Durante muito tempo o povo brasileiro se alimentou de frases feitas para sentenciar qualquer tipo de evento vinculado ao comportamento humano. Os mais intelectualizados citam filósofos gregos para discutir os caminhos da ética e seus limites. Outros, sem esconder o fascínio que lhes produz o império americano, recorrem aos provérbios e citações carregados de clichês de seus sucessivos presidentes, desde Abraham Lincoln até aqueles que permearam durante décadas o imaginário coletivo latinoamericano, sedimentados em grupos com profundo complexo de “vira latas”, incapazes de sentir orgulho de seus heróis nativos.
Não vou negar minha antipatia pelo imperialismo cultural, porém, vou aproveitar este enlace para relembrar parte do discurso de posse do falecido presidente norteamericano Ronald Reagan em 1981: “Na atual crise, o Estado não é a solução para nosso problema; o Estado é o problema”. A partir dessa conceituação, tal senhor assentou as bases de um modelo econômico mundial que, perante seu fracasso incontestável, encaminhou-se na direção de seu próprio suicídio. O capitalismo revisitado tal vez seja a única opção de sobrevivência. A falsidade da frase presidencial encontra-se exatamente no seu contrário: “O Estado não é o problema, o Estado é a solução”.
Como iniciativa de socialização política, o liberalismo volta a colapsar historicamente, no sentido de ser oficializado como modelo organizador da sociedade, principalmente por sua incapacidade de gerenciar o mercado. Nisso consiste a atual crise do capitalismo, marcado pelo fracasso de sua proposta civilizatória, pela fraqueza de seus princípios e pela contradição de suas instituições. O caso norteamericano é um exemplo do esgotamento dos incentivos financeiros injetados nos países ricos de forma a atenuar a crise, da qual o próprio mercado desregulado é o culpável. Em 2009, o governo federal dos Estados Unidos teve um déficit fiscal de 1,5 trilhões de dólares, sendo que a Reserva Federal teve que gastar 1,5 trilhões de dólares para comprar dívidas de hipotecas, de modo a evitar o colapso do mercado. Tais políticas de estímulo para salvar o mundo capitalista de bancarrota estão cercadas por sua própria ineficiência. A explosão da dívida pública grega, não só afeta os países devedores mais vulneráveis, mas também os seus principais credores, principalmente na acumulação de ativos de crédito-lixo. Desse modo, o Estado termina comprometendo sua generosidade através das únicas opções possíveis, cortes de gastos, reduções salariais, aumentos nas taxas de juros, contração produtiva e estagnação econômica, atendendo assim as exigências dos credores globais. O pretenso modelo autorregulatorio neoliberal se desmorona na sua própria construção ideológica. Não estamos falando da volta ao século passado, quando as crises eram resolvidas de forma autoritária através da intervenção e regulação por parte do Estado todo-poderoso. No entanto, como alternativa, pode-se recorrer a medidas políticas adotadas por alguns governos latinoamericanos, que conseguiram ultrapassar a crise e criar novos horizontes econômicos para um futuro sustentável.
Victor Alberto Danich
Sociólogo
Não vou negar minha antipatia pelo imperialismo cultural, porém, vou aproveitar este enlace para relembrar parte do discurso de posse do falecido presidente norteamericano Ronald Reagan em 1981: “Na atual crise, o Estado não é a solução para nosso problema; o Estado é o problema”. A partir dessa conceituação, tal senhor assentou as bases de um modelo econômico mundial que, perante seu fracasso incontestável, encaminhou-se na direção de seu próprio suicídio. O capitalismo revisitado tal vez seja a única opção de sobrevivência. A falsidade da frase presidencial encontra-se exatamente no seu contrário: “O Estado não é o problema, o Estado é a solução”.
Como iniciativa de socialização política, o liberalismo volta a colapsar historicamente, no sentido de ser oficializado como modelo organizador da sociedade, principalmente por sua incapacidade de gerenciar o mercado. Nisso consiste a atual crise do capitalismo, marcado pelo fracasso de sua proposta civilizatória, pela fraqueza de seus princípios e pela contradição de suas instituições. O caso norteamericano é um exemplo do esgotamento dos incentivos financeiros injetados nos países ricos de forma a atenuar a crise, da qual o próprio mercado desregulado é o culpável. Em 2009, o governo federal dos Estados Unidos teve um déficit fiscal de 1,5 trilhões de dólares, sendo que a Reserva Federal teve que gastar 1,5 trilhões de dólares para comprar dívidas de hipotecas, de modo a evitar o colapso do mercado. Tais políticas de estímulo para salvar o mundo capitalista de bancarrota estão cercadas por sua própria ineficiência. A explosão da dívida pública grega, não só afeta os países devedores mais vulneráveis, mas também os seus principais credores, principalmente na acumulação de ativos de crédito-lixo. Desse modo, o Estado termina comprometendo sua generosidade através das únicas opções possíveis, cortes de gastos, reduções salariais, aumentos nas taxas de juros, contração produtiva e estagnação econômica, atendendo assim as exigências dos credores globais. O pretenso modelo autorregulatorio neoliberal se desmorona na sua própria construção ideológica. Não estamos falando da volta ao século passado, quando as crises eram resolvidas de forma autoritária através da intervenção e regulação por parte do Estado todo-poderoso. No entanto, como alternativa, pode-se recorrer a medidas políticas adotadas por alguns governos latinoamericanos, que conseguiram ultrapassar a crise e criar novos horizontes econômicos para um futuro sustentável.
Victor Alberto Danich
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