O Presidente norte-americano Barak Obama, após um ano de intensos debates, conseguiu que fosse aprovada a reforma do sistema de saúde na Câmara dos Representantes do governo dos Estados Unidos. Esta casa legislativa é o equivalente à Câmara dos Deputados brasileira. A proposta foi aprovada por 219 votos contra 212. Ou seja, apenas por uma diferença de seis votos. Isso significa que há pessoas, no país mais rico do mundo, que não querem que uma parte de sua população tenha acesso à saúde subsidiada pelo governo. Uma nação que consome até quatro vezes o que o planeta produz em recursos, que se apropria das riquezas alheias por meio de guerras imperiais, é incapaz de olhar para mais de 45 milhões de norte-americanos que carecem de qualquer tipo de cobertura médica. Nós, brasileiros, que sempre estamos reclamando da nossa saúde, devemos agradecer de viver num país que nos oferece, apesar de suas infinitas dificuldades, um sistema público, universal e gratuito.
A lei que o herói Barack Obama deverá assinar não alcança ainda a cobertura universal da população, mas dimensiona o sistema de forma a incorporar 95 % desta. Grande parte destes cidadãos não dispõe de acesso a consultas, exames e tratamentos, que, dessa forma serão integrados na rede pública. A partir de 2014, o governo obrigará todos os adultos a ter um seguro de saúde subsidiado, ou através das apólices de grupo oferecidas pelos empregadores. As famílias que tenham rendimentos superiores ao limiar da pobreza, mas que não possuam recursos suficientes para suportar os custos dos seguros, terão acesso a subsídios governamentais. Mais ainda, as pequenas e médias empresas que cobrirem os seus funcionários serão recompensadas com créditos fiscais. Tudo isso significa um avanço extraordinário para a saúde daquele país, conquista que a maioria dos governos do mundo, é bom saber, já incorporaram no século passado através de políticas públicas. Não precisamos ir muito longe, é só olhar para Cuba.
Apesar do conteúdo histórico da lei, os setores mais conservadores criticam a reforma por tornar a assistência médica “mais burocrática e cara”, além de que o projeto aumentaria o tamanho do estado, assim como seu controle sobre o sistema de saúde. Tais manifestações tem uma longa história retórica, que raiavam na histeria de imaginar que a saúde universal levaria à implantação de práticas socialistas. Medicina socializada, o que é isso? – exclamavam os congressistas republicanos – estão atacando nossa liberdade de escolha para atender a quem quisermos. Desesperados, questionavam que o país ia rumo ao comunismo. Semelhante ato falho disfarçava o interesse de ganhar muito dinheiro “escolhendo” aqueles que pudessem pagar. Não apenas isso, os lobbies das empresas de plano de saúde fizeram oposição ferrenha ao projeto, já que as mesmas, criadas durante o governo republicano de Richard Nixon, foram dimensionadas para lucrar com a saúde humana, e não para preveni-la. Com a nova lei, tais planos se verão obrigados a restringir suas práticas abusivas, como recusar a tratar pessoas com doenças pré-existentes, entre outras. O capitalismo norteamericano funciona como o vírus da AIDS, reproduzindo-se na sua própria doença. Vou explicar por que. Enquanto onze estados norte-americanos anunciavam que entrarão com recursos judiciais para contestar a constitucionalidade da reforma, as ações do setor de saúde faziam a festa na Bolsa de Valores através de seus operadores. Nesse mesmo dia, o índice Morgan Stanley das seguradoras de saúde, registrava alta de 1,9 %, superando o mercado geral, e as grandes seguradoras WellPoint Inc. e UnitedHealth Group subiam perto de 1 %. Não se assuste prezado leitor, o sistema funciona assim, basta entende-lo. Nada melhor do que a alegoria da lenda que conta a história daquele capitalista, que, enquanto estava sendo enforcado, negociava a venda da corda com seu verdugo, até o último suspiro.
A lei que o herói Barack Obama deverá assinar não alcança ainda a cobertura universal da população, mas dimensiona o sistema de forma a incorporar 95 % desta. Grande parte destes cidadãos não dispõe de acesso a consultas, exames e tratamentos, que, dessa forma serão integrados na rede pública. A partir de 2014, o governo obrigará todos os adultos a ter um seguro de saúde subsidiado, ou através das apólices de grupo oferecidas pelos empregadores. As famílias que tenham rendimentos superiores ao limiar da pobreza, mas que não possuam recursos suficientes para suportar os custos dos seguros, terão acesso a subsídios governamentais. Mais ainda, as pequenas e médias empresas que cobrirem os seus funcionários serão recompensadas com créditos fiscais. Tudo isso significa um avanço extraordinário para a saúde daquele país, conquista que a maioria dos governos do mundo, é bom saber, já incorporaram no século passado através de políticas públicas. Não precisamos ir muito longe, é só olhar para Cuba.
Apesar do conteúdo histórico da lei, os setores mais conservadores criticam a reforma por tornar a assistência médica “mais burocrática e cara”, além de que o projeto aumentaria o tamanho do estado, assim como seu controle sobre o sistema de saúde. Tais manifestações tem uma longa história retórica, que raiavam na histeria de imaginar que a saúde universal levaria à implantação de práticas socialistas. Medicina socializada, o que é isso? – exclamavam os congressistas republicanos – estão atacando nossa liberdade de escolha para atender a quem quisermos. Desesperados, questionavam que o país ia rumo ao comunismo. Semelhante ato falho disfarçava o interesse de ganhar muito dinheiro “escolhendo” aqueles que pudessem pagar. Não apenas isso, os lobbies das empresas de plano de saúde fizeram oposição ferrenha ao projeto, já que as mesmas, criadas durante o governo republicano de Richard Nixon, foram dimensionadas para lucrar com a saúde humana, e não para preveni-la. Com a nova lei, tais planos se verão obrigados a restringir suas práticas abusivas, como recusar a tratar pessoas com doenças pré-existentes, entre outras. O capitalismo norteamericano funciona como o vírus da AIDS, reproduzindo-se na sua própria doença. Vou explicar por que. Enquanto onze estados norte-americanos anunciavam que entrarão com recursos judiciais para contestar a constitucionalidade da reforma, as ações do setor de saúde faziam a festa na Bolsa de Valores através de seus operadores. Nesse mesmo dia, o índice Morgan Stanley das seguradoras de saúde, registrava alta de 1,9 %, superando o mercado geral, e as grandes seguradoras WellPoint Inc. e UnitedHealth Group subiam perto de 1 %. Não se assuste prezado leitor, o sistema funciona assim, basta entende-lo. Nada melhor do que a alegoria da lenda que conta a história daquele capitalista, que, enquanto estava sendo enforcado, negociava a venda da corda com seu verdugo, até o último suspiro.
Victor Alberto Danich
Sociólogo