quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O PRINCÍPIO DA INCERTEZA

A espécie humana sempre esteve preocupada em conhecer o futuro ou, em todo caso, prever o que poderia acontecer com ele. Os astrólogos tentam convencer as pessoas de que os eventos na Terra têm a ver com as posições dos planetas no céu. Se seu futuro está repleto de oportunidades, ou o amor está batendo de forma irresistível na sua porta, são previsões que torna a astrologia tão popular como a mega-sena. Apesar das escassas possibilidades de acerto, sempre há uma alternativa ilusória para acreditar nelas. Mas os cientistas evitam cair na armadilha de teorias que não podem ser testadas pela experiência. Qual é a razão de tal desconfiança? Porque o determinismo científico não poderia validar tais hipóteses?
Essa preocupação foi expressa pela primeira vez no século XIX, pelo cientista francês marquês de Laplace, que acreditava que se fosse conhecida a velocidade de todas as partículas que existem no universo num determinado momento, as leis da física permitiriam prever o estado deste em qualquer instante do passado e do futuro. Se isso fosse válido, seriamos capazes de desvendar o futuro e, a astrologia, quanto o determinismo científico, fariam uma dupla sensacional. Sem qualquer conflito de caráter metodológico, a mística e a ciência entrariam em consenso.
Entretanto, na prática, tanto nas equações mais simples, como na teoria da gravidade de Newton ou, nas mais complexas, como da relatividade geral de Einstein, não há possibilidade de prever o comportamento das partículas, já que uma pequena mudança na posição ou velocidade destas, em determinado momento, provocaria um comportamento diferente em momentos futuros. As equações possuem uma propriedade conhecida como caos, no qual um distúrbio minúsculo num evento atual pode ocasionar uma mudança de comportamento no futuro. Uma borboleta batendo asas em Jaraguá do Sul poderia causar uma enchente na Indonésia. Porém, a seqüência do evento não se repetiria. Batendo as asas de novo, a borboleta provocará outra série de fenômenos diferentes do inicial. Nessa perspectiva, pode-se dizer que o determinismo científico perde validade perante o princípio da incerteza, que se expressa na impossibilidade de medir a posição e a velocidade de uma partícula ao mesmo tempo. Quanto maior a precisão na medição da posição das partículas, maior a dificuldade em determinar a velocidade das mesmas. Que dilema, não?
Por outro lado, a mecânica quântica nos oferece a possibilidade de vislumbrar a existência dos buracos negros, que interligam diferentes regiões do espaço-tempo em várias dimensões, que permitiria, em teoria, partir numa nave e retornar antes de iniciar a viagem. Isso resolveria o grau de incerteza. Poderíamos, por exemplo, usar para observar nossas mulheres. Diríamos para elas que estaríamos retornando na próxima semana e, na verdade, teríamos a possibilidade de vigiar a fidelidade delas de dentro do armário. Sem perder nossa auto-estima, é claro.
Victor Alberto Danich - Sociólogo

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