O pensador econômico Karl Marx foi um reformulador das teorias do valor-trabalho de Ricardo e Smith, conceituando o valor de uso de acordo com sua utilidade. Dessa forma, podemos dizer que uma mercadoria tem “valor de uso” se for consumida. Nisso encontra-se o enigma de qualquer modelo econômico. Os economistas neoliberais sempre estiveram preocupados em esconder tal condicionante, que está centrado na seguinte premissa: Toda atividade econômica de uma sociedade deve estar direcionada para atender as necessidades sociais. Por que tal propensão ao obscurantismo ideológico destas últimas décadas?
Porque o ciclo neoliberal está associado às relações econômicas, sociais e ideológicas na qual o mercado tomou conta do planeta como unidade de fato, onde sobrevivem os mais aptos, levando-os a extremos no qual muito poucos prosperam. E isso não é feito mediante a produção ou o comércio, que são os únicos meios de criar riquezas, senão mediante a pura especulação. Através dessa configuração, o modelo vampiriza cadeias alheias de valor agregado, fazendo com que as novas classes ricas tendam a transformar-se numa oligarquia parasitária, que pensa nos agentes econômicos com servos, e não como consumidores. Tal modelo econômico teve na prática uma vida curta, entrando na sua etapa senil no final de 2009. Em todos esses anos não houve riqueza produzida em quantidade suficiente para atender o crescimento mundial. O que houve foi uma monumental armadilha financeira que enriqueceu de forma brutal uma pequena elite de especuladores globais. A tristeza desse final de espetáculo foi observar a ação dos governos salvando a pele dos criminosos e, o que é pior, socializando as perdas entre os verdadeiros criadores da riqueza, que são os trabalhadores. O presidente Lula, por seu passado operário, por sua trajetória de mobilidade social admirável, e por sua inesgotável capacidade política, já previra o desenlace. Por isso colocou toda sua integridade em risco ao dizer, em plena crise global: “Não devemos ter medo da crise. Se os trabalhadores são estimulados a consumir, os investimentos privados crescem, o consumo aumenta e a atividade econômica da sociedade continua”. Palavras de um iluminado? Não, apenas o bom senso de um presidente. O olhar cético para um mandatário sem diploma se transformou numa homenagem que nunca existiu até agora. O Fórum Mundial em Davos, fazendo humildemente seu “mea culpa”, presenteou o presidente do Brasil Luiz Inácio da Silva, com a honra máxima de “Estadista Global” por sua contribuição a economia mundial. O discurso do presidente, transmitido pelo ministro Celso Amorin, condensou o pensamento vigente no fórum – mudança profunda na ordem econômica, de forma a privilegiar a produção e não a especulação – e arremata: "É hora de reinventar o mundo e suas instituições."
Victor Alberto Danich
Sociólogo
Porque o ciclo neoliberal está associado às relações econômicas, sociais e ideológicas na qual o mercado tomou conta do planeta como unidade de fato, onde sobrevivem os mais aptos, levando-os a extremos no qual muito poucos prosperam. E isso não é feito mediante a produção ou o comércio, que são os únicos meios de criar riquezas, senão mediante a pura especulação. Através dessa configuração, o modelo vampiriza cadeias alheias de valor agregado, fazendo com que as novas classes ricas tendam a transformar-se numa oligarquia parasitária, que pensa nos agentes econômicos com servos, e não como consumidores. Tal modelo econômico teve na prática uma vida curta, entrando na sua etapa senil no final de 2009. Em todos esses anos não houve riqueza produzida em quantidade suficiente para atender o crescimento mundial. O que houve foi uma monumental armadilha financeira que enriqueceu de forma brutal uma pequena elite de especuladores globais. A tristeza desse final de espetáculo foi observar a ação dos governos salvando a pele dos criminosos e, o que é pior, socializando as perdas entre os verdadeiros criadores da riqueza, que são os trabalhadores. O presidente Lula, por seu passado operário, por sua trajetória de mobilidade social admirável, e por sua inesgotável capacidade política, já previra o desenlace. Por isso colocou toda sua integridade em risco ao dizer, em plena crise global: “Não devemos ter medo da crise. Se os trabalhadores são estimulados a consumir, os investimentos privados crescem, o consumo aumenta e a atividade econômica da sociedade continua”. Palavras de um iluminado? Não, apenas o bom senso de um presidente. O olhar cético para um mandatário sem diploma se transformou numa homenagem que nunca existiu até agora. O Fórum Mundial em Davos, fazendo humildemente seu “mea culpa”, presenteou o presidente do Brasil Luiz Inácio da Silva, com a honra máxima de “Estadista Global” por sua contribuição a economia mundial. O discurso do presidente, transmitido pelo ministro Celso Amorin, condensou o pensamento vigente no fórum – mudança profunda na ordem econômica, de forma a privilegiar a produção e não a especulação – e arremata: "É hora de reinventar o mundo e suas instituições."
Victor Alberto Danich
Sociólogo
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