sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O PAÍS DO BOLSA FAMÍLIA

Estamos nas vésperas do final de ano e, como brasileiro que sonha com a construção de um país mais justo e solidário, quero fazer algumas considerações sobre as políticas públicas de distribuição de renda realizadas pelo Governo Federal. O estudo desenvolvido pelo Centro Internacional de Pobreza em parceria com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA, através do texto intitulado “Todas as transferências de renda diminuem a desigualdade?”, que analisou os programas Bolsa Família, Chile Solidário e Oportunidades, implantados no Brasil, no Chile e no México, respectivamente, concluiu que o aumento do benefício ou o número de atendidos por programas de transferência, como o Bolsa Família, ajuda a derrubar a desigualdade de renda, desde que o foco permaneça na população mais pobre. Resulta interessante verificar que, nos casos brasileiro e mexicano, os repasses representam cerca de 0,5% da renda familiar total do país; e no Chile, equivale a 0,01%.
A queda na desigualdade registrada no Brasil, de quase três pontos é igual ou maior ao ritmo registrado em países como Inglaterra e França, quando aqueles países estavam instalando políticas de proteção social num passado recente. O problema que surge na aplicação de tais iniciativas, não é resultado da própria execução, senão de pessoas que, na sua insensibilidade, estão em contra de qualquer ação distributiva que não coincida com suas visões particulares da realidade econômica, sempre procurando exaltar as distorções que possam acontecer na aplicação de tais programas.
Resulta mais triste verificar que as camadas de classe média com aspirações burguesas aceitam tais críticas como verdadeiras, sem tomar a precaução de pesquisar os dados divulgados internacionalmente, por meio de instituições altamente reconhecidas. Chegará o dia em que aqueles que “nunca tem sede porque nadam em água doce” aprendam a processar as informações convenientemente, de modo a avaliar os avanços que o país está logrando através da aplicação de políticas públicas direcionadas a atender os setores excluídos da sociedade. O desenvolvimento do Brasil não se mede a partir dos celulares e os carros zero que algumas pessoas podem comprar. A medição é feita nos recursos destinados a diminuir as desigualdades sociais em todas as camadas da sociedade. Nestes últimos anos, 100 milhões de brasileiros entraram no patamar de classe média, o que significa maior consumo e maior produção de riqueza. Na Idade Média, era dever de cristão compensar aqueles que nada possuíam. Parece que os cristãos contemporâneos só ajudam quando chamados institucionalmente. O resto do discurso fica na retórica do politicamente correto, e nada mais.
Victor Alberto Danich
Sociólogo

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