Lendo a revista Veja na biblioteca, de modo a não gastar dinheiro inutilmente, vi um artigo sobre o filme “Lula, o filho do Brasil”. Como sempre, o pasquim aproveita qualquer oportunidade para desmerecer o nosso presidente. Torna-se evidente que a direção da revista deixa nas mãos dos articulistas o uso indiscriminado de juízos de valor, que permeiam a ideologia reacionária dos mesmos. Tal prerrogativa é feita de propósito, já que a linha editorial está direcionada aos setores mais conservadores da sociedade. Entende-se isso como a melhor forma de ganhar dinheiro, inserindo propagandas de uso pecuniário misturadas com artigos focados nesse tipo de consumidores. Nada melhor do que atender as certezas dogmáticas dos leitores cativos. Reforçar o preconceito dos setores mais privilegiados da sociedade através da mídia, tem como resultado um negócio muito lucrativo. O ato falho fica sintetizado na coluna de Diogo Mainardi, do qual tenho a suspeita de que padece de uma "disfunção freudiana", de tanto insistir em atacar o presidente Lula. Durante as campanhas, Luiz Inácio da Silva sempre foi criminalizado de forma monstruosa através da internet. Eram ditas coisas inimagináveis, vergonhosas, próprias de indivíduos covardes escondidos no anonimato. O que há de errado em fazer um filme que apague de vez tamanha vergonha? Porque o povo humilde não tem o direito de construir e admirar um ídolo popular? Qual é o problema, depois de tantos anos, os brasileiros recuperarem sua auto-estima através de um ícone público admirado no mundo todo? O povo humilde tem todo o direito de emocionar-se ao conhecer a vida de uma pessoa que nasceu entre eles, assim como a necessidade de sentir que está sendo valorizado pela primeira vez como ser humano. Desconhecer tal realidade é esconder, através de um apagão mental, o resultado de todas as políticas públicas de distribuição de renda realizadas nestes últimos oito anos (com muito sucesso), e que tanto ajudaram aos setores mais pobres da sociedade. Se essa iniciativa tem como resultado a "construção de um mito", que seja bem-vinda. Falham os articulistas Diego Escosteguy e Otávio Cabral, em dizer que o presidente observou de mãos atadas "uma recessão econômica de quase dois anos". Porque não esclarecem que Lula recebeu um país tecnicamente em "default", com reservas no Banco Central esgotadas? Será que um país se reconstrói por decreto, ou é necessário um tempo para recuperá-lo? A prova inquestionável de sua liderança, está demonstrada pela capacidade do Brasil em atravessar virtuosamente a crise atual. Sinto muita pena desses senhores, que são incapazes de controlar seu ódio ao dizer que "Lula é o mais improvável dos presidentes brasileiros". Tal opinião esconde a ideologia da soberba, típica daqueles que sonham com a auto-realização, e que, por inépcia ou frustração, não logram atingir. Coitadinhos. É por isso que observam a realidade como se fosse um filme, porque são incapazes de tornarem-se protagonistas.
Victor Alberto Danich - Sociólogo
Victor Alberto Danich - Sociólogo