “pulsão da morte”. “A finalidade de toda a vida é a própria morte” definia Freud, que confirma que a agressão corre solta no mundo, alimentada por um impulso primitivo nessa direção. De Afeganistão ao Iraque, a tortura tem sido o sócio silencioso da cruzada pela liberdade do mercado global. A morte prematura do ser humano perante a chama do capitalismo em estado puro, é mostrada como o ponto final da evolução ideológica da humanidade.
A “neurose do destino” torna-se assim, numa compulsão a repetir uma experiência dolorosa, que se instala de maneira inconsciente nas fantasias de um povo, a ponto de se empenhar ao máximo em se deter em infelicidades e afrontas, tentando de forma neurótica dar formas realistas a esses sentimentos. O que até então era uma ficção cinematográfica do combate entre Eros e Tânatos, termina configurando-se numa destrutiva e demoníaca realidade.
Victor Alberto Danich
Sociólogo
Descobri que o elemento de verdade por trás de tudo isso, que a maioria das pessoas está sempre disposta a repudiar, é que os seres humanos não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que podem apenas defender-se se forem atacadas. Pelo contrário, são criaturas com poderosa quota de agressividade. Ou como diria Sigmund Freud: “O seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que tenta satisfazer sua agressividade, explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de seus bens, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo”.
Estados Unidos é um país poderoso, sofre crises e suas falhas nos atingem, sua política externa imperial nos afeta e somos incapazes de libertar-nos. Sua agressividade tem as mesmas características das nossas. No entanto, as dimensões das tragédias sempre, na história da humanidade, mantiveram sua proporcionalidade conforme o tamanho e a importância dos países. O ser humano tenta esconder sua agressividade gratuita, sejam norte-americanos ou não, através de concepções religiosas fundamentalistas, tanto no Ocidente como no Oriente, mas que no fundo esconde a “pulsão da morte”. “A finalidade de toda a vida é a própria morte” definia Freud, que confirma que a agressão corre solta no mundo, alimentada por um impulso primitivo nessa direção. De Afeganistão ao Iraque, a tortura tem sido o sócio silencioso da cruzada pela liberdade do mercado global. A morte prematura do ser humano perante a chama do capitalismo em estado puro, é mostrada como o ponto final da evolução ideológica da humanidade.
A “neurose do destino” torna-se assim, numa compulsão a repetir uma experiência dolorosa, que se instala de maneira inconsciente nas fantasias de um povo, a ponto de se empenhar ao máximo em se deter em infelicidades e afrontas, tentando de forma neurótica dar formas realistas a esses sentimentos. O que até então era uma ficção cinematográfica do combate entre Eros e Tânatos, termina configurando-se numa destrutiva e demoníaca realidade.
Victor Alberto Danich
Sociólogo