Estas foram às palavras de Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, durante uma visita a Santiago, na qual assinou com Michelle Bachelet um acordo de livre comércio. “É um exemplo para Latino América e para o mundo” arrematou José Luis Rodriguez Zapatero em Madrid. A mais notável afirmação foi feita pelo outro lado do espectro ideológico. George W. Bush expressou sua admiração perante o então presidente chileno Ricardo Lagos: “Chile é incrível”. De que maneira este pequeno país seduziu o mundo? Qual o segredo de seu êxito? Como logrou tanta prosperidade? A resposta é muito simples: com um cedo e feroz neoliberalismo. Em 1973, a ditadura de Augusto Pinochet realizou uma transformação radical da economia chilena. A eliminação da política como condição preliminar para formular um novo modelo de crescimento para fora, centrado em receitas neoliberais, por meio de um acentuado impulso exportador, além da reorientação da macroeconomia com profundos cortes fiscais e privatizações maciças, fizeram avançar o país rumo a uma abertura econômica totalmente desregulamentada. Os governos que lhe sucederam acentuaram o êxito econômico de tal modelo, tanto, que a Estatal Codelco, mineradora de cobre, em 2007 aportava ao governo chileno um milhão de dólares... por hora!
Neste momento de crise mundial, o modelo chileno mostra suas incertezas. A principal se resume na prática exportadora de produtos primários, que representam 80% das exportações, das quais o cobre ocupa 40% desse total. Desse modo, o desenho exportador baseado em matérias primas e manufaturas elaboradas a partir das mesmas, dificultam a distribuição dos benefícios a todos os setores sociais. O segundo ponto fraco do modelo é a desigualdade gritante, que separa em quatorze vezes a distância entre os 20% dos mais ricos e os 20% mais pobres da população. Por se tratar de um sistema totalmente privatizado, a população de classe média não consegue se incorporar ao consumo de forma plena: o custo da universidade é alto, as tarifas são caras e o sistema impositivo provadamente perverso, que permite a existência de uma estrutura tributária no qual os ricos praticamente não pagam impostos.
A exuberância do modelo neoliberal funcionava através de pirâmides financeiras, que prometiam prosperidade para todos. Milhões de pessoas acreditaram no “canto da sereia” porque conseguiam consumir as migalhas do sistema. Mas essas iscas apenas escondiam a verdadeira fonte das riquezas acumuladas, que era a especulação financeira desregulamentada e parasitária. Os picaretas neoliberais caíram na sua própria armadilha. Muitos deles continuam ricos e mimetizados, outros perderam tudo ou estão presos. O Chile dos Boys de Chicago está pagando o preço por confiar nesse modelo suicida.
Victor Alberto Danich - Sociólogo
Neste momento de crise mundial, o modelo chileno mostra suas incertezas. A principal se resume na prática exportadora de produtos primários, que representam 80% das exportações, das quais o cobre ocupa 40% desse total. Desse modo, o desenho exportador baseado em matérias primas e manufaturas elaboradas a partir das mesmas, dificultam a distribuição dos benefícios a todos os setores sociais. O segundo ponto fraco do modelo é a desigualdade gritante, que separa em quatorze vezes a distância entre os 20% dos mais ricos e os 20% mais pobres da população. Por se tratar de um sistema totalmente privatizado, a população de classe média não consegue se incorporar ao consumo de forma plena: o custo da universidade é alto, as tarifas são caras e o sistema impositivo provadamente perverso, que permite a existência de uma estrutura tributária no qual os ricos praticamente não pagam impostos.
A exuberância do modelo neoliberal funcionava através de pirâmides financeiras, que prometiam prosperidade para todos. Milhões de pessoas acreditaram no “canto da sereia” porque conseguiam consumir as migalhas do sistema. Mas essas iscas apenas escondiam a verdadeira fonte das riquezas acumuladas, que era a especulação financeira desregulamentada e parasitária. Os picaretas neoliberais caíram na sua própria armadilha. Muitos deles continuam ricos e mimetizados, outros perderam tudo ou estão presos. O Chile dos Boys de Chicago está pagando o preço por confiar nesse modelo suicida.
Victor Alberto Danich - Sociólogo
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