Os acontecimentos destas últimas semanas deixaram exasperados os corações daqueles que estão de plantonistas esperando notícias chocantes. E realmente aconteceu mesmo. O episódio que envolveu Lula, Maluf, Erundina e o candidato Fernando Haddad ganhou um amplo destaque na mídia, bem ao gosto do pasquim Veja, que não perdeu um segundo para exaltar com magnificência negativa tal aliança bizarra. A desistência de Luiza Erundina cumpriu um papel pedagógico nessa composição, e pode-se dizer que merece a admiração de todos os eleitores brasileiros por sua coerência ideológica. Desculpe-me Lula, mas apertar a mão de um inimigo histórico é demais para meu elaborado pragmatismo. Mesmo assim, como sociólogo, eu entendo o que deve significar ser finalmente reconhecido como figura emblemática. Pena que isso seja usado pelo eterno “estelionatário político” para se reinventar a custa do prestígio do ex-presidente. Será que valeu a pena perder a dignidade política por um minuto e meio a mais de propaganda eleitoral? Com isto, meus amigos da oposição ao governo vão ficar felizes comigo. Vamos curtir vários chopes abraçados. No entanto, já que a Veja evita destacar com manchetes os fatos correlatos, vou tentar ampliar o panorama dessa corrida pelo poder. Durante as negociações, as hostes malufistas resistiram ao assédio do PSDB, comandados por Serra-Alckmin, que oferecia cargos no governo paulista, e se inclinaram pela aliança com o PT, em troca de assento no governo federal. Por outro lado, devemos lembrar que o Partido Progressista faz parte da base aliada do governo, o que justificaria essa aliança em São Paulo. Pode?
A mídia pode. Pode surrupiar algumas coisas importantes com o que segue. A revista Veja, que foi a principal denunciante do ex-ministro dos Esportes Orlando Silva, com a matéria intitulada “Ministro recebia dinheiro na garagem”, da edição de 13 de outubro de 2011, assinada por Rodrigo Rangel, teve a assistência esmerada do editor chefe do semanário em Brasília, Policarpo Junior, na construção do texto citado. Justamente os mesmos jornalistas detectados pelas escutas telefônicas como participantes dos esquemas do bicheiro Carlinhos Cachoeira. É bom recordar a reportagem, caros leitores. Ambos deram seis páginas para o suspeito e acusador da Polícia Militar João Dias e apenas oito linhas para a defesa de Orlando Silva. Estimado assinante, vou dar a notícia que a revista omite descaradamente. No dia 12 de junho de 2012, a Comissão de Ética, por absoluta falta de provas, arquivou o processo contra o ex-ministro. O caso era baseado na denuncia de João Dias, que acusou Orlando de ter recebido dinheiro ilegal de ONGs. Naquela época, no Congresso, o ex-senador Demóstenes Torres era o maior detrator de Orlando Silva. Que ironia.
Victor Alberto Danich
Sociólogo
Siempre es igual, aquí como en Brasil, acusan sin pruebas. Si no fuera por los poderes multimediáticos, la oposición al PT, estaría chupando naranjas...besos mi hermano!
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