Juro que tentei me policiar para não escrever crônicas geopolíticas. Desculpem-me, não consegui resistir, ao menos desta vez. Ao ler que a reativação da IV Frota dos Estados Unidos coincide com as descobertas das riquezas do pré-sal, me leva a pensar que nossos amigos agem em conformidade com as empresas petrolíferas que estão de olho no nosso litoral. O medo destes mercadores sem pátria reside em que a Petrobrás monopolize a província petrolífera do pré-sal, transformando-se numa poderosa estatal. A Petrobrás faz 30 anos que está pesquisando toda a área com grandes dificuldades geológicas porque a camada de sal mascarava os levantamentos sísmicos. Com as novas tecnologias, a empresa pôde identificar com mais precisão o local adequado para a sondagem pioneira. Perfurou o primeiro poço com o custo de US$ 260 milhões, com altos riscos, e achou o petróleo que seus técnicos esperavam. Fez isto tudo sozinha. Por que entregar para os outros em função do atual marco regulatório que fere nossa soberania? Se no mundo todo, onde existe produção em águas profundas, os royalties foram abolidos sob os argumentos de alto risco e elevado investimento, por que então as multinacionais do petróleo e a Agência Internacional de Energia (AIE) criticam os projetos de mudança na lei do petróleo, alertando o país da necessidade de investimentos estrangeiros para explorar o pré-sal? A questão principal é a propriedade do petróleo e a participação na produção. Nesse caso, a participação da União deveria passar de 40 para 84%, ou 90,4% se a produção fosse feita pela Petrobrás, de modo a garantir essa riqueza da ordem de US$ 20 trilhões de dólares para o seu verdadeiro dono, o povo brasileiro. A propósito, a mídia conservadora esconde uma história nebulosa. Em 1954, a Petrobrás, recém criada, contratou o americano Walter Link para chefiar o departamento de pesquisa da estatal. Mister Link tinha uma frondosa folha de serviços como descobridor de petróleo. Tal visitante ilustre ficaria famoso em 1960 quando foi divulgado o relatório de pesquisa do território nacional. O “relatório Link” como foi conhecido, continha uma avaliação pessimista sobre a existência de petróleo no país, principalmente em nossas bacias sedimentares. Paradoxalmente, em 1963, depois de Mister Link deixar o país, pesquisadores soviéticos concluíram que o Brasil poderia ser auto-suficiente, e até exportar petróleo num futuro próximo. Quem sabe Mister Link esteja mandando de volta agentes disfarçados das grandes empresas, de modo a mapear novamente de forma errada nosso território, no melhor estilo mercantilista.
Victor Alberto Danich
Sociólogo
Victor Alberto Danich
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