No meio de uma crise brutal, iniciada em 2008, milhões de trabalhadores gregos que foram à greve geral recentemente, gritavam nas ruas de Atenhas: “Nós não pagaremos”. Qual seria a razão de suas reivindicações? Estariam compelidos por um novo tipo de revolta social? Que forças ocultas provocaram tais manifestações? Talvez a resposta esteja no agravamento da dívida pública dos governos, neste caso, daqueles que fazem parte da comunidade européia, diretamente ligados à crise que afeta Grécia.
A dívida pública não é somente o endividamento bruto do conjunto das administrações públicas. Também fazem parte deste conjunto os compromissos financeiros que as instituições governamentais devem, em princípio, reembolsar a seus credores, pagando interesses. Em todos estes anos de liberalização financeira e cambial, sob o efeito das diferentes recessões econômicas provocadas pelo modelo neoliberal, às finanças públicas se deterioraram de forma assustadora. A dívida pública, portanto, vincula-se estreitamente à crise estrutural do capitalismo desde a década de 1970, que evidencia sua face perversa nesta crise atual. Vamos desvendar um pouco da trama desse turbilhão global.
Uma visão geral do processo de globalização econômica, nos mostra, de forma clara, que a concentração geográfica da especulação financeira, provoca uma concentração de renda abismal, tanto nas sociedades ricas como pobres, aumentando a miséria da maior parte dos habitantes da periferia e, ao mesmo tempo, empobrecendo partes significativas da população dos países centrais. Processos de depredação, ruína de sociedades e aparatos estatais, desemprego, financeirização e concentração de negócios causaram uma crescente desordem mundial, encoberta por uma teia de conceituações triunfalistas, entre elas o endeusamento da “racionalidade do mercado financeiro”. Nessa parafernália econômica, o agravamento das dívidas públicas não está vinculado a um aumento “incontrolado” das despesas públicas, mas sim a uma redução relativa dos rendimentos públicos, que se refletem na diminuição dos impostos aos mais ricos e as grandes empresas capitalistas multinacionais, desonerando desse modo as operações financeiras globais. Tal política termina beneficiando diretamente os especuladores de plantão, que permite realizar uma operação milagrosa. Por arte de mágica, estes senhores convertem-se nos credores do Estado.
Desse modo, os bancos nos quais os especuladores colocam seus ganhos, compram títulos da dívida pública, e, os impostos não pagos – que são na verdade uma evasão fiscal legal – termina-se convertendo num capital financeiro direcionado a atender interesses parasitários, longe das atividades produtivas. São os trabalhadores assalariados que terminam pagando aqueles impostos, reconduzindo a riqueza social em favor dos ricos. A Grécia tornou-se o terreno de prova para as políticas neoliberais de austeridade da União Européia e suas instituições financeiras, usando a justificativa da dívida pública como instrumento de ataque contra os trabalhadores gregos. Não apenas isso, quando os bancos foram salvos pelos governos em 2008, aproveitaram a oportunidade para comprar bônus do Tesouro com o dinheiro outorgado por estes. Mais ainda, usaram-no para transferir liquidez a suas filiais para ganhar sobre a dívida pública dos governos, especulando descaradamente contra seus próprios benfeitores. O poder financeiro, fachada atemporal que desonera o comportamento antiético de seus dirigentes, e que impõe, sem dor, às massas assalariadas a responsabilidade do pagamento do serviço do conjunto da dívida, é o responsável direto do grito desesperado dos trabalhadores nas ruas da capital grega. Tal precedente, importante para os homens livres deste planeta, serve para esboçar uma nova forma de pensar, cujo horizonte não seria a sociedade luxuosa do primeiro mundo, mas um modelo solidário e economicamente sustentável, no qual, o ser humano produtivo seja seu protagonista principal.
A dívida pública não é somente o endividamento bruto do conjunto das administrações públicas. Também fazem parte deste conjunto os compromissos financeiros que as instituições governamentais devem, em princípio, reembolsar a seus credores, pagando interesses. Em todos estes anos de liberalização financeira e cambial, sob o efeito das diferentes recessões econômicas provocadas pelo modelo neoliberal, às finanças públicas se deterioraram de forma assustadora. A dívida pública, portanto, vincula-se estreitamente à crise estrutural do capitalismo desde a década de 1970, que evidencia sua face perversa nesta crise atual. Vamos desvendar um pouco da trama desse turbilhão global.
Uma visão geral do processo de globalização econômica, nos mostra, de forma clara, que a concentração geográfica da especulação financeira, provoca uma concentração de renda abismal, tanto nas sociedades ricas como pobres, aumentando a miséria da maior parte dos habitantes da periferia e, ao mesmo tempo, empobrecendo partes significativas da população dos países centrais. Processos de depredação, ruína de sociedades e aparatos estatais, desemprego, financeirização e concentração de negócios causaram uma crescente desordem mundial, encoberta por uma teia de conceituações triunfalistas, entre elas o endeusamento da “racionalidade do mercado financeiro”. Nessa parafernália econômica, o agravamento das dívidas públicas não está vinculado a um aumento “incontrolado” das despesas públicas, mas sim a uma redução relativa dos rendimentos públicos, que se refletem na diminuição dos impostos aos mais ricos e as grandes empresas capitalistas multinacionais, desonerando desse modo as operações financeiras globais. Tal política termina beneficiando diretamente os especuladores de plantão, que permite realizar uma operação milagrosa. Por arte de mágica, estes senhores convertem-se nos credores do Estado.
Desse modo, os bancos nos quais os especuladores colocam seus ganhos, compram títulos da dívida pública, e, os impostos não pagos – que são na verdade uma evasão fiscal legal – termina-se convertendo num capital financeiro direcionado a atender interesses parasitários, longe das atividades produtivas. São os trabalhadores assalariados que terminam pagando aqueles impostos, reconduzindo a riqueza social em favor dos ricos. A Grécia tornou-se o terreno de prova para as políticas neoliberais de austeridade da União Européia e suas instituições financeiras, usando a justificativa da dívida pública como instrumento de ataque contra os trabalhadores gregos. Não apenas isso, quando os bancos foram salvos pelos governos em 2008, aproveitaram a oportunidade para comprar bônus do Tesouro com o dinheiro outorgado por estes. Mais ainda, usaram-no para transferir liquidez a suas filiais para ganhar sobre a dívida pública dos governos, especulando descaradamente contra seus próprios benfeitores. O poder financeiro, fachada atemporal que desonera o comportamento antiético de seus dirigentes, e que impõe, sem dor, às massas assalariadas a responsabilidade do pagamento do serviço do conjunto da dívida, é o responsável direto do grito desesperado dos trabalhadores nas ruas da capital grega. Tal precedente, importante para os homens livres deste planeta, serve para esboçar uma nova forma de pensar, cujo horizonte não seria a sociedade luxuosa do primeiro mundo, mas um modelo solidário e economicamente sustentável, no qual, o ser humano produtivo seja seu protagonista principal.
Victor Alberto Danich
Sociólogo