sexta-feira, 17 de junho de 2011

A RECONSTRUÇÃO DO PODER

Um dos maiores interrogantes manifestados pelos poucos intelectuais que ainda sobrevivem ao ataque neoliberal é definir o lugar do indivíduo na sua relação com a natureza, principalmente aquele que discute o significado do trabalho na vida individual e social. A redefinição dos critérios de progresso e desenvolvimento deve estabelecer uma escala de prioridades, que promova novos vínculos éticos, sociais e culturais, de modo a superar o estreito espaço da racionalidade e do reducionismo linear. Tal construção intelectual no deve se expressar apenas no mundo das ideias platônicas, senão da disputa concreta de interesses, enfrentando a uma oligarquia mundial disposta a perpetuar-se por meio de todas as artimanhas disponíveis. Tal proposta conduze-nos ao tema do Estado como nação soberana. O que significa isso para nós, cidadãos brasileiros?
A matriz histórica desde Getúlio Vargas, sempre contemplou um forte vínculo entre Estado e Povo, cuja doutrina vertia quase que implicitamente a fusão de seus componentes, no qual um dependia fortemente do outro. O Estado cumpria um papel referencial para todas as ações coletivas, chegando, segundo seus mais furiosos críticos, muito além do limite paternalista que amolecia a iniciativa social. Entretanto, nestes últimos tempos dificilmente se escutam discursos que levantem a necessidade deste vínculo. O que impera de forma devastadora é a retórica que tenta impor ideologicamente a autonomia da sociedade civil em relação ao Estado. Mas esta nova forma de atuação política, confrontado Estado e Povo, terminaram por desnudar a debilidade da sociedade civil perante o mercado, que terminou impondo-lhe sua lógica. Nessa nova discussão que ressurge após o fracasso do estelionato neoliberal, devemos pensar se somos capazes de ajudar a reconstruir um Estado que tenha o suficiente poder em afiançar-se como uma ferramenta para a proteção e promoção dos interesses populares.
Ao contrario do que o neoliberalismo sustentava, que diminuir o Estado era aumentar a nação, na realidade é exatamente o contrário, fortalecer o Estado é fortalecer a nação. Os laços estreitos entre Estado e Povo devem constituir-se na muralha contra o vínculo sociedade civil – mercado, no qual sempre a primeira sai perdendo. A prática da democracia só pode acontecer no seio do Estado efetivo, porque o regime político democrático encontra-se assentado nessa premissa. A democratização deve ser entendida não apenas como as regras formais de gestão da vida política através dos meios que correspondem a um Estado de direito, respeitoso do pluripartidarismo, senão também na construção das relações democráticas no âmbito da vida social. Dito em outras palavras, a condição necessária para corrigir o atual sistema de dominação transnacional, é a efetiva construção de uma democracia participativa, na qual interatuem os partidos políticos, movimentos e organizações populares, e qualquer outra forma de reivindicação enquanto esta não seja contrária aos interesses comunitários. É assim que o poder do povo deve ser reconstruído para que o país ganhe o status de nação soberana.
Victor Alberto Danich
Sociólogo

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