segunda-feira, 9 de novembro de 2009

HOMENS QUE FALAM DE HOMENS

Quando os homens se encontram no boteco para tomar cerveja e cultuar a boa vida, quase sempre a conversa deriva para algum comentário sobre mulheres. Não existe nada de estranho nisso, já que serve como estímulo para derrotar a tendência por parte da sociedade em restringir a vida sexual dos indivíduos. Então, falar sobre mulheres faz bem a libido, principalmente porque o trabalho de civilização tornou-se cada vez mais um assunto masculino. Por que digo isso? Porque o homem não dispõe de quantidades ilimitadas de energia psíquica, e, para compensar-se, forçosamente deve realizar suas tarefas efetuando uma distribuição conveniente de sua sexualidade. Aquilo que emprega para finalidades culturais ou de trabalho, em grande parte o extrai das mulheres e da vida sexual. Sua constante associação com outros homens e a dependência de seus relacionamentos com eles o alienam, e o que é pior, terminam prejudicando seu próprio comportamento sexual. A forma inconsciente de expressar tal mal-estar pode ser encontrada no conteúdo das piadas que ocorrem no universo masculino. Tal brincadeira de forte conotação libidinosa, a maioria das vezes está centrada no desempenho sexual do sujeito, ou em qualquer outro tipo de atributos que possam ser medidos como garantia de sua masculinidade. Para o indivíduo sexualmente maduro, a escolha de seu objeto está direcionada ao sexo oposto isento de proscrição, restringido por certas limitações, apresentadas sob a forma da legitimidade monogâmica. O que ocorre nesse caso, quando a configuração social está delimitada por esses condicionantes?
As limitações sexuais de alguns homens, tanto biológicas como culturais, os faz pensarem de que existe um único tipo de vida sexual para todos. Medem o desempenho dos outros a partir de sua própria experiência particular, sem levar em consideração as dessemelhanças. Não conseguem resistir em fazer burla ou desmerecer aqueles que conquistaram a mulher que faz parte de seus sonhos eróticos, e que por sua própria obviedade, não podem ser concretizados. Nesse caso, lhes resulta impossível que exista alguma qualidade no outro, usando como alternativa as eternas frases de desconcerto que fazem parte do jargão machista: Por que ele e eu não? Será que paga todas suas contas? Com certeza está se aproveitando dele, ou, muito pior: que será que viu nele?
Lembro-me da história do presidente americano Bill Clinton e seu caso com a estagiária Mônica. Sexo em lugares incomuns é muito mais corriqueiro do que imaginamos. Entretanto, o escândalo foi lançado, com escárnio na mídia, pelos políticos republicanos. Estes são os mais conservadores e menos, vamos dizer, sensuais nas suas aparições públicas. Não por acaso a maioria deles estão casados com mulheres insignificantes e feias. É possível que essa constatação sirva para explicar porque alguns homens tenham a capacidade de conquistar as mulheres mais desejadas.
Victor Alberto Danich – Sociólogo

Um comentário:

  1. .
    Falar vulgarmente de sexo e mulher entre homens é coisa de quem não tem segurança intima ou vida sexual ativa. Visto que, quem esta satisfeito geralmente não precisa provar nada para ninguém.

    Ou seja, inconscientemente ele se culpa pelo fracasso pessoal, e fala como que para compensar ou provar que gosta e entende da coisa.

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