Em princípio, quero parabenizar o economista e professor Sergio Sebold pelo artigo “Barriga vazia não gera PIB”, publicado no painel do leitor do jornal O Correio do Povo no dia 10/02/2011. Nele refere-se aos novos augúrios de um mundo sem comida, no qual a falácia neoliberal inaugura o fantasma da fome como nova saída para perpetuar-se numa pretensa sobrevida. A crítica bem fundamentada deste economista, leva-nos a pensar de que forma os cientistas sociais enfrentam as mistificações colosais com aqueles que mostram sua complacência ou cumplicidade, que faz deles co-autores do neoliberalismo e suas mais variadas formas de mentir, fantasiar, enganar e falsificar. A mudança pelos intelectuais do mais monstruoso projeto histórico do capitalismo num projeto aceitável para todos, deve ser feito com o risco de que a sociedade, num primeiro momento, não entenda seu conteúdo real, senão longos anos depois. Tal iniciativa deve configurar-se como um processo no qual o cientista social tenha a obrigação de denunciar e desestruturar tal modelo, submetendo-o a uma teoria explícita que seja capaz de construir alternativas dignas para a sobrevivência da própria sociedade.
A luta contra a fome envolve uma série de condicionantes históricos diretamente ligados a ela. Quando um país vive numa situação de miséria, pode-se dizer que, praticamente, todas essas causas são resultado, na sua origem, da fome de seus habitantes. Outras dependem da situação do próprio país, como as desigualdades sociais, o regime de monocultura, os conflitos armados e as relações de troca entre os diversos países, principalmente quando a economia encontra-se sob o controle das multinacionais, que são organizações que tem condições de realizar operações globais, sem a intervenção do estado ou qualquer outro tipo de controle. Daí a importância da transformação da geografia econômica mundial, de modo que os países em desenvolvimento mudem seu lugar no mundo. O Brasil, assim como um novo grupo de países, começam a ter uma maior capacidade de articulação na Organização Mundial do Comércio, no Fundo Monetário Internacional e na própria Nações Unidas. O protagonismo dessa iniciativa parte da construção de coalizões que vão além das relações tradicionais, especialmente aqueles mecanismos de diálogo e concertação no aprofundamento da integração sul-americana. A intensa relação com os parceiros vizinhos, consolidada através do acordo MERCOSUL e Comunidade Andina, propicia uma região de livre comércio envolvendo toda América do Sul, além da respectiva integração física que levou á criação da União das Nações Sul-americanas – UNASUL. Nada mais estratégico para transformar os países ao sul do Rio Bravo no novo celeiro do mundo. Entretanto, depois do fracasso econômico, o modelo neoliberal ressuscita uma nova arma: a falta de alimentos. Tal circunstância nos alerta que tal modelo deixa-nos a herança de uma sociedade profundamente desgarrada, com graves problemas para reconstituir-se desde o ponto de vista da integração social, agredindo constantemente ao conceito e a prática da cidadania. O conjunto de direitos e habilitações que a cidadania nos confere, resultado de árduas lutas democráticas das maiorias populares, ficou desmantelado pelas políticas econômicas e sociais que excluem de seu exercício efetivo a grandes setores da população. A “democratização” ganha espaço na retórica dos discursos, mas essas mesmas políticas econômicas negam o próprio exercício da cidadania. Quem não tem casa nem comida, quem está desempregado, nunca poderá exercer os direitos que, por princípio, a democracia deve conceder a todos por igual. Hoje, torna-se necessário desenhar uma estratégia de longa duração, de forma a revigorar os ideais humanistas, num momento em que o capitalismo se reconverte num sentido reacionário e regressivo. O intelectual comprometido com a justiça social deve estar sempre presente na sua contribuição para a derrota total do liberalismo econômico. Principalmente, na sua derrota moral.
A luta contra a fome envolve uma série de condicionantes históricos diretamente ligados a ela. Quando um país vive numa situação de miséria, pode-se dizer que, praticamente, todas essas causas são resultado, na sua origem, da fome de seus habitantes. Outras dependem da situação do próprio país, como as desigualdades sociais, o regime de monocultura, os conflitos armados e as relações de troca entre os diversos países, principalmente quando a economia encontra-se sob o controle das multinacionais, que são organizações que tem condições de realizar operações globais, sem a intervenção do estado ou qualquer outro tipo de controle. Daí a importância da transformação da geografia econômica mundial, de modo que os países em desenvolvimento mudem seu lugar no mundo. O Brasil, assim como um novo grupo de países, começam a ter uma maior capacidade de articulação na Organização Mundial do Comércio, no Fundo Monetário Internacional e na própria Nações Unidas. O protagonismo dessa iniciativa parte da construção de coalizões que vão além das relações tradicionais, especialmente aqueles mecanismos de diálogo e concertação no aprofundamento da integração sul-americana. A intensa relação com os parceiros vizinhos, consolidada através do acordo MERCOSUL e Comunidade Andina, propicia uma região de livre comércio envolvendo toda América do Sul, além da respectiva integração física que levou á criação da União das Nações Sul-americanas – UNASUL. Nada mais estratégico para transformar os países ao sul do Rio Bravo no novo celeiro do mundo. Entretanto, depois do fracasso econômico, o modelo neoliberal ressuscita uma nova arma: a falta de alimentos. Tal circunstância nos alerta que tal modelo deixa-nos a herança de uma sociedade profundamente desgarrada, com graves problemas para reconstituir-se desde o ponto de vista da integração social, agredindo constantemente ao conceito e a prática da cidadania. O conjunto de direitos e habilitações que a cidadania nos confere, resultado de árduas lutas democráticas das maiorias populares, ficou desmantelado pelas políticas econômicas e sociais que excluem de seu exercício efetivo a grandes setores da população. A “democratização” ganha espaço na retórica dos discursos, mas essas mesmas políticas econômicas negam o próprio exercício da cidadania. Quem não tem casa nem comida, quem está desempregado, nunca poderá exercer os direitos que, por princípio, a democracia deve conceder a todos por igual. Hoje, torna-se necessário desenhar uma estratégia de longa duração, de forma a revigorar os ideais humanistas, num momento em que o capitalismo se reconverte num sentido reacionário e regressivo. O intelectual comprometido com a justiça social deve estar sempre presente na sua contribuição para a derrota total do liberalismo econômico. Principalmente, na sua derrota moral.
Victor Alberto Danich
Sociólogo