terça-feira, 30 de março de 2010

A SOCIOLOGIA NA UNIVERSIDADE

O que é a sociologia? A sociologia é o estudo das sociedades o dos fenômenos sociais. Esta resposta pode parecer, e com razão, vaga e tautológica. Todo intento de definir a sociologia para delimitar seu campo de atuação, apesar de sua capacidade de conciliar pontos de vista de alguns sociólogos, sempre estará sujeita as críticas ou a oposição de alguns outros. Esta dificuldade poderia desanimar o processo acadêmico, chegando a desqualificar esta disciplina aos olhos dos neófitos, delimitando-a. O importante é definir qual é sua função dentro da universidade, e, principalmente, consolidar a ideia de que a sociologia implica pluralismo de opiniões sobre ela. Qual é a explicação para tal condicionante?
A vertente acadêmica da sociologia está direcionada a uma criação contínua, na qual sua definição se dá através das sucessivas confrontações entre as tendências que a alimentam. Esse é o motivo fundamental para dar à sociologia uma determinada direção. Em princípio, é necessário que os fenômenos sociais sejam desvinculados de uma concepção a - histórica. A justificativa desta prerrogativa está assentada na premissa de que só é possível entender o presente, e talvez o futuro, se conhecemos os fatos motivadores do passado. Por outro lado, a sociologia contemporânea, devido à unificação do planeta num processo de ocidentalização, terminou incorporando a antropologia social no seu campo de atuação, deixando sua especificidade para o estudo exaustivo de unidades socioculturais determinadas. Tal modelação dá a sociologia uma nova caracterização na sociedade globalizada, que é entender e analisar o modo de produção predominante nesse contexto social, utilizando a observação crítica através do método dialético, que é revalidar a ideia de que os verdadeiros agentes da criação cultural são os grupos sociais, e não os indivíduos isolados. Tal conceito está fundamentado em que a obra cultural está relacionada homologamente com a realidade econômica e social da época em que foi produzida.
Vamos analisar tal fato por meio de uma observação prática, muito importante para os acadêmicos que cursam a disciplina de sociologia. Há um interesse muito grande por parte da população em assistir novelas veiculadas pela televisão no horário nobre. Usando tal análise a partir da economia capitalista, pode-se perceber que as estruturas do mercado entranham o fenômeno do desaparecimento do qualitativo dos objetos, para ser substituída por uma relação com os valores de troca meramente quantitativos. Tal processo envolve uma transformação da consciência dos grupos em simples reflexo passivo do mundo da economia. Esta estrutura da consciência, reflexo do econômico, é homóloga à estrutura da novela. Os atores, que, em seus comportamentos e valores, vivem o qualitativo (equivalente ao valor de uso) não podem expressar estes valores autênticos num mundo no qual se impõe a relação quantitativa (valor de troca). A novela é fruto do compromisso entre o mundo artístico e as estruturas da sociedade, num determinado momento histórico. Tal análise não está direcionada a avaliar o modo de interpretação artística (notadamente cultural) senão de examinar o método, que pode ser resumido da seguinte maneira: a novela, forma literária que permite a descrição do trivial, vivido cotidianamente, constrói um modelo de infraestrutura econômica do tipo de sociedade no qual domina a forma literária novelesca, e descobre seu homólogo estrutural.
A partir desta homologia, configura-se a existência de uma relação complexa e causal entre o econômico e o cultural, havendo uma retroação do cultural sobre o econômico, através de sua ação sobre a consciência coletiva na vida do cotidiano. O papel da sociologia na construção do pensamento acadêmico tem como finalidade fazer um estudo crítico da realidade social; em captar-la no só do ponto de vista do “modelo”, senão também sob o aspecto da prática e dinamismo da própria sociedade.
Victor Alberto Danich - Sociólogo

Nenhum comentário:

Postar um comentário