terça-feira, 9 de agosto de 2011

PLANO BRASIL MAIOR

O novo plano de política industrial apresentado na semana passada pelo governo federal foi, segundo o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Fernando Pimentel “uma resposta contemporânea de política de desenvolvimento produtivo”´. Estas palavras encerram um conteúdo simbólico extraordinário, porque representam o epitáfio definitivo do modelo econômico neoliberal nas nossas terras nativas. O lema do Plano Brasil Maior: ”Inovar para competir, competir para crescer”, condensa o ressurgimento de um projeto nacional tantas vezes criminalizado pelos ideólogos do monetarismo e do livre mercado. A retomada do crescimento e do investimento nestes últimos anos não é consequência apenas de um processo linear e a-histórico, e sim resultado de uma constante batalha contra a competição desonesta e a desvalorização artificial do dólar, arma usada recentemente pelos Estados Unidos de forma desleal.
O ministro foi enfático ao dizer que o sucesso da industrialização, distante do que alguns teóricos liberais pensam, não foi por causa da “mão invisível do mercado”, e sim produto do esforço dos povos na construção de “modernos estados nacionais, com poder de comando sobre seu território”. Tal capacidade permitirá ao Brasil desenvolver uma série de estímulos à competitividade da indústria nacional, tais como a desoneração de tributos e redução de impostos sobre produtos industrializados, sem necessidade de se sujeitar ao monitoramento externo ou restrições econômicas, que tradicionalmente pesaram sobre a arrecadação necessária para investimentos e geração de emprego.
Neste contexto, o Brasil começa a desbravar o caminho para um novo salto da produtividade do trabalho por meio da inovação tecnológica. Por um lado, nosso país possui a garantia de um mercado interno em expansão, com vastos recursos energéticos e grande capacidade de compras públicas, além de um formidável vigor empresarial e força potencial de trabalho em franco desenvolvimento.
E por outro, a proteção mais importante que Brasil e os demais países de América Latina conseguiram nestes últimos anos, foi a emergente independência das instituições financeiras tuteladas por Washington, emblematicamente caracterizada na oposição à implantação da Área de Livre Comércio das Américas, sonho corporativista dos Estados Unidos para impor um mercado assimétrico em seu próprio benefício. A profunda crise que aquele país está vivendo, em parte é resultado de haver perdido a hegemonia sobre os países pobres, usando o FMI e o Banco Mundial como forma de ganhar dinheiro fácil, à custa de dívidas eternas e impagáveis. Quando a fonte seca a crise chega de forma incontrolável. O FMI, cujo poder foi supremo nas décadas de 80 e 90, em que América Latina representava 80% da totalidade dos empréstimos dessa instituição, hoje não passa de 1%. Pior ainda, em apenas três anos, os empréstimos do FMI em todo o mundo foram reduzidos de 81 bilhões de dólares para apenas 11,8 bilhões. Ambas instituições transformaram-se em párias globais. O sacrifício descomunal de América Latina contra a extorsão dessa burocracia transnacional, finalmente rende seus frutos.
Victor Alberto Danich
Sociólogo