Se foi a sorte ou azar de teres nascido em épocas tumultuosas, de conviver com pessoas que sonhavam com um mundo diferente e solidário, que imaginavam que poderia ser mudado com voluntarismo e talento, modelado em novas formas de pensamento, devo assumir meus erros nesse percurso.
Se foste seduzida por um homem que te tirou da riqueza confortável e te mostrou os caminhos dolorosos da exclusão, compartilhando contigo o perigo da incompreensão e da intolerância, te peço desculpas.
Se viveste perigosamente convencida de que o poder e o dinheiro não valiam a pena de sermos os Faustos de uma sociedade injusta, de saberes que estávamos juntos numa batalha antecipadamente perdida, e ainda assim foste capaz de olhar com altivez nossos algozes, eu te admiro.
Se conseguimos construir juntos os traços de rebeldia, desejos de liberdade e autonomia, enfrentando fronteiras desconhecidas, tendo a certeza de que qualquer lugar do mundo era bom para recomeçar, que a revolta contra o autoritarismo e a opressão valia a pena continuarmos juntos, eu te agradeço.
Todos esses anos que estivemos lutando lado a lado, serviram para refazer o conhecimento e criar novas agendas de vida. Uma delas foi à gestão solidária de trabalhar com as pessoas humildes, e a outra foi criar a nossa filha. Tudo isso deu certo até que a morte te surpreendeu na viagem. Daí para frente, o mundo se desmoronou, e não consegui reconstruí-lo. Por isso quero que me perdoes.
Mas te garanto. Tudo aquilo que conversávamos com alegria, em sintonia com as promessas do futuro, nunca terminará enquanto algum de nós continue presente. Os caminhos da transcendência de seres que não existem mais, devem ser revitalizados pelas lembranças dos vivos, e, como tenho a certeza de que não há eternidade para os corpos nem para as mentes, resta-me tributar tua presença no inconsciente coletivo daqueles que ainda acreditam. Talvez seja esse o segredo de imaginarmos póstumos. É por isso que quero compartilhar com os desconhecidos a simples tarefa de expressar publicamente esta pequena frase.
Obrigado Marcela.
Se foste seduzida por um homem que te tirou da riqueza confortável e te mostrou os caminhos dolorosos da exclusão, compartilhando contigo o perigo da incompreensão e da intolerância, te peço desculpas.
Se viveste perigosamente convencida de que o poder e o dinheiro não valiam a pena de sermos os Faustos de uma sociedade injusta, de saberes que estávamos juntos numa batalha antecipadamente perdida, e ainda assim foste capaz de olhar com altivez nossos algozes, eu te admiro.
Se conseguimos construir juntos os traços de rebeldia, desejos de liberdade e autonomia, enfrentando fronteiras desconhecidas, tendo a certeza de que qualquer lugar do mundo era bom para recomeçar, que a revolta contra o autoritarismo e a opressão valia a pena continuarmos juntos, eu te agradeço.
Todos esses anos que estivemos lutando lado a lado, serviram para refazer o conhecimento e criar novas agendas de vida. Uma delas foi à gestão solidária de trabalhar com as pessoas humildes, e a outra foi criar a nossa filha. Tudo isso deu certo até que a morte te surpreendeu na viagem. Daí para frente, o mundo se desmoronou, e não consegui reconstruí-lo. Por isso quero que me perdoes.
Mas te garanto. Tudo aquilo que conversávamos com alegria, em sintonia com as promessas do futuro, nunca terminará enquanto algum de nós continue presente. Os caminhos da transcendência de seres que não existem mais, devem ser revitalizados pelas lembranças dos vivos, e, como tenho a certeza de que não há eternidade para os corpos nem para as mentes, resta-me tributar tua presença no inconsciente coletivo daqueles que ainda acreditam. Talvez seja esse o segredo de imaginarmos póstumos. É por isso que quero compartilhar com os desconhecidos a simples tarefa de expressar publicamente esta pequena frase.
Obrigado Marcela.