Se você estiver interessado em descobrir as verdades inconscientes da nossa espécie, entre num banheiro público. Não pode ser apenas de passagem, tem que ir preparado para realizar uma maratona de lasciva curiosidade. Se quiser continuar acreditando na nossa origem divina, não prossiga, olhe para cima, faça suas necessidades e saia sem olhar para trás. Lembre-se que isto é um exercício de cidadania apócrifa, já que o banheiro público é o único recinto onde se fala de Damas e Cavalheiros, apesar de que é justamente o lugar onde deixamos de sê-lo.
Não estou referindo-me a nossa intimidade privada, senão ao anonimato público, aquele que nos torna reféns dos nossos instintos não declarados. Se estiver a fim de continuar, observe o emaranhado de inscrições. Nas portas de madeira estão as melhores declarações. Imagino que olhando de frente para a porta, o sujeito sentado no vaso sanitário esteja aliciando seus pensamentos em função de um instante prazeroso. Não há nada de degradante nisso. O problema surge no momento em que a fase anal se deslancha em desenhos alusivos rabiscados na porta. Existe certo padrão nas inscrições, como se houvesse um acordo clandestino coletivo. Parte-se do elogio ao melhor time passando pela crítica violenta do torcedor contrário, com frases e expressões que deixaria vermelho ao pior dos exegetas. Na é apenas isso. Há também aqueles que oferecem seus atributos físicos ao ocupante anônimo, sinalizando com desenhos, o tamanho dos mesmos. Como um pacto tácito de interlocutores distantes, tais expressões libidinosas são adornadas, comentadas e enriquecidas com figuras que tentam dimensionar tais atributos com diferentes tipos de letras. E nos espaços livres que ainda ficam, à esquerda e a direita, acima e abaixo, com sinais e figuras anatômicas de dimensões extravagantes, há setas indicadoras mostrando números de telefone, com pedidos e ofertas para aqueles que estejam dispostos a realizar tal o qual fantasias sexuais, combinadas a façanhas masoquistas ou sádicas. Nesse irônico e insultante roteiro, existe a evidência textual de que há pessoas que gostam de participar do mesmo, seja apenas para apaziguar suas fantasias ou, em última instância, exercitar sua perversidade. Se por acaso, alguém disser que isso só pode ocorrer nos banheiros de rodoviárias, eu diria que não. Os devaneios eróticos nada têm a ver com classes sociais. A sociedade humana revela suas impurezas naquele lugar que muitos de nós já suspeitamos – o quarto de banheiro – que talvez seja o único sítio que ainda permaneça em estado filosófico puro.
Não estou referindo-me a nossa intimidade privada, senão ao anonimato público, aquele que nos torna reféns dos nossos instintos não declarados. Se estiver a fim de continuar, observe o emaranhado de inscrições. Nas portas de madeira estão as melhores declarações. Imagino que olhando de frente para a porta, o sujeito sentado no vaso sanitário esteja aliciando seus pensamentos em função de um instante prazeroso. Não há nada de degradante nisso. O problema surge no momento em que a fase anal se deslancha em desenhos alusivos rabiscados na porta. Existe certo padrão nas inscrições, como se houvesse um acordo clandestino coletivo. Parte-se do elogio ao melhor time passando pela crítica violenta do torcedor contrário, com frases e expressões que deixaria vermelho ao pior dos exegetas. Na é apenas isso. Há também aqueles que oferecem seus atributos físicos ao ocupante anônimo, sinalizando com desenhos, o tamanho dos mesmos. Como um pacto tácito de interlocutores distantes, tais expressões libidinosas são adornadas, comentadas e enriquecidas com figuras que tentam dimensionar tais atributos com diferentes tipos de letras. E nos espaços livres que ainda ficam, à esquerda e a direita, acima e abaixo, com sinais e figuras anatômicas de dimensões extravagantes, há setas indicadoras mostrando números de telefone, com pedidos e ofertas para aqueles que estejam dispostos a realizar tal o qual fantasias sexuais, combinadas a façanhas masoquistas ou sádicas. Nesse irônico e insultante roteiro, existe a evidência textual de que há pessoas que gostam de participar do mesmo, seja apenas para apaziguar suas fantasias ou, em última instância, exercitar sua perversidade. Se por acaso, alguém disser que isso só pode ocorrer nos banheiros de rodoviárias, eu diria que não. Os devaneios eróticos nada têm a ver com classes sociais. A sociedade humana revela suas impurezas naquele lugar que muitos de nós já suspeitamos – o quarto de banheiro – que talvez seja o único sítio que ainda permaneça em estado filosófico puro.
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